terça-feira, 25 de novembro de 2014

APENAS, ATENÇÃO


Depois de uma tarde de estudos sobre lógica formal e material fui até ao jardim molhar minhas esturricadas plantas, pois o sol nestes dois dias foi de arrasar.
Enquanto refrescava as minhas plantinhas, pensava no envelhecimento e no quanto somos acordados de nossa inércia existencial para a sensibilidade.
Enquanto jovens, a vida vai fluindo com outros infinitos valores e principalmente necessidades, todavia, em dado momento, nos percebemos mais emotivos, fraternos e bem mais carentes de atenção.
Afinal, já não precisamos cumprir rigorosos horários e o tempo fica mais à nossa disposição e é neste estágio de mudanças que percebemos em nós, uma imensa necessidade de não permitir que este excesso de tempo livre, fique contra nós, levando-nos irremediavelmente ao ostracismo.
Nesses tempos modernos, não nos é permitido cruzar os braços para a vida, pois são tantas opções que se distrairmos, estaremos mais atarefados que antes. Por esta razão, o bom senso deve ser a tônica das decisões sobre o que faze e aonde ir.
Fácil é falar, mas na prática, a coisa fica complicada, principalmente em se tratando do emocional, pois é na terceira idade que aflora a necessidade de recebermos, tudo quanto, mesmo que aos trancos e barrancos das mil e umas atividades deste mundo sistêmico cruel, jamais deixamos de oferecer aos nossos filhos, pais, sogros, amigos etc.
Abre-se um espaço entre o ontem e o hoje sem que haja mais a garantia do amanhã, já que nesta fase da vida, também passamos a contar o reduzido tempo que nos aguarda.
Dez, quinze, talvez com muita sorte, uns vinte anos. AFF!!!!!!
E aí, bate aquela vontade de ser estreitada, acalentada, um pouco mimada.
Aquela surpresa inesperada de uma visita não programada, aquele beijo carinhoso, quando você não espera, aquele abraço apertado, aquele olhar amigo e cumplice, aquela gentileza, hoje tão rara, aquela atenção, fazendo com que você se sinta importante.
Pois é...
Feliz de quem chega a terceira idade e pode receber tudo isto de forma natural e espontânea e ainda ter forças, saúde e bom senso para continuar usufruindo as delícias da vida.
Este texto, dedico a minha filha Anna Paula e meu genro João Cardoso, pelo carinho que dedicam a mim e ao meu Roberto, não permitindo que a solidão natural que a terceira idade acarreta, nos invada, assim como aos amigos que diariamente, seja na lida ou no lúdico nos embalam no doce carinho da atenção, afinal, tão necessária para que consigamos viver e conviver com o outono de nossas vidas.

Um beijo amoroso em todos e mais uma vez, obrigado.

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