Como pensadora social, observadora constante das posturas, sejam físicas ou emocionais, ao longo de quase toda a totalidade de meus anos já vividos, acreditem, ainda me surpreendo com a surpreendente capacidade humana em diversificar-se na busca constante de adaptar-se a um sistema que, em sua maioria, se encontra absolutamente em dicotonia de suas reais e individuais necessidades pessoais, justificando a si mesma tamanha opressão ao fato notório da necessidade em conviver e sobreviver, sem se aperceber, de forma lúcida, que por quase todo o tempo não está vivendo, pelo menos no tocante a compreensão maior de a estar sorvendo mais conscientemente dentro de parâmetros mais harmoniosos e condizentes às suas aspirações de realização emocional, confundindo-se por todo o tempo, crendo que “coisas” conquistadas sejam por si só capazes de aliviar a profunda carência, que, aí sim, percebe existir em algum lugar de sí mesmo que o mantém, ora sismemático, ora frustrado, ora triste ou, no mínimo, com um sentimento constante de vazio existencial, onde nada é capaz de aplacar.
Fui desenvolvendo teses por todo o tempo, buscando no todo universal e basicamente nas vidas diferenciadas da natureza próxima de cada um de nós, como a força do sol, das chuvas, dos raios e das tempestades, dos aromas diferenciados das flores e frutos, da terra quando molhada, da diversidade das cores da grandeza das matas, dos sabores singulares produzidos por esta mesma natureza, isto sem esquecer toda uma bio-diversidade, impossível de ser catalogada em sua infinita potencialidade, toda uma correlação absolutamente interligada, na tentativa de encontrar um entendimento da interagibilidade que certamente existe, pois não seríamos nós, seres únicos desassociados deste contexto tão completo. E como somos, como buscar o equilíbrio emocional e físico neste manancial tão complexo de uma forma totalmente natural, baseando-me na simplicidade fundamentalista de cada potencialidade possível, por nós humanos, de sentir.
E aí, percebi o primarismo do óbvio, quando esbarrei no princípio básico do ato de viver, que é a capacidade respiratória.
É tão absurdamente simples que assusta e na maioria das vezes desconsideramos, como o fazemos a tudo que é repetitivamente mecânico, só despertando para a importância fundamental, quando por alguma razão, que foge ao nosso controle pessoal, nos falte por um segundo que seja. Percebemos, então, o quanto somos dependentes e responsáveis pela sua qualidade e bom uso em nós.
Descuidamos de forma sistêmica e absurdamente alienadora de tudo quanto nos é fundamental para a sustentabilidade de nossas próprias vidas, em atitudes corriqueiras de pouco caso ignorante.
Ouvimos, comemos, bebemos, nos drogamos, destruimos a cada segundo todos os nossos sentidos em atitudes irracionais ao bom equilíbrio fisico e mental e ainda cremos que somos os tais, os bam-bam- bans do pedaço, porque somos ou conquistamos isto ou aquilo, e aí, de repente, sem qualquer aviso prévio, a vida nos manda um sinal que em muitas ocasiões é tão somente um adeus.
Dizemos, então, que a vida é assim e que Deus sabe o que faz. Não posso crer que estou nesta vida para que um Deus decida por mim quando devo deixá-la, ou o quanto devo sofrer enquanto nela.
Creio, sim, que dela sou responsável e que é a mim que ela pedirá satisfações ou aplicará sanções, portanto, é preciso dar um basta nesta história da carochinha, muito boa apenas para tirar de nós as obrigações e responsabilidades quanto a qualidade que deveríamos oferecer a ela, vida, abrindo por todo tempo espaço para que a tratemos como coisa comum, e viver precisa ser encarado como um prêmio conquistado através da grandeza da interabilidade da vida com a própria vida em um ciclo fantástico de renovação, onde o ato de inspirar e expirar se transforma em um contínuo abastecimento, cabendo a nós, espertos seres humanos, o cuidado amoroso em selecionar os nutrientes capazes de nos fortalecer.
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