Nada como
uma segunda-feira gorda de carnaval, depois de um saudável e seguro banho nas
águas mornas de Itaparica, para deixar a mente já descansada, voltar ao raciocínio
das coisas práticas da vida e, não há nada mais empírico do que a nossa alienação,
enquanto cidadão.
Habituamos a
nossa mente e chamamos isto de cultura, tão somente, acolhermos o que na
verdade nos empolga, nos impressiona com cores, brilhos e sons, que mais do que
entorpecer nossos sofrimentos sistêmicos, ainda nos estimula a acreditar no
intangível, já que verdadeiramente, lá no fundo da mente, muito disfarçado, se
encontra a negação ao certo e ao ponderável.
Duro ter que
admitir que somos um povo com forte tendência ao mau-caráter, repletos de
artifícios que se desdobra em camuflagens, só para disfarçar nossa necessidade
sempre presente de escolhermos o pior que existe, como reflexos de nós mesmos.
Única e consistente
razão que encontro para justificar a não escolha de políticos que apresentem ao
invés de promessas de contos de fadas, propostas sérias e renovadoras.
Buscamos o
lúdico, o imponderável, buscamos um mar se abrindo, como redenção, quem sabe de
nós mesmos, por sermos incapazes de deixarmos de lado nossos vícios e pecados,
para então, elegermos um Deus salvador.
Queremos o
certo, o coletivo, o respeitável?
Queremos propósitos,
leis e punição?
Queremos
segurança, bem-estar e educação?
Queremos
liberdade ao invés da libertinagem?
Queremos
ordem, disciplina e bom senso?
Talvez
queiramos tudo isso e com certeza, bem mais, ao pé dos palanques, em prosas e
em poesias, flamulando bandeiras em noites estreladas.
Mas o que
verdadeiramente nos completa é o tudo mais que nossas escolhas nos ofertam ao
som do trio elétrico, com gosto de cerveja, resvalando nossos corpos uns nos
outros, fantasiando alegrias de tão somente, ocasião.
Somos os
mestres dos discursos, das piadas de salão.
Somos
troncos sem raízes.
Somos uma
terra fértil, sem
chão.
Vivemos
como as estrelas, perdidos na multidão, sem um céu que nos abrigue, restando-nos
unicamente, a ilusão.
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