sexta-feira, 6 de setembro de 2024

NUNCA...

De repente, percebo que neste amanhecer de sexta-feira, o sol está atrasado e nós, os pássaros e eu, desde mais cedo, aguardamos, cada qual, fazendo o que sabe, eles cantam e me encantam e eu, os observo e tento aprender um pouco mais, registrando suas aulas  existenciais, totalmente diferenciadas, mas absolutamente integradas a vida, a fim de muito mais que apenas existirem, porque, afinal, encantam, polinizam, se reproduzem, transformando o espaço que ocupam, em legítimos viveiros de ensino e aprendizado a céu aberto.

Mas somos nós, os sabichões humanos que cremos saber de tudo...

Estamos sempre com tanta pressa em sermos os donos de infinitas quinquilharias ao ponto de nos esquecermos, que se os pássaros nos encantam com suas cantorias e belezas, fazendo-nos até nos esquecer dos cocos, penas e ninhos secos nas varandas e calhas, enquanto nós, inúteis e enraizados sábios enjaulados, cagamos, ressecamos e fenecemos, sem sequer termos vivido a concepção mais primária da expressão, liberdade.

O sol, neste instante apareceu, eu presencio e os pássaros também, eles cantam e eu escrevo e a este momento mágico me integro, sentindo-me, um pássaro também...

O que me impediria, mesmo cercada das grades das violências sistêmicas?

Sua estupidez em não saber ou temer voar.?.

Nunca...

Regina Carvalho-6.9.2024 Itaparica



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