segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

NOTA DE ESCLARECIMENTO


 
Por três vezes em minha modesta, mas absolutamente séria vida, senti-me invadida e violada nos meus direitos profissionais.

A primeira, ocorreu no auge da ditadura militar, onde a truculência e a arrogância, imperavam, esmagando  valores  pessoais e sociais da mais alta importância para o bem estar coletivo, impedindo-me, em dado momento, por uma censura descabida e violenta, de dar continuidade ao exercício de minha profissão de cronista, que perdurou até meados dos anos 80.

Desolada e também vivamente amedrontada, parti para outras atividades, ainda dando graças ao bom Deus por não ter tido o fim de tantos outros, inclusive, que vi sucumbirem na ponta das baionetas e dos fuzis de loucos assassinos que se valiam das costas quentes de um militarismo cego, para exercer seus animalescos propósitos de se sentirem fortes.

Trinta e tantos anos depois, quando pensava que jamais experimentaria vivenciar qualquer situação parecida, mesmo que em diminuta apresentação, sou novamente questionada em meu supremo direito de informar, analisar e oferecer opções, dentro de um espírito crítico com o qual se desenvolve o trabalho de uma cronista social.

Assustei-me, é claro, diante da autoridade que não possuía prestígio para afastar-me de meu ofício, tão somente, exerceu sobre minha pessoa, as comuns pressões do autoritarismo que, infelizmente, ficou como herança aos funcionários públicos de carreira, que por se encontrarem no estatus de autoridades, se creem acima do bem e do mal e intocáveis.

Superado em parte este empecilho, pouco tempo depois, vejo-me novamente sendo sabatinada, questionada, quanto ao exercício jornalístico de levar ao público as ações que são contrárias aos direitos da coletividade, justo por pessoas que se dizem arrogantemente terem costas quentes. O que ninguém duvida, muito menos eu, já que nada foi feito para que esta afronta fosse resolvida.

Para que não se estenda o mal entendido, para que haja uma preservação de minha integridade física, e que não permaneçam quaisquer duvidas das intenções da notícia que ofereci no sábado, 15, através dos microfones da Rádio Tupinambá, quando do desenrolar do programa Show da Manhã em relação à ocupação desrespeitosa ao PATRIMÔNIO PÚBLICO DA FONTE DA BICA com a conivência das autoridades públicas,venho através desta declaração pública, deixar claro e expresso que continuo, não conhecendo as pessoas envolvidas e que ocupam as barracas, assim como em hipótese alguma, desejei em momento algum prejudicar esta ou aquela pessoa ou tão pouco perseguir alguém. Apesar de crer por uma questão de bom senso que a cidade está repleta de pessoas que precisam ganhar suas vidas, mas que nem por isto, armam seus negócios dentro das propriedades públicas, fazendo destes locais, propriedades particulares em afrontosa atitude de posse.

O Brasil e Itaparica em particular conhecem bem de perto o que representam as perdas relativas ao coletivo, que advém dos favorecimentos dos políticos que pagam dívidas utilizando-se dos bens que são públicos, única explicação racional para que um gestor consinta numa afronta desta natureza e que os seus sucessores a ele se juntem num claro desprezo ao povo e a história do povo ao qual representam.

A questão denunciada por mim meses a fio através de meu trabalho jornalístico, é o de questionar a omissão e inoperância das  gestões Municipal e Estadual, frente a um abuso desta natureza em detrimento de toda uma cidade, apoiando assim, uma atitude agressiva, invasiva e prepotente do gestor anterior, assim como a total omissão do Ministério Público e dos membros da Casa da Cidadania, onde só existem os vereadores com a finalidade de serem a voz do povo em sua defesa de seus mais sagrados direitos e que ao contrário, silenciosamente, permitiram que tal ocupação ocorresse sem licitação e sem respeitar as normas e objetivos inerentes ao projeto original. E o que é pior, mantendo-se alheios à continuidade, mesmo sendo testemunhas das reclamações e apelos populares.

Diariamente, ao longo deste ano de 2012, chamo a atenção para o problema, lembrando as autoridades que quando são feitas concessões que ferem os direitos alheios, certamente as portas do mal feito se escancaram para que outros mal feitos se apresentem e infelizmente, dia após dia, esses mal feitos vêm se apresentando, culminando com uma séria batida policial, onde havia denúncia de que no local, Fonte da Bica, também estava sendo ocupado pelo tráfico de drogas.

Notícia esta, que dei como dou tantas outras sem em momento nenhum, afirmar ou sugerir que os proprietários das barracas estavam ou estariam envolvidos.

Minha preocupação como profissional é primeiro dar a notícia e depois, como moradora, munícipe participante do pagamento de impostos e acima de tudo apaixonada por esta cidade que escolhi para viver em paz, é o de defender as poucas relíquias que a falta de senso e respeito público ainda não conseguiram destruir.

Na Fonte da Bica, precisa-se de barracas de artesanato para que os visitantes possam levar lembranças que retratem as riquezas de Itaparica, pois bebida e comida já são oferecidos na Marina, através de dois restaurantes e uma sorveteria. Precisa-se também de segurança que deve ser oferecida por servidores da Guarda Municipal, amparados na guarda especial oferecida pela Polícia Militar à Marina como um todo.

No mais, manutenção através da limpeza e cuidados especiais de preservação da história da cidade.

Se existe o interesse de algumas autoridades em fazer agrados pessoais a quem quer que seja, que o façam sem afrontas ao Patrimônio Público e desrespeito ao povo de Itaparica que se encontra, em sua maioria, calado aos ouvidos de seus algozes, mas absolutamente afrontado em suas dignidades de cidadãos desta pequena mas rica cidade que deveria contar com o trabalho árduo de seus gestores na preservação das sua minguadas  fontes sagradas de renda, onde o turista e o veranista, ainda representam as mais tradicionais fontes de sobrevivência.

Deixo claro neste comunicado, meus propósitos profissionais, seja através da Rádio Tupinambá ou do Jornal Variedades, é o de em hipótese alguma, dispor-me hoje ou no futuro, a qualquer  envolvimento em bate-bocas com os envolvidos deste abuso patrimonial, pois meu assunto é com a questão em si e não com pessoas que insisto em afirmar que pretendo continuar não conhecendo.

Existe um velho hábito, desenvolvido pela falta de argumentação lógica e respeitosa que é a da briga e da truculência para se resolverem questões. Reservo-me, no entanto, ao direito de permanecer desenvolvendo o meu trabalho, esperando que cada qual, principalmente os agentes públicos, cumpram os seus, assim como espero sinceramente não me ver envolvida em questões pessoais de qualquer natureza.

EM TEMPO: Um Jornalista, não precisa de provas e tão pouco de autorização, seja lá de quem for para relatar ocorridos que forem públicos, conforme me foi exigido pelas pessoas que me procuraram no último sábado, no interior do estabelecimento onde trabalho.

A batida policial em busca de suposto tráfico de drogas que ocorreu na Fonte da Bica na última sexta-feira, não foi fruto de invenção ou perseguição de uma jornalista, foi um ato concreto, presenciado por inúmeras pessoas e tão somente relatado como mais um possível problema a ser enfrentado em um local onde se deveria tão somente se beber água e se apreciar a grandezas da história do povo de ITAPARICA.

 

 

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