Estou aqui pensando no quanto somos incapazes de fazer do
palpável, nosso amparo e natural proteção, preferindo buscar no etéreo e no fugaz,
o consolo para a nossa própria solidão.
Recorremos como desesperados às milhares de ofertas
celestiais e muitos se jogam literalmente suas energias e vidas no obscuro, na
busca desesperada de encontrar soluções para suas dúvidas ou mesmo realidades
difusas.
Seria a total impossibilidade em distinguir o lógico e o
real?
Estaríamos todos tão mergulhados na confusão cognitiva de
que não somos mais capazes ou nunca fomos de tão somente, convivermos com o
real?
Que necessidade é esta que nos empurra por todo o tempo à
sabotagem de nossa própria existência?
Reparo desde sempre na constância destrutiva que carregamos
como uma muleta, que nos mantém reféns de possíveis caminhadas de vida e
liberdade.
Fingindo-nos magnânimos, estendemos a mão direita e
camuflamos a esquerda que sempre pronta ao ataque, aguarda em sua força motora,
o poder de ferir e matar, tornando assim nossa mente racional em pura armação
de possíveis combates, onde alguém ou algo sempre se vê destruído, a começar por
nós mesmos.
Natal vem chegando e penso então, que Natal será este?
Que verdades podem existir que retratem os benditos
sentimentos que sabemos serem os ideais, se por todo o tempo, nos transformamos
em criaturas frias, de emoções confusas que destroem à tudo, por todo o tempo,
não enxergando o óbvio que nos persegue incansavelmente, apenas para nos
lembrar, que para permanecermos vivos e com pelo menos, relativa plenitude, precisamos abraçar o tangível, burilar o
tocável, amando o possível de ser sentido e enxergado, numa troca sustentável
que gera vida, aí sim, num ciclo ininterrupto de vida.
Destruímos e ao mesmo tempo, permitimos que outros destruam
a vida em todas as suas expressabilidades sem qualquer senso de raciocínio
lógico e ainda assim, num ritual inconsistente, mas que descobrimos nos faz
acreditar que ainda somos humanos, abastecidos de sentimentos uns pelos outros,
abraçamos o lúdico para talvez quem saiba, nos sentirmos humanizados.
E tal qual, leitores de orelhas, nos tornamos literatos de
um compêndio de merda.
Que nesta quinta-feira, dia criado e dedicado a “Consciência
Negra” possamos enxergar o diferente, tão somente, como mais uma obra prima de
nossa tão machucada natureza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário