Cala-te cão do vizinho, deixe-me ouvir o galo a distância, os grilos se despedindo e até mesmo, alguns Bem-te-vis, moradores da mangueira que creio, por causa de seus latidos, acordaram fora de hora, afinal, são 4.30 h deste amanhecer, ainda aconchegante e escurinho.
Psiu, deixe-me acompanhar os detalhes dos movimentos da vida em seu ciclo ininterrupto de vida, com a qual, me nutro, absorvendo as aragens fresquinhas que me banham em carícias, transformando instantes em eternidades...
Psiu, afinal, por tua causa, todos os pássaros da redondeza estão acordando e revoltados, migram para o meu jardim que por estar mais próximo de ti, são capazes de juntos, fazer-te finalmente calar.
E aí, esta minha mente insistentemente apaixonada, fecha-me os olhos, deixando-me indefesa aos beijos com sabor de manga rosa que uma brisa mais atrevida me presenteia.
Quando, finalmente os abro, o bendito céu já se encontra claro, o galo se calou e os pássaros, agora serenos, serpenteiam pelo jardim, cada qual, não me deixando esquecer que a vida pode sempre ser bonita, a depender das cores e sabores que silenciosamente queiramos lhe oferecer...
Ouço Debussy- Clair de Lune, sempre adequada ao ritmo do raiar de um novo dia.
Regina Carvalho- 18.9.2024 Itaparica
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