Neste
instante, aparentemente sozinha, acabo de me lembrar com um sorriso de alegria
dos anos que vivi em Brasília, dos poucos e preciosos amigos, do meu início
profissional, despertando em mim uma paixão enorme pelo jornalismo, que
alimento até os dias de hoje, das “loucuras” que dividi com Roberto e Consuelo
Vellasco, na busca, muitas vezes irresponsável, de três jovens numa cidade de
grandes espaços e quase nada para se fazer, naquela época, é claro, e do filho
Luiz Cláudio, prêmio maior que ganhei nos cinco anos de minha vida vividos
naquela cidade que, confesso, não choro de saudades, mas que sem dúvidas foi o
precioso início de tudo.
As loucuras
se expressavam na minha paixão por automóveis e velocidade que me levavam a
arrastar a amiga, parceira e irmã de alma, pelas avenidas enormes e desertas,
na busca, e sempre encontrando, de algum outro, talvez na mesma paixão ou
solidão, para juntos fazermos “pegas memoráveis”.
Você se
lembra Consuelo, das gargalhadas fáceis, da adrenalina empolgante e do medinho
da polícia, sempre atenta?
E do policial
de moto que me perseguiu e que beijei na porta do Diário de Brasília, tudo para
não pagar a multa por excesso de velocidade?
O coitado
achou que eu era maluca, enfiou o capacete e disparou em retirada sob os
aplausos da turma de funcionários que, naquele momento, retornava do almoço.
E das nossas
idas à fazenda que comprei em Santo Antônio do Descoberto, naquela época
tranquila e pouco habitada por sítios e fazendas?
Lembro das Seriemas
que corriam na frente do carro, do meu cãozinho pequenez Dino, que ao chegar,
punha-se a tentar pegar sem jamais conseguir pegar um só frango e que, cansado,
deixava-se descansar deitando-se sobre as águas frescas das inúmeras nascentes
que por lá existiam. Na realidade, creio que o barato dele era, tão somente, a
corrida.
Lembro
saudosa de lindas criaturas como, por exemplo, Karim Nabut, meu primeiro grande
cliente, Ivo Borges de Lima, Geraldo Vasconcelos, Dr. Ribamar, deputado Ricardo
fiuza, Montenegro, Willian Anoni, Maria Regina (falecida ainda uma menina de 23
anos), Cláudio Pszolato, a linda secretária Joana e tantas e tantas outras pessoas com as quais convivemos
e que a memória me falha quanto aos nomes, mantendo vivo seus semblantes e seus
sorrisos, que naqueles inesquecíveis momentos, enriqueceram os nossos universos
pessoais.
Fecho estas
recordações lembrando do sabor das moelas ao molho de tomate que a turma do
jornal comia pelas madrugadas após o fechamento das edições no” boteco do
Marcos”, uma espelunca acolhedora, onde eu cantava por insistência do Ivo,
acompanhada pelo som maravilhoso de um violão, tocado por um colega. Era uma
festa a cada fim de trabalho.
Andávamos em
bando pelas madrugadas estreladas numa irmandade nunca mais vivida.
Pescarias à
beira dos rios, piqueniques na pequena cachoeira com os mosquitos nos
devorando, enfim, tudo era simplesmente maravilhoso.
São tantos
os instantes de lembranças que eu precisaria de muitas laudas, portanto,
encerro agora com a bela tela de um dos muitos “pores de sol” que fascinada
admirei e retive na memória.
E tudo isso em plena ditadura
militar...
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