Em dias como
os dessa semana em que aparentemente tudo fica meio que capenga e sem graça,
que coloco em funcionamento todo o mecanismo de tolerância que venho desenvolvendo
por anos a fio, onde passo a passo, fui aperfeiçoando a capacidade do direito
que os demais têm de agir, pensar e sentir de modo diverso ao meu.
E pensando
nisto, no aconchego do meu cantinho das reflexões, concluo que não é uma tarefa
das mais fáceis e talvez, por esta simples razão, a humanidade se estapeie
desde sempre.
O
reconhecimento pessoal da inexistência da verdade absoluta, seja lá do que for,
é sempre um desafio que a grande maioria sequer é capaz de pensar, quanto mais
mensurar.
Alguns até
podem crer que estão sendo humildes ao reconhecerem tais direitos e que respeitá-los,
seja uma capacidade dos bons de coração e talvez, em muitos casos, seja. Não
sei, afinal, existem tantos sentimentos conflitantes em meio a todos os tipos
de relacionamentos, que fica quase impossível, definir uma das infinitas
possibilidades que fazem as pessoas se calarem, engolir em seco e, etc.
Pensando em
tudo que vivenciei nesta semana, sou levada a reconhecer que na realidade, pelo
menos minha, o fato da inexistência das surpresas, em absolutamente tudo,
amenizou a vontade interior que implorou para fazer valer a minha opinião,
fazendo dela, verdade absoluta, mas se assim agisse, jogaria por terra, décadas
de exercício pessoal, abrindo espaço para a ignorância de quase tudo ou para a desfaçatez
de quem desconhece um simples comportamento de respeito humano.
Agora, sentada
em meu cantinho, ouvindo a chuva cair lá fora e podendo respirar este aroma de
terra molhada, mesclada com o sabor do chocolate quente que estou tomando, acho
que posso mandar “à merda” todos os sacanas com os quais precisei conviver, ativando
todo o meu arsenal de paciência e tolerância, porque, afinal, também sou filha
de Deus.
Então sorrio,
achando a vida como sempre bonita, acreditando sinceramente como Fernando Pessoa;
“Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.
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