segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

DISCURSOS E NADA MAIS


Nada como uma segunda-feira gorda de carnaval, depois de um saudável e seguro banho nas águas mornas de Itaparica, para deixar a mente já descansada, voltar ao raciocínio das coisas práticas da vida e, não há nada mais empírico do que a nossa alienação, enquanto cidadão.
Habituamos a nossa mente e chamamos isto de cultura, tão somente, acolhermos o que na verdade nos empolga, nos impressiona com cores, brilhos e sons, que mais do que entorpecer nossos sofrimentos sistêmicos, ainda nos estimula a acreditar no intangível, já que verdadeiramente, lá no fundo da mente, muito disfarçado, se encontra a negação ao certo e ao ponderável.
Duro ter que admitir que somos um povo com forte tendência ao mau-caráter, repletos de artifícios que se desdobra em camuflagens, só para disfarçar nossa necessidade sempre presente de escolhermos o pior que existe, como reflexos de nós mesmos.
Única e consistente razão que encontro para justificar a não escolha de políticos que apresentem ao invés de promessas de contos de fadas, propostas sérias e renovadoras.
Buscamos o lúdico, o imponderável, buscamos um mar se abrindo, como redenção, quem sabe de nós mesmos, por sermos incapazes de deixarmos de lado nossos vícios e pecados, para então, elegermos um Deus salvador.
Queremos o certo, o coletivo, o respeitável?
Queremos propósitos, leis e punição?
Queremos segurança, bem-estar e educação?
Queremos liberdade ao invés da libertinagem?
Queremos ordem, disciplina e bom senso?
Talvez queiramos tudo isso e com certeza, bem mais, ao pé dos palanques, em prosas e em poesias, flamulando bandeiras em noites estreladas.
Mas o que verdadeiramente nos completa é o tudo mais que nossas escolhas nos ofertam ao som do trio elétrico, com gosto de cerveja, resvalando nossos corpos uns nos outros, fantasiando alegrias de tão somente, ocasião.
Somos os mestres dos discursos, das piadas de salão.
Somos troncos sem raízes.
Somos uma terra fértil, sem chão.
Vivemos como as estrelas, perdidos na multidão, sem um céu que nos abrigue, restando-nos unicamente, a ilusão.


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