quinta-feira, 4 de junho de 2015

AONDE?


Esta é a segunda lauda que me proponho a escrever neste feriado. Hoje,  me parece inútil escrever sobre qualquer coisa.
Após uma pausa, respiro fundo, e ao fazê-lo, ofereço descanso aos meus dedos sem, no entanto, tirar os estímulos dos meus neurônios que continuam tentando entender o porquê de tudo isto que estamos vivenciando e que, de tão absurdo, chega em alguns momentos a doer, sem que façamos verdadeiramente algo para reverter pequenas, médias ou enormes distorções que nos rodeiam.
Por que, apesar de estarmos sofrendo agressões contínuas, seja no nosso particular ou em grupo, nada fazemos de concreto?
Por que fechamos os olhos da razão e da lógica para hábitos e costumes que nos ferem de forma grosseira por todo o tempo?
Por que fingimos que está tudo bem, quando o mundo moderno traz consigo molduras de aprisionamento, onde a necessidade em ser a gente mesmo, está a cada dia mais impossível, já que o politicamente correto está também a cada momento mais opressivo?
Achava que havia vivido anos de grandes transformações nas décadas de sessenta e setenta, mas pensando hoje, apenas foram décadas que escancararam as portas para um futuro que tinha pressa de chegar para que pudessem novos costumes adentrarem sem qualquer cerimônia, matando, principalmente, uma doce e singela ingenuidade que nutria sonhos, ilusões que inspiravam um bendito romantismo, que mesmo tendo na sua constituição, preconceitos e hipocrisias, ainda eram capazes de manter intactos, infância, adolescência, família, religião, tradição cultural e, principalmente, o mínimo de respeito pelo outro, pela vida.
Desculpe a franqueza, mas sinto muita falta desta hipocrisia dos tempos passados, pois só leio e ouço, na maioria das vezes, uma nova e assustadora hipocrisia do “está tudo bem”, porque se assim eu não agir, no mínimo serei sacrificada até mesmo por quem no silêncio de seu íntimo, concorda comigo.
Falamos e vivemos o que a minoria determina de forma arrogante e, como uma maioria desgovernada, avançamos a cada instante para o vazio de nós mesmos.
É assim invadidos em nossas caminhadas existenciais que nos sentimos, mesmo que não tenhamos coragem ou consciência de admitir, enquanto um modernismo cruel transforma tudo a seu bel prazer, matando etapas e valores que trouxeram o mundo e a humanidade até pouco tempo atrás.
Modernismo de valores, tecnologias avançadas, ciências de ponta, que em nada contribuem para que nos tornemos pessoas melhores, justo para que não fechemos os olhos, numa covardia sistêmica, fingindo que tudo é normal, enquanto enxergamos com os olhos medrosos de nossas consciências etapas de vida sendo destroçadas, através de nossas crianças e jovens, numa jornada de vida que não leva a nada de bom, além da grosseria da violação de direitos.
Pergunto a cada um de nós:
Onde se encontra a infância que nos amparou?
Onde se encontra a adolescência que nos induziu aos sonhos?
Onde se encontra a família que nos estruturou?
Onde se encontra o convívio respeitoso que nos ensinou a amar?
Onde estão as nossas instituições, ética e deveres?
Se abrimos mão de tudo isto, como podemos esperar, direitos?



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