Esta é a
segunda lauda que me proponho a escrever neste feriado. Hoje, me parece inútil escrever sobre qualquer coisa.
Após uma
pausa, respiro fundo, e ao fazê-lo, ofereço descanso aos meus dedos sem, no
entanto, tirar os estímulos dos meus neurônios que continuam tentando entender
o porquê de tudo isto que estamos vivenciando e que, de tão absurdo, chega em
alguns momentos a doer, sem que façamos verdadeiramente algo para reverter
pequenas, médias ou enormes distorções que nos rodeiam.
Por que,
apesar de estarmos sofrendo agressões contínuas, seja no nosso particular ou em
grupo, nada fazemos de concreto?
Por que
fechamos os olhos da razão e da lógica para hábitos e costumes que nos ferem de
forma grosseira por todo o tempo?
Por que
fingimos que está tudo bem, quando o mundo moderno traz consigo molduras de
aprisionamento, onde a necessidade em ser a gente mesmo, está a cada dia mais
impossível, já que o politicamente correto está também a cada momento mais
opressivo?
Achava que
havia vivido anos de grandes transformações nas décadas de sessenta e setenta,
mas pensando hoje, apenas foram décadas que escancararam as portas para um
futuro que tinha pressa de chegar para que pudessem novos costumes adentrarem
sem qualquer cerimônia, matando, principalmente, uma doce e singela ingenuidade
que nutria sonhos, ilusões que inspiravam um bendito romantismo, que mesmo
tendo na sua constituição, preconceitos e hipocrisias, ainda eram capazes de
manter intactos, infância, adolescência, família, religião, tradição cultural e,
principalmente, o mínimo de respeito pelo outro, pela vida.
Desculpe a
franqueza, mas sinto muita falta desta hipocrisia dos tempos passados, pois só
leio e ouço, na maioria das vezes, uma nova e assustadora hipocrisia do “está
tudo bem”, porque se assim eu não agir, no mínimo serei sacrificada até mesmo
por quem no silêncio de seu íntimo, concorda comigo.
Falamos e
vivemos o que a minoria determina de forma arrogante e, como uma maioria
desgovernada, avançamos a cada instante para o vazio de nós mesmos.
É assim
invadidos em nossas caminhadas existenciais que nos sentimos, mesmo que não
tenhamos coragem ou consciência de admitir, enquanto um modernismo cruel
transforma tudo a seu bel prazer, matando etapas e valores que trouxeram o
mundo e a humanidade até pouco tempo atrás.
Modernismo
de valores, tecnologias avançadas, ciências de ponta, que em nada contribuem
para que nos tornemos pessoas melhores, justo para que não fechemos os olhos,
numa covardia sistêmica, fingindo que tudo é normal, enquanto enxergamos com os
olhos medrosos de nossas consciências etapas de vida sendo destroçadas, através
de nossas crianças e jovens, numa jornada de vida que não leva a nada de bom,
além da grosseria da violação de direitos.
Pergunto a
cada um de nós:
Onde se
encontra a infância que nos amparou?
Onde se
encontra a adolescência que nos induziu aos sonhos?
Onde se
encontra a família que nos estruturou?
Onde se
encontra o convívio respeitoso que nos ensinou a amar?
Onde estão
as nossas instituições, ética e deveres?
Se abrimos
mão de tudo isto, como podemos esperar, direitos?
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