Quando a
senhora morte chega próximo, acordamos de um sono induzido que nos faz encarar
a simples e incontestável realidade de nossa finitude.
Foram muitas
as ocasiões em que escrevi e também discursei com palavras aparentemente
sensatas de minha total aceitação, quanto, a chegada sem aviso prévio desta
senhora, mas confesso que eram apenas falácias consoladoras que buscavam
camuflar se não o medo, pelo menos a minha indignação.
Morrer !!!!
Que desperdício...
Afinal, na
calada de minha mente, sempre residiu a quase tristeza de saber que em algum
momento, estaria dando adeus a esta maravilha que é viver.
Tristeza ou
talvez, apenas agonia, por não saber o que realmente me aguarda e terror só em
pensar, que nada mais pode ocorrer, ficando as expectativas pregadas, apenas
como um bálsamo consolador pelo sempre mistério de não saber, nem de onde vim e
tão pouco para onde vou.
O que me
importa realmente saber?
Fico neste
instante a me perguntar, crendo, que até isto é tão somente, um consolo pela ignorância
que me assola.
E na
esquizofrenia que me domina, frente a este quase medo que insiste empanar
sorrateira a minha total alegria de estar vivendo, alimento meus parceiros
invisíveis aos demais, energias benditas que a cada instante, iluminam meu caminhar
nesta existência, real e palpável, onde tudo é incerteza, menos a visita da
senhora morte.
Assim, vou
vivendo cada instante como se fosse o único, na certeza absoluta de que cada
amanhecer é um brinde que me é oferecido pela vida, mas que pode ser o último
e, portanto, não posso desperdiçar deixando que o medo da finitude, tire de mim
o prazer de apenas existir.
Diante da
finitude de alguém que amamos, nos deparamos com a vida nos estimulando a
prosseguir, porque afinal, a vida é bonita é bonita e é bonita e cada qual,
nela, tem o seu tempo e seu espaço.