domingo, 14 de setembro de 2014

DORMI DEMAIS


 Esta noite foi longa para mim, afinal, fugindo à regra, dormi mais que a cama. Talvez por este fato, eu esteja assim, meio que chumbada, com os olhos pesados e o corpo com aquele apelo de quero mais.
Na realidade, quanto mais se dorme, mais se quer dormir, e esta sensação de preguiça que para muitos é um prazer, para mim é desagradável e, portanto, vivam as diferenças de hábitos e gostos.
Olho através da janela e vejo uma manhã de domingo ainda nublada e penso na praia, na cervejinha gelada e na festa programada na praça, e mesmo podendo viver o dia de hoje sem tudo isso, naturalmente penso naqueles que, diferentemente de mim, provavelmente sofrerão um dia e uma noite de tédio, caso o sol não apareça e a festa seja adiada.
E por falar em sol, lá está ele valente, rompendo nuvens e se impondo sobre os telhados mais altos e talvez por esta razão, ouço romperem a uma certa distância fogos de artifício, levando-me a crer que assim como eu, havia mais alguém observando o tempo, lá fora.
São seis horas da manhã e acostumada que sou em observar a chegada do sol, nada me surpreenderá se em breve sua teimosia em aparecer seja mais forte que a previsão de qualquer especialista, vencendo assim a presença carregada das nuvens, nem sempre passageiras.
Não sei quando, nem porque, o ser humano começou a não conseguir ficar sozinho, fazendo da solidão um inimigo feroz, criando ansiedades profundas e com isto afastando de si as infinitas possibilidades em ter como companhia a si próprio e poderem conhecer juntinhos melhor a vida que dispõem, não abrindo espaço para qualquer desatenção, porque afinal, a vida é bonita, é bonita e é bonita, e merece ser explorada nos mínimos detalhes.
Enquanto me distraía escrevendo ao som dos pássaros cantadores, o sol estrategicamente, como numa batalha, recuou os flancos, provavelmente para ganhar mais força para a próxima investida, não é assim que também fazemos muitas vezes em nossas batalhas cotidianas, fingindo-nos de mortos ou feridos, tão somente para distrairmos nosso adversário?
Enquanto o universo resolve sua batalha em relação ao tempo deste domingo itaparicano, reconheço um fundinho no estômago que também me lembra que é hora do café da manhã e que saco vazio não para de pé.
Um bom dia à todos e que com sol ou chuva, este domingo seja de absoluta paz e que seja possível, mesmo na praia com a companhia da cerveja gelada, apenas um minuto, onde você se reconheça sozinho e aprecie sua própria companhia.




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