terça-feira, 12 de janeiro de 2010

IMAGENS PESSOAIS

Ontem, no final da tarde, ao chegar em casa, ainda na varanda, abraçei o meu marido como se quizesse estreitar em meus braços toda uma vida que com ele vivenciei.

E foi neste instante bendito que desfilou em minha mente a imagem de dois lindos jovens, também abraçados, distribuindo à vida sorrisos que ao despertar do encantamento, reconheci sermos nós mesmos, 42 anos depois, reproduzindo a mesma cena com a mesma paixão. Dos olhos brilhantes, deixei rolarem gotas de lágrimas pela pura emoção de me sentir amparada, e aí, penso, que por toda a minha vida, jamais senti por um minuto sequer a presença fria da solidão, mesmo nos raros, mas existentes momentos em que me vi sozinha, aparentemente solta à revelia. No entanto, em meio a toda esta envolvente emoção, como um tsunami, a presença da morte se fez presente, não como um espectro nebuloso e apavorante, mas como um mar de ondas espumosas, marolando em volta de minha mente, fazendo-me acordar para a realidade do espaço de tempo que nos separa para, afinal, nos encontrarmos em definitivo.

Passo, então, as mãos pelo meu rosto, respiro fundo, falo alguma coisa com o meu velho companheiro, como gosto de chamá-lo assim carinhosamente, e me sento na cadeira de balanço, repousando a cabeça nas almofadas, tendo a meus pés meus três amiguinhos, Toy, Moby e Tita, sempre fiéis escudeiros desta senhora apaixonada pela vida.

Não sei exatamente quanto tempo permaneci quieta com meus olhos repousando sobre as cores do jardim a minha frente, tendo como pano de fundo a orquestração dos pássaros, visitantes da tarde.

Nada pensava nestes instantes de extremo prazer, todavia, percebo que de um tempo para cá, o mar revolto se faz presente, talvez para não me deixar esquecer o quanto é fugaz o ato de se estar vivendo e que nada, absolutamente nada, nem sequer o receio em encontrá-la, assim de repente, vale o risco de colocá-la em risco.

Um comentário:

  1. Ler esse texto me fez lembrar q alguns sentimentos
    são por toda vida e q muitas pessoas os carregam dentro de sí mas deixam o adormecer ,em um repolso que póde durar por toda vida...
    E essas pessoas acabam simplemente por passar pela vida.
    como disse Sartre Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão.

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