Na
realidade, quanto mais se dorme, mais se quer dormir, e esta sensação de
preguiça que para muitos é um prazer, para mim é desagradável e, portanto,
vivam as diferenças de hábitos e gostos.
Olho através
da janela e vejo uma manhã de domingo ainda nublada e penso na praia, na
cervejinha gelada e na festa programada na praça, e mesmo podendo viver o dia
de hoje sem tudo isso, naturalmente penso naqueles que, diferentemente de mim,
provavelmente sofrerão um dia e uma noite de tédio, caso o sol não apareça e a
festa seja adiada.
E por falar
em sol, lá está ele valente, rompendo nuvens e se impondo sobre os telhados
mais altos e talvez por esta razão, ouço romperem a uma certa distância fogos
de artifício, levando-me a crer que assim como eu, havia mais alguém observando
o tempo, lá fora.
São seis
horas da manhã e acostumada que sou em observar a chegada do sol, nada me
surpreenderá se em breve sua teimosia em aparecer seja mais forte que a
previsão de qualquer especialista, vencendo assim a presença carregada das
nuvens, nem sempre passageiras.
Não sei
quando, nem porque, o ser humano começou a não conseguir ficar sozinho, fazendo
da solidão um inimigo feroz, criando ansiedades profundas e com isto afastando
de si as infinitas possibilidades em ter como companhia a si próprio e poderem
conhecer juntinhos melhor a vida que dispõem, não abrindo espaço para qualquer
desatenção, porque afinal, a vida é bonita, é bonita e é bonita, e merece ser explorada
nos mínimos detalhes.
Enquanto me
distraía escrevendo ao som dos pássaros cantadores, o sol estrategicamente,
como numa batalha, recuou os flancos, provavelmente para ganhar mais força para
a próxima investida, não é assim que também fazemos muitas vezes em nossas
batalhas cotidianas, fingindo-nos de mortos ou feridos, tão somente para
distrairmos nosso adversário?
Enquanto o
universo resolve sua batalha em relação ao tempo deste domingo itaparicano,
reconheço um fundinho no estômago que também me lembra que é hora do café da
manhã e que saco vazio não para de pé.
Um bom dia à
todos e que com sol ou chuva, este domingo seja de absoluta paz e que seja
possível, mesmo na praia com a companhia da cerveja gelada, apenas um minuto,
onde você se reconheça sozinho e aprecie sua própria companhia.
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