sexta-feira, 16 de novembro de 2012

SILÊNCIO BENDITO


 
Pouco a pouco a casa foi silenciando e os sons externos da natureza foram adentrando, enchendo os espaços e induzindo-me a pensar e a sentir que não havia mais paredes, qualquer barreira em uma transcendência natural.

De olhos fechados, pude escrever na mente tudo quanto agora, neste instante, sou capaz de registrar em palavras, buscando escrevê-las com toda a carga das emoções sentidas, pensando que talvez, seja esta a única capacidade do escrevinhador, que é justo, transcrever suas espantosas observações, antes de permitir seus envios ao seu próprio interior mental, criando assim a cada instante para si, a imortalidade explicitada em versos e prosa.

Bendito silêncio que faz de mim um ser imortal, instigando-me a ouvir bem mais que o corriqueiro, a sentir bem mais que o banal, a querer bem mais por todo o tempo sem, no entanto, instigar-me aos devaneios da brutal ansiedade que constrói miragens, cobrindo com seu véu invisível, as realidades.

Em dados momentos como acontece agora, a realidade dos sons e dos aromas são  tão reais a minha mente criativa, que interrompo a escrita e ponho-me a sentir o perfume abusado das rosas e a escutar os grilo afoitos que de tanto cantarem, dão-me a impressão de estarem  entre as fibras  de meus tapetes em um carnaval  de muita alegria, fazendo-me crer que através dos aromas e dos sons, transcendeu-se o tudo mais, e que, enfim, o tudo de bom, tornou-se uma coisa só.

Penso então em Deus, tão falado e esquecido, quase nunca é enxergado e muito menos sentido, seja no simples ou no comum do todo instante, e, muito menos, na transcendência da mente.

Que nesta sexta-feira, você que me lê neste instante, consiga despertar a sua vontade voluntária em desejar e buscar o seu silêncio bendito, fazendo com ele a sua viagem de vida e liberdade mental entre os sons e as cores, deste fim de outono magnífico.

 

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