Passeando pelo meu pequeno jardim, parei em determinado ponto, bem debaixo da mangueira e num abraço apaixonado, enlacei-a, tombando minha cabeça sobre o seu caule centenário, como se Deus eu abraçasse, rogando a misericórdia de poder extrair de toda aquela fortaleza, um pouco que fosse de suas energias, sorvendo o cheiro da madeira ressequida, na esperança de nela me eternizar.
Bendita vida
que se renova, bendita certeza de forças que se recriam, na tenacidade de meu
amor e na vida e no desejo quase insano de me perpetuar através de um poema, de
um texto ou de uma apenas lembrança, através das vibrações energéticas que sou
capaz de sentir, percorrendo-me o corpo, clareando a mente, rejuvenescendo o
meu olhar sobre toda as grandezas contidas, num só pequeno jardim, numa só
mulher.
Meu jardim,
meu doce encanto, baú secreto de meus tesouros, de meus sonhos e deste meu amor
que me alimenta, com o mesmo vigor de quando emerjo das águas, tranquilas e
mornas de minha Ponta de Areia.
Volto a
caminhar e já posso sentir as brisas do final da tarde, fazendo farfalharem os
coqueiros, fazendo suas folhas bailarem, desenhando no céu, belas imagens em
negativo, encantando meus olhos, levedando a minha alma de apenas um ser
apaixonado, eternizando os instantes, fazendo deles pérolas de vida e liberdade.
Vida que
retenho amorosamente e liberdade que abusada, me dou ao desfrute de cultivar
entre o céu e a terra, num vasto canteiro bem regado de ideias e ideais, morada
segura para minhas borboletas e os meus sabiás, mensageiros fiéis e discretos
de meus segredos, de meus sonhos e desejos, do meu bem-querer ao tudo, simplesmente
por ele, apenas existir.
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