Assusta-me
também pensar que, mais uma vez, exista a previsão, sei lá de quem, de que o
mundo se acabará no próximo dia 21 de dezembro e que ainda existam pessoas que
possam acreditar em profecias desta ou de qualquer outra natureza, baseadas em
relatos interpretativos de escritos dedutivos dos óbvios, oriundos do comportamento
seja psicológico, geológico, cósmico, metafísico ou do escambal.
Assusta-me
sobremaneira pensar relembrando o quanto senti medo quando ainda tinha apenas
10 aninhos por crer, apavorada, depois que ouvi que o mundo se acabaria,
fazendo de meu imaginário infantil, uma cascata incessante de devaneios
aterrorizantes que me roubou inúmeras noites de sono tranquilo e completo,
transformando muitos de meus instantes infantis em verdadeiros contos de
terror, onde o mar de ondas altas engoliria a praia, as ruas e as casas,
matando a todos, inclusive a mim.
Cinquenta
anos depois, novamente estou a beira-mar, tão próxima que posso sentir o seu
cheiro e sons, fazendo-me lembrar lamentosamente deste período de minha
infância, que foi danificada pela estupidez da criatura humana que insistente,
desconsidera o imaginário de si própria, fazendo dele arma devastadora que se
não mata, fere grotescamente, tendo como único propósito, ser um tolo e nada
mais.
Assusta-me
pensar no Natal da ainda fome que assola a humanidade, do Natal da ainda
violência que nos caracteriza e com a qual nos tornamos vítimas e algozes, do
Natal da ainda inconsequência de não sabermos quem somos e por que existimos neste
universo, aí sim, misterioso e gigantesco, capaz de nos inspirar a escrever
poemas, músicas e mil histórias, até mesmo idiotas e sem propósitos racionais,
como as insistentes histórias do fim de si mesmo, mas ainda incapaz de nos
fazer humanos.
Humanos no reconhecimento da
complexidade deste todo que nos abriga, na grandiosidade que se apresenta em
todos os tipos de vida, na simplicidade que deveríamos ter na condução de
nossas próprias vidas, na interação amorosa que não doamos no convívio com
outras vidas e na sempre incerteza que impomos às nossas vidas, pela inércia de
verdadeiramente, não termos coragem de nos dispor a viver nossas próprias vidas
sem, a elas, adicionarmos tolices, alegorias desnecessárias que, se em dados
momentos, suscitam sorrisos, bem estar e
ilusões, em momentos outros, assustam, flagelam e fazem chorar, transformando em pesadelos, o
tudo complexo, matematicamente calculável, cientificamente explicável,
filosoficamente belo, que somos e representamos, como ínfima partícula deste
universo poderoso.
Assusta-me pensar no quanto ainda
somos ingênuos, abusados e inconsequentes. Todavia, se eu estiver errada em
minhas avaliações e, se o mundo desta vez se acabar no próximo dia 21/12/2012,
espero que pelo menos sobrevivam as nossas mais generosas vibrações energéticas,
para que tenhamos a chance de renascermos
em uma nova vida e em um novo tempo, para imprimirmos nela, o Por do Sol
para que possamos buscar, constantes
renovações.
O amanhecer para um sempre novo despertar da
capacidade amorosa que, afinal, reside em todos nós, elaborando assim uma nova
era, onde nós, humanos, sejamos capazes de respeitar toda e qualquer
expressabilidade de vida, para que ela não se acabe, nem mesmo em profecias ou
devaneios, permitindo assim, que ela, naturalmente se transmute no presente do
subjuntivo, em um ciclo magnífico de pura vida, cujo guia venha a ser sempre a autêntica
naturalidade, acompanhada da bendita e absolutamente necessária, liberdade.
Para quem conseguir sobreviver ao
próximo fim de mundo, imposto pela mídia, pelos tolos ou pelos desesperançados,
o meu sincero FELIZ NATAL, onde cada amanhecer signifique tão somente, um puro,
simples, divino e grandioso:
- BOM DIA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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