quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

TUDO QUE NÃO POSSO SER

Quando falo sobre o horror da banalidade que ora nos assola, sinto dor física, talvez para expressar toda a minha incompreensão em relação a esta postura social que, ao longo dos anos pós ditadura, foi invadindo sorrateiramente as pessoas, levando-as a crer que tudo é válido na defesa de seus interesses, jogando por terra todo e qualquer resquício de sei lá o que, afinal, já não sei bem como me expressar sem correr o risco de ser, no mínimo fora, de moda.

Aquelas posturas antigas de decência, honestidade, respeito, nos dias atuais foram colocadas em esferas totalmente discursivas e usadas como fina mão de verniz para fazer-se de conta que nada mudou, mas na realidade tudo mudou, e como papel solto ao sabor do vento, bailo neste espaço social, buscando pouso seguro por quase todo o tempo.

Como afirmei, chego a sentir dor frente a desfarçatez, assim como um medo terrível em me ver contaminada em meio a este surto cruel, que não poupa ao descuidado, seja ele quem for, tenha a idade que tiver, seja doutor ou um simples peão.

Nesta manhã, experimentei o risco do contágio e, felizmente, saí ilesa, mais do que isto, ganhei um pouco mais de serenidade ao constatar mais um horror desta convivência adoecida.

Penso, então, no quanto sou privilegiada por ter recebido parâmetros de vida e liberdade, que de tão fortes e, portanto, resistentes, suportam as pressões, os medos e as incompreensões, me fazem se não compreender, pelo menos enxergar tudo quanto não me permitirei ser.

Um comentário:

  1. Cada vez mais, fico encantada com o que escreve!Perfeita reflexão!

    Abraços,

    Antonieta

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