Acordei tendo em mente a imagem de um “Tornado” solitário destruindo tudo à sua volta e em seguida a do fotografo “Sebastião Salgado”, na solidão agregativa de suas imagens.
Pensei...
Qual seria a relação e durante um tempinho, deixei que a memória deixasse aflorar imagens de ambos, enquanto meus olhos, fitavam o teto do quarto, fazendo dele, tela.
E neste interim, outras imagens se formaram em flashes rápidos de mim, ora criança, ora adolescente e assim por diante, trazendo-me mais confusão do que qualquer dica, sobre por onde começar a correlacionar o que até então, para mim, estava sendo um quebra-cabeças.
Então, como de hábito, fechei os olhos, respirei fundo algumas vezes, levantei-me e foi neste exato momento que entendi sobre o que eu deveria escrever, afinal, se um tornado é poderosamente devastador, assim como pessoas com as quais convivemos, mentes frenéticas e determinadas a abrirem seus próprios caminhos, sendo capazes de levantarem mais que poeira e detritos, obrigando o tudo mais, a buscar refúgio para sobreviver a sua passagem, também pode sê-lo ao inverso, como Sebastião Salgado, sendo tão minuciosamente forte e criativo que fez desabrochar de si, forças agregadoras, fazendo o tudo mais, parar para admirá-lo ou simplesmente, se deixar fotografar.
Penso, então, nas correlações entre os humanos e as forças da natureza, não só possíveis de serem identificáveis através de suas ações, como delas constatar-se seus efeitos, mas acima de tudo, perceber-se o quanto os diferenciais racionais, emocionais e psíquicos são capazes de forma absolutamente individual, captarem, inspirarem-se e moldarem-se de acordo com suas essências, que como raízes fortes e profundas, são determinantes quanto, a potência, resistência, mas acima de tudo, quanto à capacidade produtiva ou destrutiva em interagirem com o tudo mais.
Lembro de Mateus 7-17 a 20 que diz:
“Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”.
Penso que um tornado por não ter alma e muito menos emoção, em algum momento, perde a força e se esvai, não sem deixar o registro material e emocional de sua devastação, nas memórias ou nas fotografias de um gigante como Sebastião Salgado, representante de infinitos outros que mesmo anônimos, são capazes de com as suas delicadas, poderosas e determinadas forças sensitivas, sempre ativas e capazes de identificarem as mais adequadas luzes e ângulos para o foco do acaso ou escolhido, mesmo em se tratando do registro de um devastador tornado, reforçando a eternização da sempre realidade da vida, mesmo em meio ao caos.
Os pássaros chegaram antes do dia clarear, parecendo a mim, um tanto tímidos...
Será que mais sensíveis que eu, pressentem uma chuvinha a caminho?
Observar os movimentos da vida e no quanto, os humanos nela buscam as suas afinidades, fazendo dessas, seus determinantes, mais que curiosidade, é mais uma forma de sentir, buscando compreender o sentido da própria vida.
Regina Carvalho- 17.9.2024 Itaparica
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