Borboleta
Se um dia eu fosse amada, como uma borboleta dourada no esplendor da natureza | Talvez quem sabe eu seria mais doce, mais encantada do que na verdade sou… | Talvez se tivesse a certeza de um amor verdadeiro, transformar-me-ia em um canteiro e quem sabe… Rosas daria!
Enquanto existirem pessoas desabrigadas ou mal abrigadas em palafitas,
casas de restos de madeira, lonas e até mesmo debaixo de pontes e viadutos, não
me venham defender nenhum político, nenhum judiciário, nenhum militar, enfim,
nenhuma força de poder dominante.
Não me venham falar de absolutamente ninguém ou entidade que consegue
conviver com o caos humano, com a degradação moral das cracolândias, espalhadas
em cada canto deste imenso país.
Não me insultem defendendo pessoas que poderiam fazer a bendita diferença,
educando, curando, amenizando os flagelos sociais, mas não o fazem, agarrados
que estão, às suas próprias vaidades.
Somos uma raça hipócrita, incoerente, medrosa, insegura, vaidosa,
prepotente, arrogante e extremamente burra, e imprimimos tudo isso e muito mais
em nossas intenções e ações, mesmo aquelas que se apresentam recobertas de
flores angelicais, para camuflar o piche ressequido de sua própria realidade.
Somos essencialmente maus e a nossa omissão frente às imponderáveis
diferenças que se apresentam no convívio sistêmico é a expressão dura e cruel
do que representamos como raça em meio às savanas sociais, que elaboramos e
mantemos com esmero satânico.
Nesta manhã linda de quinta-feira, acordei e imediatamente pude escutar a voz de minha mente soprando em meus ouvidos “ SER HUMANO”.
Lembrei-me de Zeca Pagodinho que lançou há anos atrás esta música, sem grande alcance de sucesso e, logo, tratei de ouvir, imaginem...As quatro da manhã.
Ai, ai, ai, dona Regina, só mesmo a senhora...
E não é, que a música é a representação de todos nós, já que de uma forma ou de outra, pelo menos tentamos ser em nossos cotidianos, um pouquinho deste ideal performático, tão bem expressado na letra desta canção.
Entretanto, como uma filósofa incansável, logo associei este ideal a nossa realidade de humanos que insistentes, desconsideram o fato concreto de que somos “seres”, cada qual com suas especificidades, mas todos incrivelmente com os mesmos objetivos de vida e liberdade.
Vida onde buscamos todas as benécias de nossas próprias realizações, em ritmos diferenciados e conquistas únicas, com as quais, nos regalamos, juntinho com as nossas afinidades.
Liberdade de escolhas e caminhadas, num respirar absolutamente autônomo.
Faltando tão somente, o senso da bendita humanidade que, quando existe e se estampa nos seres que nos cercam, nem sempre é bem interpretado.
Ser humano, criação divinamente perfeita que ainda, não se descobriu capaz de semear a paz, fazendo dela, escudo resistente a qualquer intempérie que se apresente, apenas sorrindo e dizendo:
TUDO BEM...
Que neste dia que ora se inicia, cada um de nós se sinta tão somente, um ser humano capaz de sorrir e com este gesto, tornar-se a cada instante, um ponto de luz, capaz de iluminar os recôncavos de si mesmo e do tudo mais.
Em respeito
aos milhares de seguidores de minha página e especificamente das lives que
posto no facebook, desde 19 de agosto de 2020, sempre rigorosamente às 20
horas, cancelei a que estava prevista para a noite de ontem, dia 26 de janeiro
de 2021, por motivo relevante ao bem público em não achar devido, ético e
elegante, atuar jornalisticamente no mesmo horário em que o excelentíssimo
prefeito da cidade de Itaparica, sr, Zezinho Oliveira, decidiu fazer sua
aparição pública.
Deixo aqui
registrado os meus agradecimentos e o pedido de desculpas aos convidados, assim
como a todos que estavam dispostos a nos oferecer as suas atenções.
Lembro a
todos que a Rádio Tupinambá está no ar com músicas selecionadas, através do www.portalitaparica. Com.br.
Creio que
ainda hoje, poderei marcar uma nova data com os mesmos convidados.
Hoje é mais uma
terça-feira de um janeiro que está findando.
Reflito sobre a
fantástica certeza de estar viva e poder sentir o cheiro meio que azedinho das
muitas mangas rosas que, de tão pesadas e maduras, caíram e se esborracharam no
jardim e que, em seu processo natural de decomposição, fertilizam o solo.
Aproveito que mais
uma vez tenho o privilégio de acordar e constatar o fantástico fato de estar
viva e, então, respiro fundo, pois sei que existem mil outros aromas para serem
sorvidos pelos meus sentidos e, é claro, que não posso, não devo e não quero
ficar fora deste processo de integração com a vida, pois na inconsequência da
vida cotidiana, algumas vezes, deixei para depois, sem que houvesse qualquer
indicação real que haveria um depois.
Pois é....
Enquanto respiro e
penso em tudo isto, diante de minha mente sempre muito preocupada com a
fundamentação de suas próprias constatações ou mesmo divagações, faz desfilar
em ritmo acelerado milhares de cenas por mim vividas, dando vez por outra,
pausas convenientes, para que eu possa, então, visualizar as inúmeras vezes em
que deixei de expressar meus sentimentos fosse com palavras, pensamentos ou
ações.
Sinto-me
absurdamente chocada com a minha própria alienação em não ter percebido em
alguns momentos a importância dos instantes presentes e oferecer a eles o
melhor e mais autêntico de mim, pois afinal, só isto permanecerá, seja nas
lembranças dos que me cercam, seja nas vibrações energéticas que movem a vida
do todo universal.
Nossa, Regina!...
Hoje é apenas mais
uma terça-feira que sequer amanheceu totalmente e você já está filosofando
sobre o universo e o escambau?
Me poupe, pelo amor
de Deus!!!
Está é a voz que
ouço e que sempre sorrateira e inoportuna, tenta, e algumas vezes consegue,
tirar-me do rumo, e daí, as pausas que minha mente amiga acabou de me oferecer,
talvez, creio eu, em forma de lembrete urgente, para que eu não esqueça o que
perdi e dos riscos bobos que corri adiando para depois, sentimentos e emoções
que eram únicas, em não dizer por exemplo que amava, estava triste ou chateada
com alguém ou com alguma situação, de não expressar minha revolta, meus medos e
minhas aflições, de não sorrir, abraçar e beijar tudo quanto me agradava e me
fazia naquele instante, feliz.
E aí, penso na
morte, nas lágrimas e penso nas também muitas ocasiões em que mesmo tendo a voz
safada querendo me impedir de transparecer meus sentimentos, resisti e me
entreguei, doando-me sem restrições, mesmo diante da incompreensão de alguns.
Respiro fundo e de
verdade posso identificar se não muitos, pelo menos aqueles aromas benditos que
me fazem pensar na vida e na gratidão por tê-la nesta terça-feira, que já dá
sinais de que vai ser ensolarada nesta minha adorada Itaparica que eu não deixo
de exaltar a cada instante presente, porque afinal, se não houver um depois,
certamente a terei curtido e saboreado com a boca e a alma alegres, como farei
agora com uma das mangas que percebo estar lá, em meio a tantas outras, apenas
me convidando a ser feliz.
Que no dia de hoje,
todos nós possamos desnudar as nossas almas, expressando os nossos sentimentos,
fazendo da vida régua e compasso para um delinear mais preciso, de amor e
liberdade.
Dentre as minhas preferências clássicas, certamente Frédéric François Chopin, está em primeiro lugar, provavelmente porque tenha direcionado suas composições para o piano, instrumento que amo e que me faz muito bem ouvir, enquanto escrevo.
Suas músicas se bem atentos estiverem os ouvidos, nos levam a dançar mentalmente, portanto, escrevendo, deixo minhas ideias bailarem ao gosto dos acordes musicais.
Nesse instante, ouço “nocturnes” e me deleito na suavidade das teclas do piano e do virtuose que o manipula tão encantadoramente, levando-me a pensar que nasci de alguma forma na época e no local errado, se isso é possível de ser questionado ou talvez, minha memória energética seja absolutamente contaminada pela elegância dos movimentos de uma era europeia em que eu desfilava por amplos jardins nos finais de tarde, sentindo os aromas de mais um dia que se findava, ao som dos pássaros vindo tão somente, para me oferecerem boa noite e eu, na postura suave de uma singela dama, singrasse por sobre o gramado, deixando apenas como rastro, um leve afundar do pés.
Então, faço pausa na escrita e olho através da janela e, apesar de toda beleza que consigo enxergar na rusticidade não menos encantador de meu jardim, o sol majestoso expõe-se no dia de hoje, singelamente delicado, matizando a copa de minha frondosa mangueira e da ainda jovem amoreira, também insinuando-se a mim, num namoro diário de paixão contida com apenas, carícias de intenções que, são capazes de me transportar ao olimpo do prazer de me sentir acolhida e profundamente amada.
Ouvindo “nocturnes” de chopin, posso ser muito mais que tão somente, uma pessoa capaz de amar e ser amada, pois, sinto-me parte destes raios solares que me abraçam virtualmente, numa posse integral de afinidades, gostos e paladares, jamais quebrando a delicadeza deste pote encantado de um amor maior, comumente oferecido pelas costumeiras manipulações das músicas modernas.
A melodia de “nocturnes” induz, favorecendo um bailado leve que percorre todo o externo e interno, meu e do ser amado, com um apenas longo olhar de posse suave, que apenas se apresenta na delicadeza dos toques harmoniosos de uma busca, finalmente encontrada.
“Nocturnes” expressa o ideal da identificação dos elementos da natureza, desenhando virtualmente os movimentos sensuais de uma interação mais que física por ser emocional, rasgando fio a fio, a expeça resistência que reside em todos nós, brutalizando-nos ao ponto de nos fazer esquecer, o quanto somos capazes de oferecer e automaticamente receber de amor, tão somente, com um olhar, um pequeno gesto, um simples beijo, um espontâneo sorriso.
Ouvi “nocturnes” quase todos os dias de minha vida, na busca de não permitir que o lugar comum, tirasse de mim, o toque suave de um acorde verdadeiramente agregador, transformando Chopin, num amigo secreto, capaz de extrair de mim, infinitas emoções que deito nas páginas de todos os ensaios, crônicas, poemas ou artigos que já escrevi, nesta minha longa vida, onde para mim terá sido sempre breve, onde como um piano, sempre tive a dedilhar-me talentosos pianistas e incríveis compositores que em parceria comigo, exercitaram a delicadeza do amor maior.
Um amor, rodeado de borboletas e sabiás, capazes de fazerem morada fixa e duradoura, na alma desta, apenas mulher.
E então, nunca hei de me importar com as cercas elétricas que supostamente me protegem, tudo porque, minhas grades e alarmes se encontram na liberdade amorosa que fui formatando em mim, como uma rede protetora do o sol, da chuva, dos beija-flores, frutos e flores, que em mim, sempre fizeram morada, independentemente de onde eu estivesse e, quanta dor pudesse estar sentindo, pois sempre resguardaram a segurança da leveza de minha alma e com seus resistentes véus invisíveis, assim como uma fortaleza, protegeram os muitos Palácios das Borboletas, lugares encantados, aonde só o bem foi capaz de adentar.
Bendita poesia contida nas mentes dos virtuoses da música erudita.
Bendita sensibilidade que me faz interpretá-la, com a suprema fidelidade às minhas afinidades.
Bendita alegria por simplesmente reconhecer e poder curvar-me em gratidão, pelos acordes bem dedilhados dos meus amorosos pianistas.
Penso inexoravelmente em Deus e no quanto, me cobre de bênçãos por poder enxerga-lo, mas acima de tudo, poder senti-lo num sentimento de amor e compará-lo a grandeza de uma prima.
Que sábado lindo!!!
Que beleza de existência me foi oferecida!
Que baú de riquezas, meu amado Deus, o senhor reservou em mim...
Gratidão te ofereço ao som de “nocturnes” de Chopin.
Procurando uma boa música para escutar nesta manhã de sexta-feira, deparo-me com este vídeo e de repente, volto a 1992, no Leblon, caminhando pela av. Ataulfo de Paiva, rua em que eu morava no Rio de janeiro, indo em direção a casa de meu pai, olhando a minha volta sem encontrar uma só imagem que me fosse acolhedora, então, tomada de profunda emoção, tomei a decisão mais fácil de minha vida e ao mesmo tempo a mais dura de ser enfrentada, pois, a partir daí, bem sabia que teria de abrir mão de tudo de material que me abastecia, como tributo de profundo despir pessoal a Deus, em troca de de paz e do reencontro com minhas borboletas e sabiás, amigos, inspiradores dos quais há muitos anos estava distante, travestindo-me de mil luxos, incapazes de me fazer esquecê-los.
Bendita decisão que tomei, pensando em mim e no meu direito inalienável de ser feliz, vivendo entre as minhas afinidades.
Dei meia volta e em apenas dois dias de mala e cuia, voltei para o meu sítio em Caeté (M.G) ao encontro de minhas borboletas e dos meus sabiás, deixando para trás, tudo quanto, tirava de mim, as passadas leves e os sorrisos fáceis.
São quatro e
trinta da manhã e lá fora, tudo ainda muito escurinho e sequer um só pássaro
para me dar bom dia, resta-me então, na solidão deste amanhecer, contentar-me
com respirares profundos, trazendo para o meu interior as delícias desta miscelânea de aromas deliciosos, bem próprios do verão, bem próprios de lugares como a
nossa linda Itaparica, aonde ainda é possível, vivenciar por todo o tempo,
parte da natureza em sua resistente permanência.
Geralmente é
assim que acontece em meus amanheceres, quando muito apressada em vivenciar
tudo a que tenho direito, acordo antes até mesmo dos galos da redondeza.
Mas o que
fazer se sempre tive pressa, apesar de também sempre ter sido considerada uma “paradona”,
já que dificilmente ao longo de minha vida, fui vista em festas ou aglomerações
de qualquer natureza, afora, nos momentos eleitorais em minha Itaparica, onde
subir num trio elétrico ou num palanque, sempre foi mais forte que minha
aversão a qualquer muvuca social.
Adoro,
simplesmente adoro todo o movimento eleitoral de discursos, caminhadas,
visitações, lives e toda e qualquer parafernália usada nas campanhas, afinal,
essa paixão foi por mim descoberta, bem aqui, nesta cidade bendita na campanha
de 2008, quando pela primeira vez, subi triunfante num trio elétrico e não
satisfeita, ainda aceitei que me colocassem por sobre um caixote, discursando e
segurando um microfone por toda a extensão da avenida, tendo os amigos Delcinho
de um lado e Claudio Neves do outro, segurando respectivamente minhas pernas
para que eu, não desabasse como uma fruta madura por sobre o calçamento.
Delícia meu
Deus, até neste recordar!!!!!
De repente,
a senhora discreta, voltada aos poemas e editoriais do Jornal Variedades,
transformou-se numa apenas garota sapeca, sorvendo a vida em toda a sua
plenitude.
E aí,
lembrando deste momento glorioso de minha permanência por estas bandas
nordestinas, desvio o olhar e busco, através da janela, ainda frente a escuridão,
encontrar os passarinhos que já estão chegando com suas contorias, nem sempre
compassadas, pois, ultimamente, tenho reparado que disputam com muita arruaça o
protagonismo nesta orquestra divina de cada amanhecer.
Pois é... Não
lamento minha pressa em começar novos amanheceres, pois só assim, enxergo, ouço
e sinto o sempre inusitado se mostrando só para mim, neste cantinho do mundo,
onde a poesia ainda reside e pode ser reconhecida através da sensibilidade que somos
capazes de desenvolver em nós.
Simples assim?
Não, tudo é
uma questão de hábito e este, exige tempo, disciplina e muita determinação, como
aliás, o tudo mais que vale ser degustado nesta caminhada existencial.
E eu, já
provei que sou boa em perseverar em favor da minha vez, seja lá no que for.
Começou a
clarear e entre os galhos fartos e pesados de minha mangueira e a do vizinho,
de onde estou, já posso apreciar esta bendita sexta-feira amanhecendo e
tonalizando o céu de um azul ainda bem escuro, me fazendo sorrir, até porque,
lá está o meu sabiá, arisco e barulhento como ele só, já buscando alimentos na
amoreira para os seus filhotes, cujo ninho ele formou em uma das colunas de
minha varanda, para o meu deleite e satisfação, mesmo que como um inquilino
abusado, tenha me expulsado de meu balanço, fazendo cocô em mim, na braveza da
proteção de seu território.
Como não obedecer
às ordens deste lindo meu coronel de asas e sem patente, mas muito senhor de
mim?
Neste
instante, chove fino lá fora ...
É a vida se
regando...
Acordem
cedo, pelo amor de Deus, tenham pressa como eu.
Venham
sorver a vida despudoradamente, se alimentando e se permitindo ser feliz.
São
exatamente, cinco horas e doze minutos e a vida, já está em festa e eu,
sorrindo lhe desejo tudo de bom, neste novo dia que ora se anuncia.
Não importa, quantos anos ainda terei de vida nesta expressabilidade que adoro e me esbaldo, porque ainda assim, vou preferir usar os meus sentidos como meio mais eficaz de me fazer entender.
Dizem que sou boa com as palavras, que escrevo bonito e toco nas almas das pessoas, mas será mesmo?
Não sei exatamente em que patamar posso ser colocada, até porque, só escrevo o que sinto.
E como é difícil escolher palavras que traduzam a nossa alma, sem que num instante que seja, não joguem por terra todas as minhas reais intenções.
Daí, sempre ter preferido os sentidos, pois através deles, não suscito dúvidas...
Mas como publicar sentidos?
Como publicar beijos, sorrisos, olhares, abraços e o meu calor?
Oh! Deus, por que, não nos fez sem o poder da palavra?
Por que, não bastariam as nossas mãos e braços para tão somente, alisar e aconchegar?
Por que, não bastaria o nosso olfato para o reconhecimento de nossas mais legítimas afinidades?
Por que, não bastariam nossos olhos para expressarem as nossas mentes e almas?
Por que não bastariam nossos ouvidos para absorvermos os reais sons da vida, que tanto ou tudo podem nos ensinar.
Por que, não bastaria o nosso paladar para sentirmos as nossas preferências de sabores e amores?
OH! Meu pai...
Por que, deste-me o dom da palavra, se através dela, promovo tantos desencontros e profundos enganos?
Amo-te meu Deus, com a devoção de mais uma apenas, sua filha, mas com muitas dúvidas que repouso em meus escritos, buscando quem sabe talvez, através da bendita mente que me ofereceste, poder perceber todas as respostas de que tanto ainda necessito.
Dai-me senhor meu pai, apenas meus sentidos, pois através deles, não cometerei enganos e nem serei capaz de ferir alguém.
Apure-me o olfato e o paladar para que eu, não mais cometa enganos nesta vida que se finda lenta, mas progressivamente.
Estimule o meu tato para que eu seja capaz de alisar sem reservas, tudo e todos que reconheço como parte de mim.
Aguce o meu olhar e meus ouvidos para que eu possa através dos sons das tuas maravilhas, guiar os meus olhos, para então, somente pousarem nas minhas próprias maravilhas, que entre as tuas me esperam, enquanto, ouvem as muitas bobagens que deixo escapar desta voz traiçoeira, desta escrita, absolutamente inútil.
Passeando
pelo meu pequeno jardim, parei em determinado ponto, bem debaixo da mangueira e
num abraço apaixonado, enlacei-a, tombando minha cabeça sobre o seu caule centenário,
como se Deus eu abraçasse, rogando a misericórdia de poder extrair de toda
aquela fortaleza, um pouco que fosse de suas energias, sorvendo o cheiro da
madeira ressequida, na esperança de nela me eternizar.
Bendita vida
que se renova, bendita certeza de forças que se recriam, na tenacidade de meu
amor e na vida e no desejo quase insano de me perpetuar através de um poema, de
um texto ou de uma apenas lembrança, através das vibrações energéticas que sou
capaz de sentir, percorrendo-me o corpo, clareando a mente, rejuvenescendo o
meu olhar sobre toda as grandezas contidas, num só pequeno jardim, numa só
mulher.
Meu jardim,
meu doce encanto, baú secreto de meus tesouros, de meus sonhos e deste meu amor
que me alimenta, com o mesmo vigor de quando emerjo das águas, tranquilas e
mornas de minha Ponta de Areia.
Volto a
caminhar e já posso sentir as brisas do final da tarde, fazendo farfalharem os
coqueiros, fazendo suas folhas bailarem, desenhando no céu, belas imagens em
negativo, encantando meus olhos, levedando a minha alma de apenas um ser
apaixonado, eternizando os instantes, fazendo deles pérolas de vida e liberdade.
Vida que
retenho amorosamente e liberdade que abusada, me dou ao desfrute de cultivar
entre o céu e a terra, num vasto canteiro bem regado de ideias e ideais, morada
segura para minhas borboletas e os meus sabiás, mensageiros fiéis e discretos
de meus segredos, de meus sonhos e desejos, do meu bem-querer ao tudo, simplesmente
por ele, apenas existir.
E neste instante de volta ao texto do
encantamento, penso nas ações e nas reações, efeitos absolutos nos relacionamentos
humanos cuja harmonia nos compete ministrar como um sacerdócio amoroso de auto
preservação ou como uma palheta de infinitas cores, necessitada do talento do
artista para a tão necessária seleção, para as tão precisas pinceladas, traçando
nas telas do cotidiano, tão somente o belo e o harmonioso.
Há quem faça
de sua vida mil objetivos e aeles
se dedique de corpo e alma, mas eu, desde sempre só tive em mente, amar o tudo
que me era possível enxergar, sentir, tocar ou simplesmente, imaginar, e neste
quesito sempre fui muito imaginativa, buscando na natureza que sempre esteve
presente na minha vida, todos os subsídios necessários para me manter
abastecida.
Ainda me
lembro do portão pintado de verde do quintal de minha casa, que transformei em
minha lousa e com ele, fui capaz de arregimentar infinitas plateias de um público
imaginário que acompanharam as muitas etapas de minha infância e até mesmo,
parte de minha adolescência, servindo-me de parceiros ativos, no
desenvolvimento de minha sempre paixão pelas letras e pelo caminho das artes.
Jamais
pensei em ser outra coisa, além de artista, no bico da pena, nos palcos da vida
ou nas telas, pincelando os meus sonhos.
E eu
exercitei muito e quando, finalmente estreei, assustei-me com um público real e
pouco ortodoxo que de verdade, só queria passar um tempo de lazer, bem
diferente de meu fiel público que era exigente e que só aplaudia frente a
qualidade da apresentação.
E de
aprendiz de artista, transformei-me num apenas interessante comercial sem alcance,
cujo brilho da mensagem, se perdia ofuscado pelas constantes decepções.
Não me dei
por vencida e logo, busquei meu velho texto que pelo menos sempre me deu a chance
de poder prender a atenção de um público menos efêmero e fiz dele, o texto de
todas as demais representações de minha vida, onde sequer precisei decorá-lo,
pois fora escrito com os meus mais profundos sentimentos e emoções.
Meu texto
original, só declamava amor e quem poderia de sã consciência, recusar o amor,
quando muito, encostá-lo como uma peça quase inútil as suas mais básicas
necessidades do aqui e agora, mas jogá-lo fora, só os muito insensatos seriam
capazes, afinal, um amor sempre pode ser útil, principalmente, numa hora de
profundo cansaço, desilusão ou dor.
E assim, transformei
cada página, cada lauda em versos de amor e em textos de vida e liberdade, onde
como artista me apresentava sem bilheteria e sem propagandas, ficando a mercê,
tão somente, dos também ávidos de amor, que despudoradamente, corriam ruas e
avenidas em busca do encontro lírico e salvador de um simples e descompromissado
poema de amor.
E hoje,
depois de infinitas representações, ainda me vejo no palco, com o natural
cansaço de um final de carreira, mas ainda ávida em representar o velho texto
que o tempo, não foi capaz de desbotar e o meu público incapaz de me abandonar,
adicionando a cada nova apresentação, novos rostos, novas mãos, dispostas a me
aplaudir.
Penso então,
que bendito poema texto, fui capaz de escrever ainda menina, na lousa
improvisada de meu quintal de sonhos e ilusões.
E ao som de uma deliciosa canção clássica que define quem eu
sou, inicio a minha apresentação do espetáculo de hoje, esperando que em cada
coração que venha me aplaudir, possa receber uma gota de todo este amor que cultivei
em mim.
Como
é difícil as pessoas se harmonizarem numa mesma vibração?
Perdem-se
infinitos instantes de oportunidades gigantescas de se elaborar, construir
infinitos processos agregativos, pelo simples fato de não estarem devidamente atentos
ao cerne da questão em pauta, incluindo-se os relacionamentos amorosos.
Décadas
de profundos mergulhos nas observações do cotidiano social, político ou
estritamente humano e ainda assim, dobro-me a profunda frustração de nada ainda
saber.
Jesus,
na condição de energia vibrante, com certeza deve lamentar dolorosamente, as
pérolas que jogou aos porcos, que tão somente, tem servido como balangandãs
ilustrativos à uma ignorância absurda que persiste como uma chaga incurável, na
alma dos humanos.
Que
pena, meu Deus!
Tudo poderia ser, mais suave, mais honesto,
mais verdadeiramente cristão.
Que
nesta terça-feira, consigamos tentar falar a mesma linguagem do nosso próximo,
com amor nas nossas intenções.
Vira e mexe,
cá estou pensando nos homens, nas mulheres e nas delícias de minha vida.
Deus foi tão
generoso que formou tudo perfeito, um parzinho de cada espécie, justo para que
a alegria fosse completa e que tudo se encaixasse e a vida pudesse propiciar,
mais e mais vida.
Até os
cheirinhos são diferentes, justo para quando se fundirem, poderem gerar um novo
aroma chamado amor.
Vejam que
perfeição de obra, fez este meu Deus, divino e poderoso, sabedor de todas as
coisas, especialista em promover o prazer, já que estabeleceu em cada canto
deste mundo, nem que seja uma só beleza, apenas para nos encantar.
E o homem e
a mulher, com certeza os mais belos, cheirosos e saborosos, bem ao estilo da
sua infinita natureza, onde não poupou, aromas, cores e sabores, novamente para
o nosso deleite.
E se sua
preocupação era a perfeição e o prazer, o que dizer da estupidez, da miopia ou
da cegueira que mesmo, absolutamente, saudáveis nos impomos, trocando alhos por
bugalhos, negando a grandeza de sua obra de arte.
Mas se é
assim que nos sentimos, então que seja, regados do mesmo amor.
Olho no
espelho e me sinto linda e toda essa beleza, também enxergo em ti, adorável leitor
de minhas certezas e devaneios.
Um beijo
carinhoso e uma semana de amor, para todos nós.
Hoje, neste sábado de janeiro, precisamente as
9.30hs, contrariando os hábitos em escutar música clássica, somente nos finais
de tarde, optei em começar o meu dia, deixando fluir em meus ouvidos e alma, a
doçura dos grandes compositores, não sem antes escutar algumas lindas canções
de Geraldo Azevedo, então deduzo que comecei bem o meu dia, buscando
qualidade...
E aí, talvez tenha sido neste quesito, aonde fui
tão celetista que provavelmente, tenha deixado de provar muitas delícias, mas
fazer o quê?
Minha natureza de tão livre, não poderia simplesmente,
perder-se no mundo, querendo alucinadamente de tudo sorver, não, justo por ser
livre, me dei ao direito de querer o melhor e então, não demorou muito para eu
perceber que o melhor se fraciona, impossível encontra-lo num único ser...
O que fazer diante desta constatação que de tão
real, qualquer pessoa pode ver, num apenas canteiro de flores, como escolher a
mais singela, a mais bonita, a mais cheirosa?
E de repente, pensamos que tudo poderia estar
numa só flor, talvez como as rosas, completas nas diversificadas cores,
tamanhos, texturas, aromas, mas ainda assim, lá estão os espinhos...
Delícia é pensar no tudo de bom que existe nesta
vida e que cada um de nós, tem a sua preferência, sua busca de qualidade
pessoal, sua identificação, seu carimbo de pertencimento.
Apesar de ainda muito cedo, já preparei um pudim
de leite para ofertar para uma amiga que simplesmente, adora e então, enquanto
o fazia ao som de boas músicas, as lembranças voltaram fortes como se querendo
sair da mente e se materializar.
Meu Deus, como eu amei...
Como esperar que pelo simples fato dele ter
partido, eu possa esquece-lo como num passe de mágica?
Impossível!
Enquanto eu viver e cozinhar um pudim, lá estarão
as lembranças de uma vida e de um amor.
Amor se cansa
Amor esfria
Amor se magoa
Amor fica ferido
Amor se cala
Amor não perdoa
Mas amor não morre.
Ele fica lá, num cantinho, sempre revivendo
através de alguma lembrança.
Amor é resultado de uma construção complexa e
mesmo que com o passar do tempo, as avarias venham a aparecer, algumas
dolorosas, impossíveis de serem esquecidas, ainda assim, quando a estrutura foi
bem alicerçada, o amor permanece, talvez abalado, mas não morto.
Portanto, amor que acaba, nunca existiu.
Fazendo o pudim, lembrei-me dos muitos saborosos que
fiz e ofertei, colocando em cada um deles, o melhor de mim.
Nesta manhã, esconder a minha saudade, está
difícil, deixo então, rolarem as lágrimas ao som de Debussy, esperando que os
acordes melódicos, - do piano penetrem em minha alma e delicadamente, a eu
possa finalmente, admitir que sempre em algum momento, o velho amor vai voltar,
dizendo, olá e nada mais...
Resistir para quê?
Melhor deixa-lo chegar sempre que quiser e
depois, apenas acenar, um até breve, pois ele vai voltar, quando menos for
esperado, através de uma lembrança qualquer de infinitas outras que se forjaram.
Hoje
amanheci repleta de alegrias, mais, com certeza bem mais que nos outros dias e
penso então, que assim como qualquer outra sensação emocional, o fato de termos
controle sobre nossos sentidos e mente é ponto crucial para mantermos os subsídios
ativos do crescente contínuo bem-estar o que, promove um perfeito equilíbrio no
tudo mais a nossa volta.
Pense nisso
em todos os momentos em que a tristeza, a decepção, o medo, a insegurança, a raiva,
os ciúmes, a mágoa e o tudo mais que é nocivo, possa querer fazer morada em ti.
Isso não
significa que deixarás de sentir o contraditório, tão somente, não permitirás
que ele empane o brilho de seres o que és, uma preciosa e linda criação de
Deus.
Um lindo dia
para você que me lê, com a minha gratidão.
Lá estava o galho
da amendoeira, parceira dos meus cotidianos que sem pedir licença, porque
simplesmente jamais precisou, pois, sempre fez parte do cenário de meu
quartinho da Barão da Torre, onde comecei a tecer as malhas de meus sonhos
infantis e meus ideais de adolescente, mas também a mesma amendoeira, cujo
galho mais firme pela passagem do tempo, testemunhou a menina se tornar mulher.
Quantos registros,
quanta cumplicidade, infinitas trocas silenciosas de uma profunda amizade que
não satisfeita, ainda foi por todo o tempo, residência oficial das cigarras que
de sua escora segura, garantia o palco perfeito para que elas, pudessem me deliciar
com seus shows de canto longo e derradeiro.
Benditas cigarras
que depois de bem sequinhas, deixavam-se cair no peitoril da janela, para que
eu solidária, pudesse depois, repousá-las nas terras dos canteiros do jardim,
fazendo das roseiras, das margaridas e das samambaias, suas moradas finais, não
sem antes, alisar suas transparentes e delicadas asas, desejando também tê-las,
assim como o seu poder de canto, mesmo que por apenas instantes de glória,
ensinando-me silenciosamente a importância do magnífico e seu espaço no tempo.
Como não associar
as brevidades das cigarras com a instantaneidade da paixão, do gozo e da
plenitude que vamos armazenando e forjando o que somos?
Bendito galho da
amendoeira que atravessou muro e varanda, vindo da casa da vizinha, tão somente
para me fazer companhia e para servir de pouso encantado das muitas cigarras
que insistiram em poetizar a minha alma de apenas uma menina que se eternizou
em mim.
E aí, como posso
buscar Deus entre quatro paredes se o vejo a cada instante, no espaço livre de
minha mente ágil?
Se o encontro nas
árvores, nos frutos, no solo e no olhar de todo aquele que mesmo sem pedir
licença, adentra em mim com seus cantos, texturas, aromas e sabores.
Benditas cigarras
que se não pude copiar no canto, me inspiraram nos versos das infinitas emoções.
Nem toda perda significa derrota, acreditando que os erros cometidos servirão de reflexão e profundo aprendizado.
Como cidadã adotiva desta bendita cidade, enxerguei as muitas realizações, assim como o primário erro de não escutar a voz oriunda de um povo isento de interesses empregatícios ou de laços de amizade, que fatalmente falam exatamente o que seu líder quer escutar.
Portanto, no respeito que sempre recebi desta jovem governante, encerro o ano, desejando um merecido descanso e um arregaçar de mangas vibrantes com novas perspectivas e valores, pois, a estrada é longa e precisa da garra e da determinação daqueles que não desistem de seus ideais.