Hoje, neste sábado de janeiro, precisamente as
9.30hs, contrariando os hábitos em escutar música clássica, somente nos finais
de tarde, optei em começar o meu dia, deixando fluir em meus ouvidos e alma, a
doçura dos grandes compositores, não sem antes escutar algumas lindas canções
de Geraldo Azevedo, então deduzo que comecei bem o meu dia, buscando
qualidade...
E aí, talvez tenha sido neste quesito, aonde fui
tão celetista que provavelmente, tenha deixado de provar muitas delícias, mas
fazer o quê?
Minha natureza de tão livre, não poderia simplesmente,
perder-se no mundo, querendo alucinadamente de tudo sorver, não, justo por ser
livre, me dei ao direito de querer o melhor e então, não demorou muito para eu
perceber que o melhor se fraciona, impossível encontra-lo num único ser...
O que fazer diante desta constatação que de tão
real, qualquer pessoa pode ver, num apenas canteiro de flores, como escolher a
mais singela, a mais bonita, a mais cheirosa?
E de repente, pensamos que tudo poderia estar
numa só flor, talvez como as rosas, completas nas diversificadas cores,
tamanhos, texturas, aromas, mas ainda assim, lá estão os espinhos...
Delícia é pensar no tudo de bom que existe nesta
vida e que cada um de nós, tem a sua preferência, sua busca de qualidade
pessoal, sua identificação, seu carimbo de pertencimento.
Apesar de ainda muito cedo, já preparei um pudim
de leite para ofertar para uma amiga que simplesmente, adora e então, enquanto
o fazia ao som de boas músicas, as lembranças voltaram fortes como se querendo
sair da mente e se materializar.
Meu Deus, como eu amei...
Como esperar que pelo simples fato dele ter
partido, eu possa esquece-lo como num passe de mágica?
Impossível!
Enquanto eu viver e cozinhar um pudim, lá estarão
as lembranças de uma vida e de um amor.
Amor se cansa
Amor esfria
Amor se magoa
Amor fica ferido
Amor se cala
Amor não perdoa
Mas amor não morre.
Ele fica lá, num cantinho, sempre revivendo
através de alguma lembrança.
Amor é resultado de uma construção complexa e
mesmo que com o passar do tempo, as avarias venham a aparecer, algumas
dolorosas, impossíveis de serem esquecidas, ainda assim, quando a estrutura foi
bem alicerçada, o amor permanece, talvez abalado, mas não morto.
Portanto, amor que acaba, nunca existiu.
Fazendo o pudim, lembrei-me dos muitos saborosos que
fiz e ofertei, colocando em cada um deles, o melhor de mim.
Nesta manhã, esconder a minha saudade, está
difícil, deixo então, rolarem as lágrimas ao som de Debussy, esperando que os
acordes melódicos, - do piano penetrem em minha alma e delicadamente, a eu
possa finalmente, admitir que sempre em algum momento, o velho amor vai voltar,
dizendo, olá e nada mais...
Resistir para quê?
Melhor deixa-lo chegar sempre que quiser e
depois, apenas acenar, um até breve, pois ele vai voltar, quando menos for
esperado, através de uma lembrança qualquer de infinitas outras que se forjaram.
Amor não morre, apenas se distancia.
Quando muito, renasce em outro canteiro.
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