Por três
vezes em minha modesta, mas absolutamente séria vida, senti-me invadida e
violada nos meus direitos profissionais.
A primeira,
ocorreu no auge da ditadura militar, onde a truculência e a arrogância,
imperavam, esmagando valores pessoais e sociais da mais alta importância
para o bem estar coletivo, impedindo-me, em dado momento, por uma censura
descabida e violenta, de dar continuidade ao exercício de minha profissão de cronista,
que perdurou até meados dos anos 80.
Desolada e
também vivamente amedrontada, parti para outras atividades, ainda dando graças
ao bom Deus por não ter tido o fim de tantos outros, inclusive, que vi sucumbirem
na ponta das baionetas e dos fuzis de loucos assassinos que se valiam das
costas quentes de um militarismo cego, para exercer seus animalescos propósitos
de se sentirem fortes.
Trinta e
tantos anos depois, quando pensava que jamais experimentaria vivenciar qualquer
situação parecida, mesmo que em diminuta apresentação, sou novamente
questionada em meu supremo direito de informar, analisar e oferecer opções,
dentro de um espírito crítico com o qual se desenvolve o trabalho de uma
cronista social.
Assustei-me,
é claro, diante da autoridade que não possuía prestígio para afastar-me de meu
ofício, tão somente, exerceu sobre minha pessoa, as comuns pressões do
autoritarismo que, infelizmente, ficou como herança aos funcionários públicos
de carreira, que por se encontrarem no estatus de autoridades, se creem acima
do bem e do mal e intocáveis.
Superado em
parte este empecilho, pouco tempo depois, vejo-me novamente sendo sabatinada,
questionada, quanto ao exercício jornalístico de levar ao público as ações que
são contrárias aos direitos da coletividade, justo por pessoas que se dizem
arrogantemente terem costas quentes. O que ninguém duvida, muito menos eu, já
que nada foi feito para que esta afronta fosse resolvida.
Para que não
se estenda o mal entendido, para que haja uma preservação de minha integridade
física, e que não permaneçam quaisquer duvidas das intenções da notícia que
ofereci no sábado, 15, através dos microfones da Rádio Tupinambá, quando do desenrolar
do programa Show da Manhã em relação à ocupação desrespeitosa ao PATRIMÔNIO
PÚBLICO DA FONTE DA BICA com a conivência das autoridades públicas,venho
através desta declaração pública, deixar claro e expresso que continuo, não conhecendo
as pessoas envolvidas e que ocupam as barracas, assim como em hipótese alguma,
desejei em momento algum prejudicar esta ou aquela pessoa ou tão pouco perseguir
alguém. Apesar de crer por uma questão de bom senso que a cidade está repleta
de pessoas que precisam ganhar suas vidas, mas que nem por isto, armam seus
negócios dentro das propriedades públicas, fazendo destes locais, propriedades
particulares em afrontosa atitude de posse.
O Brasil e
Itaparica em particular conhecem bem de perto o que representam as perdas relativas
ao coletivo, que advém dos favorecimentos dos políticos que pagam dívidas
utilizando-se dos bens que são públicos, única explicação racional para que um
gestor consinta numa afronta desta natureza e que os seus sucessores a ele se
juntem num claro desprezo ao povo e a história do povo ao qual representam.
A questão
denunciada por mim meses a fio através de meu trabalho jornalístico, é o de
questionar a omissão e inoperância das gestões Municipal e Estadual, frente a um
abuso desta natureza em detrimento de toda uma cidade, apoiando assim, uma
atitude agressiva, invasiva e prepotente do gestor anterior, assim como a total
omissão do Ministério Público e dos membros da Casa da Cidadania, onde só
existem os vereadores com a finalidade de serem a voz do povo em sua defesa de
seus mais sagrados direitos e que ao contrário, silenciosamente, permitiram que
tal ocupação ocorresse sem licitação e sem respeitar as normas e objetivos
inerentes ao projeto original. E o que é pior, mantendo-se alheios à
continuidade, mesmo sendo testemunhas das reclamações e apelos populares.
Diariamente,
ao longo deste ano de 2012, chamo a atenção para o problema, lembrando as
autoridades que quando são feitas concessões que ferem os direitos alheios,
certamente as portas do mal feito se escancaram para que outros mal feitos se
apresentem e infelizmente, dia após dia, esses mal feitos vêm se apresentando,
culminando com uma séria batida policial, onde havia denúncia de que no local, Fonte
da Bica, também estava sendo ocupado pelo tráfico de drogas.
Notícia
esta, que dei como dou tantas outras sem em momento nenhum, afirmar ou sugerir
que os proprietários das barracas estavam ou estariam envolvidos.
Minha
preocupação como profissional é primeiro dar a notícia e depois, como moradora,
munícipe participante do pagamento de impostos e acima de tudo apaixonada por
esta cidade que escolhi para viver em paz, é o de defender as poucas relíquias
que a falta de senso e respeito público ainda não conseguiram destruir.
Na Fonte da
Bica, precisa-se de barracas de artesanato para que os visitantes possam levar
lembranças que retratem as riquezas de Itaparica, pois bebida e comida já são
oferecidos na Marina, através de dois restaurantes e uma sorveteria. Precisa-se
também de segurança que deve ser oferecida por servidores da Guarda Municipal,
amparados na guarda especial oferecida pela Polícia Militar à Marina como um
todo.
No mais, manutenção
através da limpeza e cuidados especiais de preservação da história da cidade.
Se existe o
interesse de algumas autoridades em fazer agrados pessoais a quem quer que
seja, que o façam sem afrontas ao Patrimônio Público e desrespeito ao povo de
Itaparica que se encontra, em sua maioria, calado aos ouvidos de seus algozes,
mas absolutamente afrontado em suas dignidades de cidadãos desta pequena mas
rica cidade que deveria contar com o trabalho árduo de seus gestores na preservação
das sua minguadas fontes sagradas de
renda, onde o turista e o veranista, ainda representam as mais tradicionais fontes
de sobrevivência.
Deixo claro
neste comunicado, meus propósitos profissionais, seja através da Rádio
Tupinambá ou do Jornal Variedades, é o de em hipótese alguma, dispor-me hoje ou
no futuro, a qualquer envolvimento em bate-bocas
com os envolvidos deste abuso patrimonial, pois meu assunto é com a questão em
si e não com pessoas que insisto em afirmar que pretendo continuar não
conhecendo.
Existe um
velho hábito, desenvolvido pela falta de argumentação lógica e respeitosa que é
a da briga e da truculência para se resolverem questões. Reservo-me, no
entanto, ao direito de permanecer desenvolvendo o meu trabalho, esperando que
cada qual, principalmente os agentes públicos, cumpram os seus, assim como
espero sinceramente não me ver envolvida em questões pessoais de qualquer
natureza.
EM TEMPO: Um
Jornalista, não precisa de provas e tão pouco de autorização, seja lá de quem for
para relatar ocorridos que forem públicos, conforme me foi exigido pelas
pessoas que me procuraram no último sábado, no interior do estabelecimento onde
trabalho.
A batida
policial em busca de suposto tráfico de drogas que ocorreu na Fonte da Bica na
última sexta-feira, não foi fruto de invenção ou perseguição de uma jornalista,
foi um ato concreto, presenciado por inúmeras pessoas e tão somente relatado
como mais um possível problema a ser enfrentado em um local onde se deveria tão
somente se beber água e se apreciar a grandezas da história do povo de
ITAPARICA.