quarta-feira, 7 de novembro de 2018

DE INTELIGENTE A SABICHONA ...



Sinto que estou emburrando através dos anos, desde que me percebi sendo impedida de discutir ideias e ideais, tendo como limites, o devido respeito aos parceiros das discussões.
Ainda me lembro, e não faz assim tanto tempo, o quanto aprendi com meus mestres, amigos, patrões, colegas de escola e faculdade, nos intermináveis círculos de bate-papos que podiam acontecer em qualquer local, até mesmo, nas areias da praia ou nos meios fios das calçadas.
É... Ainda sou do tempo em que todos os locais públicos eram redutos de gente sadia, pensante e livre.
 Saudosismo? Melancolia?
Sim, bastante, afinal qual a graça em se sentir por todo o tempo tolhido, preso e amordaçado, física, emocional e intelectualmente.
Não estou fazendo utopias de um passado recente, pintando de cores belas um cotidiano que perfeito nunca foi, lembro apenas que o mesmo não pisoteava a mente, sufocando e criminalizando opiniões.
Preconceitos existiam e eram bem definidos, mas por mais que me esforce, não consigo lembrar da exclusão de uma mente pensante, alegre e de bem com a vida, justo por ser gay, negro, branco, rico ou pobre de nenhuma roda de discussão.
Em algum momento, o separatismo bruto, agressivo e violador mostrou suas garras, trazendo à luz da não razão, toda a insanidade contida nas pessoas, numa busca de compensações frenéticas de ocupação de espaço que esteve sempre disponível, afinal, se bem observado, em qualquer época, sempre foi ocupado pelos mais determinados e competentes.
A preguiça e a inércia mental ocuparam lugares dantes apenas disponíveis aos mais destemidos, fossem quem fossem, sem falácias de propósitos, onde cada criatura desafiava a si mesmo, para a concretização de seus projetos pessoais.
Na disputa, assim como nas discussões, se sobrepujavam os mais brilhantes e não com a força da insensatez de se achar com direitos de ocupar espaços sem qualquer mérito ou esforço.
Neste instante, minha certeza é que por décadas aprendi muito em intermináveis discussões, mas que de uns tempos para cá, infinitas e variadas limitações estão tolhendo o aperfeiçoamento de meus saberes, assim como conflitando cruelmente os relacionamentos, mesmo tendo à disposição, Google, livros sobre tudo possível de se desejar, centenas de universidades, milhares de doutores com suas teses variadas, mas com uma infinita ignorância da importância insubstituível do colóquio humano, na falta da liberdade de se trocar respeitosamente, com embasamentos lógicos e sensatos, as benditas ideias e ideais, onde o princípio básico e único é, tão somente, aprender um pouco mais com a visão do outro, seja gay, negro, branco, pobre ou rico.
Sinto que estou emburrando e o tudo à minha volta também, apesar da proliferação dos muitos títulos e troféus, assim como do ouro que brilha, mas que cada vez mais é ostentado por potros enviseirados.

”Eduque as crianças apenas sob uma ideologia e crescerão como potros enviseirados. Eduque para o que há de diferente e teremos gente que pensa”.
Rafael I. Fernandes da Fonseca

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