quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Um enterro a cada instante

  Quieta, aqui sentada diante do notbook, penso que ao longo dos últimos 46 anos já escrevi sobre quase tudo que pude observar em minha trajetória de vida. Nossa! São quase cinco décadas e eu ainda percebo que pouco escrevi, frente a diversidade de assuntos, sendo a maioria totalmente estranho ao meu alcance de conhecimentos. Alguns desses assuntos, eu adoraria  poder escrever, como por exemplo sobre as células tronco, neste avanço fantástico da medicina, ou sobre arquitetura e paisagismo, assuntos pelos quais me interesso desde a juventude, também escreveria com prazer sobre os esportes radicais, pois me fascina a ousadia daqueles que os praticam.

No entanto, escrevi sobre a vida e também  sobre a morte, escrevi sobre DEUS e até sobre o DIABO, escrevi sobre o amor e também sobre a falta dele, e neste vai e vem de letrinhas e palavras, arrisquei  até escrever poemas, fazendo de mim,  então, uma sonhadora quase que perdida em meio a tantas mudanças  conceituais, que não me deram  tempo habil  para assimilar.

Confesso que na maioria das vezes, sinto-me absolutamente solitária, olhando em torno de mim mesma sem compreender o que é certo ou o que é errado nos dias atuais, e enquanto comparo com os parâmetros recebidos lá no passado e com os quais trilhei minhas passadas, sei que perco espaço, me confundo e  quase nada entendo. Então, vou escrevendo ciente e consciente de que me é impossível reverter o curso das mudanças, e enquanto tento, de certa forma acompanho , mesmo que aturdida, os enterros de meus valores.

Penso, assim, que escrevo há tanto tempo que até poderia achar meus escritos meio arcáicos, mas se assim fosse não restaria memória, tudo seria sempre novo, sem passado e sem passadas. Bendito seja  este  meu dom de registrar todas as mudanças,  deixando  eternos os  velhos e novos valores para que uns  os assimilem e outros possam, tão somente como eu, registrá-los sem sequer compreendê-los.

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