Sinto que
estou emburrando através dos anos, desde que me percebi sendo impedida de
discutir ideias e ideais, tendo como limites, o devido respeito aos parceiros
das discussões.
Ainda me
lembro, e não faz assim tanto tempo, o quanto aprendi com meus mestres, amigos,
patrões, colegas de escola e faculdade, nos intermináveis círculos de
bate-papos que podiam acontecer em qualquer local, até mesmo, nas areias da
praia ou nos meios fios das calçadas.
É... Ainda
sou do tempo em que todos os locais públicos eram redutos de gente sadia,
pensante e livre.
Saudosismo? Melancolia?
Sim,
bastante, afinal qual a graça em se sentir por todo o tempo tolhido, preso e
amordaçado, física, emocional e intelectualmente.
Não estou
fazendo utopias de um passado recente, pintando de cores belas um cotidiano que
perfeito nunca foi, lembro apenas que o mesmo não pisoteava a mente, sufocando
e criminalizando opiniões.
Preconceitos
existiam e eram bem definidos, mas por mais que me esforce, não consigo lembrar
da exclusão de uma mente pensante, alegre e de bem com a vida, justo por ser gay,
negro, branco, rico ou pobre de nenhuma roda de discussão.
Em algum
momento, o separatismo bruto, agressivo e violador mostrou suas garras,
trazendo à luz da não razão, toda a insanidade contida nas pessoas, numa busca
de compensações frenéticas de ocupação de espaço que esteve sempre disponível,
afinal, se bem observado, em qualquer época, sempre foi ocupado pelos mais
determinados e competentes.
A preguiça e
a inércia mental ocuparam lugares dantes apenas disponíveis aos mais
destemidos, fossem quem fossem, sem falácias de propósitos, onde cada criatura
desafiava a si mesmo, para a concretização de seus projetos pessoais.
Na disputa,
assim como nas discussões, se sobrepujavam os mais brilhantes e não com a força
da insensatez de se achar com direitos de ocupar espaços sem qualquer mérito ou
esforço.
Neste
instante, minha certeza é que por décadas aprendi muito em intermináveis discussões,
mas que de uns tempos para cá, infinitas e variadas limitações estão tolhendo o
aperfeiçoamento de meus saberes, assim como conflitando cruelmente os
relacionamentos, mesmo tendo à disposição, Google, livros sobre tudo possível
de se desejar, centenas de universidades, milhares de doutores com suas teses
variadas, mas com uma infinita ignorância da importância insubstituível do
colóquio humano, na falta da liberdade de se trocar respeitosamente, com
embasamentos lógicos e sensatos, as benditas ideias e ideais, onde o princípio
básico e único é, tão somente, aprender um pouco mais com a visão do outro,
seja gay, negro, branco, pobre ou rico.
Sinto que estou
emburrando e o tudo à minha volta também, apesar da proliferação dos muitos
títulos e troféus, assim como do ouro que brilha, mas que cada vez mais é
ostentado por potros enviseirados.
”Eduque as crianças apenas sob uma
ideologia e crescerão como potros enviseirados. Eduque para o que há de
diferente e teremos gente que pensa”.
Rafael I. Fernandes
da Fonseca
Nenhum comentário:
Postar um comentário