quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A PONTE e os LERO-LEROS

A criatividade humana é realmente fascinante em buscar, por todo o tempo, razões para continuar fazendo crer individualmente, mas com conotação coletiva, que isto ou aquilo deve ou não deve acontecer, por esta ou aquela razão, sempre, observem, sem contrariar palpávelmente, qualquer interesse pessoal, como por exemplo: A PONTE.
Critico uma ação do governador do estado e até do presidente, mas sou incapaz de fazer uma crítica que seja do prefeito ou dos vereadores, que prejudicam a mim e aos meus vizinhos por todo o tempo. Ofereço minha opinião pessoal a todos os lúdicos de meu cotidiano, deixando minha realidade ao léu .
Particularmente, apesar de não ser da "terra", revolto-me com o abandono ostensivo que acompanho dia-a-dia nos últimos oito anos em todos os setores desta ilha maravilhosa, particularmente em Itaparica, onde resido, promovido na maioria esmagadora das vezes, justo pelos nativos, com ou sem qualquer tipo de poder.
Venho acompanhando desde as manchetes sensacionalistas dos jornais e TVS da capital, até as infindáveis reuniões do primeiro, segundo e terceiro setores, sem que se registre um só acontecimento que realmente venha a favorecer a população, pelo menos com a sistematização e continuidade com que foram propostas, e, quando acontecem, são drasticamente destruidas na gestão que se sucede, fazendo doer o coração de quem calado a tudo assiste, e, no entanto, curiosamente, ninguém lê, ouve ou assiste alguém fazendo campanha defensória.
Dia após dia, coisas do arco da velha, absurdos inconcebíveis pipocam e se estabelecem como verdades incontestáveis e não se ouve uma só voz contestadora, preferindo os formadores de opinião permanecerem surdos, mudos e principalmente cegos às vergonhas, aí sim, que estão a cada instante, não só destruindo toda esta maravilha, como aliciando e corrompendo crianças e adolescentes a crer que toda esta hipocrisia vergonhosa é o certo, é o correto.
Violência, vagabundagem, falta de sossego, destruição de mangues e rios, poluição de praias, devastação de matas, doenças e epidemias, fome e miséria, lixo e sujeira por todos os cantos, não são necessáriamente resultado da natural evolução e crescimento de uma cidade, no entanto, a omissão dos supostos pensantes e influenciadores da opinião pública, fazem-se cúmplices desalmados, mas espertos o suficiente para colher, ou pelo menos preservar, suas benécias pessoais.
E aí, são contra ou a favor sem qualquer alma verdadeira de interesse, que não seja primeiro o da vaidade pessoal aliada ao desejo momentâneo de permanecer se dando bem de alguma forma. Enquanto as pessoas se calarem diante de seus proprios sofrimentos em prol de garantir seja um contrato, um emprego, uma não transferência, um bom relacionamento ou simples aplauso, a Ilha ou qualquer outro local que visivelmente está sendo destruido pela ação desavergonhada de alguns poucos, sob a proteção burra ou alienada de muitos, permanecerá apenas sendo alvo de lero-leros banais e criminosos, que aprisionam milhares de criaturas em celas escuras da ignorância, no mínimo, cidadã.
Nossa linda Ilha, que deveria ser orgulho de cada morador, fosse nativo ou não, através de ações públicas, pouco a pouco, atola-se nos poços do abandono pelas gestões que se apresentam, não precisando de PONTE ou de quem quer que seja de FORA, para destrui-la.
Diante destas minhas afirmações, não faltarão ferrenhos defensores desta vergonha pública, apresentando imediatamente, meia dúzia de "açõeszinhas" Zé Manés, mais que necessárias, feitas pelas metades em sua maioria, projetos governamentais com verbas adocicadas para saciar bocas e consciências .
Por esta razão, recuso-me a continuar a plaudir o implaudível, assim como entristeço-me a cada instante quando converso com adolescentes, que apesar de terem concluido o segundo grau, mal sabem ler e escrever.
Quando passo pelo colégio de tempo integral e vejo a piscina destruida, quando vou aos postos de saúde e ouço as infindáveis reclamações de mulheres e homens sofridos e sem qualquer chance de serem ouvidos, seja lá ou por quem for, e tantas e tantas mazelas que registro no meu dia-a-dia de cidadã itaparicana e editora do jornal VARIEDADES, a raiva cresce.
E aí, o FERRYBOAT continua a ser mais um problema sério a ser resolvido, mas dar a ele a responsabilidade deste retrocesso político, cultural e humano, ME POUPEM e se POUPEM , pois um dia a casa cai. De repente, o custo benefício na criação da ponte, represente exatamente a queda da bastilha dos atuais incautos governistas, trazendo cobras, não resta a menor dúvida, mas pelo menos mais inteligentes, oferecendo no mínimo esperança com renovação de egos, como já ocorreu em tantas outras localidades, onde perdeu-se algo, mas o povo ganhou em qualidade e dignidade de vida. Porque, dependendo do ângulo que se enxergue, qualidade de vida pode ser somente ter o direito de comer três refeições a cada dia.
Mas qual o importante ou formador de opinião antenado e descolado que pode avaliar tamanha carência, além dos limites de seus discursos?
Acreditem, são raros.
Se a violência na ILHA está aumentando, devemos agradecer a cada um de nós mesmos por sermos covardes e burros em aceitar tamanhos desmandos. A comida que nos alimenta é resultado de nosso plantio, mas que é mais cômodo transferir a responsabilidade prá outro, não resta a menor dúvida.
Uma cidade que é berço de um Jõao Ubaldo Ribeiro, de um Ernesto Carneiro Ribeiro , de uma MARIA FELIPA e de tantos outros ilustres, cantados e aplaudidos, não pode e não deve se curvar a tamanho abandono físico e emocional.
Há quem diga que burra sou eu, que não consegui em todos estes anos uma só verba que ajudasse a manter o jornal mensalmente. Talvez eu realmente seja, mas se ao contrário fosse, seríamos apenas mais um a comer da marmita, já tão minguada e repartida.
Como poderíamos estar defendendo justiça social se alimentado estivéssemos com o pirão da vergonha?
É ..., burra sistêmica com certeza sou, mas que eu amo esta terra, isto ninguém pode negar, e que luto para vê-la menos doída, ah!, com certeza esta é outra verdade, e que não darei mais visibilidade para gaiato, podem apostar.

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