Depois de uma tarde de estudos sobre lógica formal e
material fui até ao jardim molhar minhas esturricadas plantas, pois o sol
nestes dois dias foi de arrasar.
Enquanto refrescava as minhas plantinhas, pensava no
envelhecimento e no quanto somos acordados de nossa inércia existencial para a
sensibilidade.
Enquanto jovens, a vida vai fluindo com outros infinitos
valores e principalmente necessidades, todavia, em dado momento, nos percebemos
mais emotivos, fraternos e bem mais carentes de atenção.
Afinal, já não precisamos cumprir rigorosos horários e o
tempo fica mais à nossa disposição e é neste estágio de mudanças que percebemos
em nós, uma imensa necessidade de não permitir que este excesso de tempo livre,
fique contra nós, levando-nos irremediavelmente ao ostracismo.
Nesses tempos modernos, não nos é permitido cruzar os braços
para a vida, pois são tantas opções que se distrairmos, estaremos mais
atarefados que antes. Por esta razão, o bom senso deve ser a tônica das
decisões sobre o que faze e aonde ir.
Fácil é falar, mas na prática, a coisa fica complicada,
principalmente em se tratando do emocional, pois é na terceira idade que aflora
a necessidade de recebermos, tudo quanto, mesmo que aos trancos e barrancos das
mil e umas atividades deste mundo sistêmico cruel, jamais deixamos de oferecer
aos nossos filhos, pais, sogros, amigos etc.
Abre-se um espaço entre o ontem e o hoje sem que haja mais a
garantia do amanhã, já que nesta fase da vida, também passamos a contar o
reduzido tempo que nos aguarda.
Dez, quinze, talvez com muita sorte, uns vinte anos.
AFF!!!!!!
E aí, bate aquela vontade de ser estreitada, acalentada, um
pouco mimada.
Aquela surpresa inesperada de uma visita não programada,
aquele beijo carinhoso, quando você não espera, aquele abraço apertado, aquele
olhar amigo e cumplice, aquela gentileza, hoje tão rara, aquela atenção,
fazendo com que você se sinta importante.
Pois é...
Feliz de quem chega a terceira idade e pode receber tudo isto
de forma natural e espontânea e ainda ter forças, saúde e bom senso para
continuar usufruindo as delícias da vida.
Este texto, dedico a minha filha Anna Paula e meu genro João
Cardoso, pelo carinho que dedicam a mim e ao meu Roberto, não permitindo que a
solidão natural que a terceira idade acarreta, nos invada, assim como aos
amigos que diariamente, seja na lida ou no lúdico nos embalam no doce carinho
da atenção, afinal, tão necessária para que consigamos viver e conviver com o
outono de nossas vidas.
Um beijo amoroso em todos e mais uma vez, obrigado.
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