sábado, 16 de janeiro de 2021

O AMOR NÃO MORRE

 

Hoje, neste sábado de janeiro, precisamente as 9.30hs, contrariando os hábitos em escutar música clássica, somente nos finais de tarde, optei em começar o meu dia, deixando fluir em meus ouvidos e alma, a doçura dos grandes compositores, não sem antes escutar algumas lindas canções de Geraldo Azevedo, então deduzo que comecei bem o meu dia, buscando qualidade...

E aí, talvez tenha sido neste quesito, aonde fui tão celetista que provavelmente, tenha deixado de provar muitas delícias, mas fazer o quê?

Minha natureza de tão livre, não poderia simplesmente, perder-se no mundo, querendo alucinadamente de tudo sorver, não, justo por ser livre, me dei ao direito de querer o melhor e então, não demorou muito para eu perceber que o melhor se fraciona, impossível encontra-lo num único ser...

O que fazer diante desta constatação que de tão real, qualquer pessoa pode ver, num apenas canteiro de flores, como escolher a mais singela, a mais bonita, a mais cheirosa?

E de repente, pensamos que tudo poderia estar numa só flor, talvez como as rosas, completas nas diversificadas cores, tamanhos, texturas, aromas, mas ainda assim, lá estão os espinhos...

Delícia é pensar no tudo de bom que existe nesta vida e que cada um de nós, tem a sua preferência, sua busca de qualidade pessoal, sua identificação, seu carimbo de pertencimento.

Apesar de ainda muito cedo, já preparei um pudim de leite para ofertar para uma amiga que simplesmente, adora e então, enquanto o fazia ao som de boas músicas, as lembranças voltaram fortes como se querendo sair da mente e se materializar.

Meu Deus, como eu amei...

Como esperar que pelo simples fato dele ter partido, eu possa esquece-lo como num passe de mágica?

Impossível!

Enquanto eu viver e cozinhar um pudim, lá estarão as lembranças de uma vida e de um amor.

Amor se cansa

Amor esfria

Amor se magoa

Amor fica ferido

Amor se cala

Amor não perdoa

Mas amor não morre.

Ele fica lá, num cantinho, sempre revivendo através de alguma lembrança.

Amor é resultado de uma construção complexa e mesmo que com o passar do tempo, as avarias venham a aparecer, algumas dolorosas, impossíveis de serem esquecidas, ainda assim, quando a estrutura foi bem alicerçada, o amor permanece, talvez abalado, mas não morto.

Portanto, amor que acaba, nunca existiu.

Fazendo o pudim, lembrei-me dos muitos saborosos que fiz e ofertei, colocando em cada um deles, o melhor de mim.

Nesta manhã, esconder a minha saudade, está difícil, deixo então, rolarem as lágrimas ao som de Debussy, esperando que os acordes melódicos, - do piano penetrem em minha alma e delicadamente, a eu possa finalmente, admitir que sempre em algum momento, o velho amor vai voltar, dizendo, olá e nada mais...

Resistir para quê?

Melhor deixa-lo chegar sempre que quiser e depois, apenas acenar, um até breve, pois ele vai voltar, quando menos for esperado, através de uma lembrança qualquer de infinitas outras que se forjaram.

Amor não morre, apenas se distancia.

Quando muito, renasce em outro canteiro.

 

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