Nasci num dos lugares mais lindos e comentados no mundo, afinal, Leblon e Ipanema, não é para quem quer e sim, para quem pode e eu, graças a Deus, pude, daí, com certeza, advém o meu apurado bom gosto, afinal, cresci cercada do requinte geográfico, adornado por uma vizinhança que poderia e certamente tinha defeitos e dores, mas PQP, sabiam exalar charme e elegância, além, quando necessário, um sonoro palavrão.
Porém, descer do salto, jamais...
Todavia, talvez por serem o que eram por tradição, num misto de tupiniquins e europeus, também eram absolutamente simples, no trato cotidiano com os demais, priorizando com uma discreta distância, a gentileza, a solidariedade e a simpatia.
Todavia, como toda autêntica carioca dos velhos tempos, “meia boca” não me cabe em absolutamente nada, optando sempre pelo original, bem estruturado na grandeza de si mesmo, seja lá, onde for, portanto, jamais eu teria, viveria ou seria, em circunstâncias que não me fossem reais, afinal, sou o que sou sem máscaras ou falsos cenários em qualquer lugar ou circunstância, já que o absorvido, sempre permanecerá em mim.
Vontade de voltar a morar no Rio de Janeiro, nem pensar, afinal, em infinitos aspectos é insuperável, mas, há muito já não é o mesmo, nem nos redutos por mim exaltados, a elegância se marginalizou e o charme se estereotipou, restando muito pouco de sua originalidade, sobrando apenas, o dinheiro e a ostentação como modelos de requinte.
Até, tentei em 1992, mas foi o mesmo que comer comida requentada, pode até matar a fome, mas jamais terá o sabor de quando fresca, e como no meu caso em especial, suporto bem a fome, optei em apenas recordar, já que as lembranças não precisam ser requentadas.
Nestes últimos dias, confesso que estou sentindo uma pontinha de saudades de um Rio de Janeiro, berço expendido de minha infância e adolescência e até, fico pensando que só mesmo as delícias de minha Itaparica, são capazes de adoçarem este coração saudoso.
Tudo por aqui é absolutamente diferente e ao mesmo tempo, incrivelmente aconchegante, rumando minhas memórias para Guapimirim, refúgio que consolidou o meu jeito de ser, tornando-me apaixonadamente encantada pelo simples, belo e original, assim, como perspicaz para desnudar o camuflado, disfarçado com as falsas aparências.
Regina Carvalho- 30.11.2024 Itaparica
Posto Dez em Ipanema, de onde com meu baldinho de criança, fui capaz de levar o cheirinho da maresia e o meu fascínio pelo mar, para qualquer lugar.
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