domingo, 4 de novembro de 2018

Apenas um olhar amoroso



Ontem, assisti no FITA ao show da Gal e voltei para casa me percebendo estranha e, como sempre, não banalizo desconsiderando minhas emoções e vou fundo na busca dos por quês e, geralmente, logo detecto o foco deles, todavia desta vez não consegui me concentrar pois estava chorosa, mas sem lógica nas razões possíveis, já que encontrei quase todas as pessoas que me fazem bem e o tudo mais estava impecável, começando pelos drinques do querido Rogério Santana.
Já em casa, o tempo foi passando e nada, então, fui dormir com os olhos marejados e com a mão amiga de meu Roberto fazendo cafuné, num consolo doce e aconchegante.
O dia amanheceu e cá estou mais que relatando uma fração dos meus instantes, pois finalmente consegui compreender a minha sensação de vazio e quase tristeza em meio a tantos apelos de descontração, pois percebi que não eram impressões novas, pois remeteu-me ao Fita do ano passado, onde também senti igual estranhamento, mesmo sendo alvo da honra de nele estar no palco participando com a minha família.
O palco estava lindo, a praça de alimentação farta e variada, a organização perfeita, policiamento completo, turistas e veranistas bem vestidos e cheirosos, o entorno da Praça dos Veranistas estava repleto de carros, atrações variadas e para todos os gostos e, é claro, nada menos que Gal Costa e Margareth Menezes para fecharem a noite, mas faltava algo mais importante de tudo, faltava o “povo de Itaparica”.
Onde estavam os preciosos moradores da Misericórdia, Manguinhos, Porto Santos, Amoreiras, Urbis, Marcelino, Mocambo, Barro Branco e tantos mais?
Aonde se escondeu o sangue vibrante e as batidas vigorosas do coração desta cidade que fazem dela mais que linda, tão somente especial?
Cadê este povo sorridente, sempre alegre e cantador que por dois anos seguidos se nega a participar de um evento tão bonito, tão rico de atrações, emprestando à festa a vibração de sua presença, numa resistência quase infantil de não comer o doce que lhe pertence e pelo qual pagou de alguma forma pela sua realização.
Este meu constante olhar carinhoso sobre esta cidade que amo, fez-me pensar e chorar por não ter encontrado na festa a alma vibrante do itaparicano, caboclo tupinambá, razão maior do tudo mais, ficando o vazio cruel da não integração.
Por que será?
Há de se pensar...

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