segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

PAPO FURADO

Hoje, como a muito não acontecia, estou me sentindo ansiosa, inquieta, sem paciência, com vontade de ficar quietinha, sem escutar quem quer que seja, e por mais que respire profundamente, não melhoro, e, então, recorro as minhas letrinhas, buscando um pouco de solidão, mas qual nada, parece que o mundo inteiro precisa de algo de mim, em um chacoalhar de perguntas que sinceramente estão me colocando louca nesta tarde de segunda–feira nublada, em que preciso recorrer a tudo que aprendi em relação a regeneração emocional, para, assim, quem sabe, relaxar um pouco.

Estou pensando se isto acontece com todo mundo em qualquer idade, ou mais frequentemente quando se está mais velho, em uma espécie de cansaço. Por falar nisso, lembro-me agora de DONANA, uma senhorinha maravilhosa, avó de meu marido, que conversando certa feita comigo, afirmou:

- Estou cansada de viver, minha filha.

Assustei-me, afinal ela era sempre tão cheia de energias, alegre, que me pareceu sem qualquer sentido, aquele desabafo. Pensando nisto, já não acho assim tão esquisito, pois confesso que em alguns momentos, como o de hoje, o desânimo que me fisgou poderia, sim, ser interpretado como um enorme cansaço de viver.

Pois é…, escrevendo estas coisas tão íntimas de minhas emoções, corro o risco de pensarem que estou deprimida, e isto não é verdade, afinal só estou cansada, precisando de um pouco de sossego, desejando ardentemente que meus filhos e meu marido, catem coquinho e me deem um tempo, por menor que seja, sem serem forjadamente tão dependentes. Sim, pois se eu adoecer ou morrer, logo eles darão um jeito de cuidarem de si mesmos, sem tantos: mãe faz isto, onde está isto, preciso daquilo e etc e tal, não esquecendo do marido, da loja, dos empregados, das contas, dos amigos que não dou atenção, dos emails que não respondo e até dos telefones, que, definitivamente, risquei do meu convívio, que insistentes tocam e eu teimosa não atendo, mas ainda assim  eles ressoam em meus ouvidos.

Olho no espelho e constato que preciso urgente perder uns quilinhos, bem, muitos, comprar umas roupinhas novas, talvez escurecer um pouquinho o cabelo, passar com mais frequência um batonzinho, comprar o “Anais Anais”, que acabou semana passada, bem, é melhor eu parar por aí, afinal se eu continuar a olhar demais, certamente corro o risco de beirar a depressão, porque sem dúvidas o mais urgente, a meu ver, são as rugas e a maldita papadinha do queixo, ítens inexoráveis com os quais tenho de conviver, fazendo de contas que é absolutamente natural.

Natural , uma ova! Sou mlher, e vaidosa, e este troço de idade atinge fundo, e como todas as demais queria não ter que envelhecer. Que papo furado este meu, heim!?

Um comentário:

  1. Ah, como é terrível envelhecer!
    Você se parece muito comigo, Regina.
    Seus textos são fantásticos!
    Já pensou em escrever crônicas?
    Beijos,
    Nieta.

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