domingo, 31 de maio de 2015

TRINDADE DO EQUILÍBRIO

                                  
   Sol e chuva, casamento da viúva.
   Já não é tão cedo, já passam das 7:30h e não mais sinto fome, afinal acabei de tomar o café da manhã. E que café! ...
   Olho através da janela e posso enxergar bem mais que os chuviscos que insistem em molhar os raios de sol que, determinados, fogem estrategicamente, escondendo-se e logo em seguida reaparecendo, numa espécie de brincadeira cósmica que sempre me fascinou.
   Enquanto observo, penso, e neste misto de integração minha com a natureza, posso, como já disse anteriormente, enxergar uma palavra que traduz um sentimento que venho também observando que acontece no cotidiano de todos nós.
   Refiro-me à banalidade que, como o sol bonito e acolhedor, vem se tornando trivial em nossas vidas, pelo menos cá pelas bandas do nordeste, induzindo-nos ao hábito da vulgarização das forças contentoras da rudeza que nos rodeia, permitindo que uma lavagem cerebral que acontece através da repetitividade, se torne comum, aleijando de forma indelével a capacidade humana de sentir fortes emoções que, afinal, são como medidoras e ao mesmo tempo limitadoras de impulsos.
    Cargas e mais cargas de tinta tenho usado ao longo de minha vida, tão logo percebi com nitidez as lutas que já se travava entre o ideal e o imponderável, optei em comparar com o sol e a chuva, numa analogia poética, até mesmo como proteção aos meus sentimentos que, teimosos como o sol, usam de todos os recursos que são necessários para driblar a chuva de sua insistente presença.
   A banalidade é viciante porque como todas as drogas que o homem é capaz de produzir, a princípio traz um bem estar reconfortante, mas infelizmente sempre tem um depois, e aí, tudo se complica, e o engraçado, o triste ou o deprimente, deixa de existir, abrindo espaço para: a vida é assim... o ser humano é assim... os políticos são assim... enfim, tudo passa a ser assim, acompanhado às vezes de um suspiro indefinido, talvez como mais um hábito cotidiano frente à banalidade dos comportamentos que de tanto serem repetidos, marketeiramente propagados, atravessam nossos neurônios e nem mais olham para as nossas emoções, e nesta invasão sistêmica contínua vamos sendo desfigurados no que possuímos de mais valioso, que é nossa consciência que a ciência ainda não tem um consenso de explicação sobre a sua origem, mas que quando bem centrada é capaz de ser um bendito sol de vida e liberdade na existência de qualquer um.
   Entre o Deus e o Diabo que reside em todos nós, salva-se o bom senso, o equilíbrio e a razão, matreirices valiosas que combatem com o banal.
   E como hoje é domingo, pé de cachimbo, volto para a cama, agora de barriga cheia.


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