quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

BUSCANDO, SEJA LÁ O QUE FOR

A compulsividade em estar por todo o tempo em atividade, leva as pessoas a desconsiderar o aqui e agora, que pode ser surpreendente e repleto de emoções.
Entretanto, buscamos sempre o diferente e o mais assustador é que, na maioria das vezes, estamos frente ao emocionante e sequer percebemos, pois nossa insaciável necessidade em permanecer correndo atrás de um desconhecido, supostamente espetacular, é sempre mais envolvente.
Este comportamento sistemático acontece em qualquer atividade em que nos dediquemos, mas é justo quando viajamos, seja de férias ou em um simples final de semana, que fica evidente nossa total cegueira de reconhecimento.
Como ávidos ursos após meses de ibernação, saimos em busca do imaginável em um apetite voraz por novidades.
Geralmente nos frustramos, já que nada, em tempo algum, é capaz de suplantar as nossas mais alucinantes perspectivas. Esta postura comportamental sempre fez parte da natureza humana, no entanto, após a segunda guerra mundial, década após década, foi tomando conta das pessoas e levando-as a se sentirem compulsivamente desejosas e não necessariamente necessitadas, o que representa uma enorme diferença intencional e impulsionadora , que vem alterando significativamente o comportamento da criatura com ela mesma e de sua visão e compreensão de tudo quanto sinta e vivencie.
As alterações posturais, são resultado das metamorfoses emocionais, oríundas de um cem número de novos conceitos culturais, que se globalizaram indiscriminadamente, deslocando-se de seus locais de origem e adentrando sem qualquer licença prévia nas culturas alheias, causando desastres emocionais sem precedentes, que se espressam através de atos sociais de um cotidiano que, à primeira vista, até podem ser confundidos com evolução postural, mas que na realidade é antes de qualquer análise um atropelo sistêmico, gerador de outro cem número de fobias, compulsões, enfim, de distorções, plausíveis de serem classificadas como anomalias dos tempos modernos, que por sua vez, produz outro cem número de doenças físicas, somatizadas ou não, que ostentam a prerrogativa de possuirem o estatus de patologias dos tempos modernos.
O planeta está adoecendo a olhos vistos, as pessoas estão adoecendo, nunca em tempo algum, dispensou-se tantos recursos preventivos e remediadores e, ainda assim, a cada dia, mais e mais é possível observar-se as profundas e dolorosas transformações que surgem como pedidos de socorro em sinais de alerta, e para constatar, basta observar ao redor, na rua, no bairro, na cidade, no país, noutras localidades, mas principalmente em nós mesmos e naqueles que fazem parte de nossos universos pessoais de convivência.

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