Posso escrever toda a emoção possível de ser sentida nesta
semana que antecede aos casamentos de meus dois filhos, Luiz Cláudio e Anna
Paula, justo porque são sentimentos que venho construindo ao longo de minha
vida, principalmente a partir de quando começaram a dar seus primeiros passinhos
e através de cada um, dos sorrisos ou das primeiras palavras, desenhei em minha mente, mil vezes
como que ensaiando, os caminhos que como mãe coruja, delineava para cada um
deles.
Não houve em cada olhar ou toque materno, um instante
sequer, onde eu não desejasse ser capaz de cria-los com a devoção necessária
para que se transformassem em pessoas que fossem capazes de doar e receber amor,
viesse de onde viesse, porque sempre compreendi ser este o caminho mais suave
de nos tornarmos criaturas humanas mais felizes.
Jamais os vi como pessoas ricas e poderosas nos meus desejos
de mãe zelosa, via-os sempre, sim, como pessoas produtivas, buscando seus
sonhos e transformando-os em projetos.
Jamais os via como padrões de beleza a ser copiada com o meu
olhar de mãe apaixonada, optando em vê-los distintos e elegantes no trato de
qualquer natureza, sabendo como poetas do cotidiano, declamar coragem a si
mesmos.
Quis, apenas, vê-los crescer repletos de entusiasmo pela
própria vida, aprendendo a valorizar cada pequena conquista como se fosse a
maior de todas, transformando assim, seus minutos presentes numa palheta de
cores e, de suas vontades voluntárias, seus pincéis, colorindo suas existências.
Vê-los crescer foi extremamente gratificante, pois pude ir
percebendo o quanto foram capazes de tão somente absorverem o melhor que fomos
capazes de repassar, através de ensinamentos práticos e de afetos explícitos,
mas acima de tudo, através da verdade sobre nós mesmos, nossas inseguranças e
medos que jamais deles foram ocultados,
porque compreendíamos que somente através da clareza e da verdade, chegaríamos
aos seus corações.
Expusemos nossos erros e falhas, fazendo de cada um deles,
moldes reais do que não deveriam fazer, criando assim, laços sólidos de uma
profunda amizade, de um imenso respeito, numa troca de aprendizado limpo e
transparente, abrindo assim, espaço para o bendito senso de interação
participativa que ampliou e consolidou o senso de pertencimento mútuo em
família, onde cada um de nós foi se tornando guardião amoroso do outro.
Acordei neste instante, absolutamente certa de que mais do
que sermos exemplos do ideal de pais, fomos nos tornando casulos quentes e
seguros, num jardim amplo e ensolarado de amor, assim como uma espécie de céu
brilhante para que nossos filhos em seus imaginários pessoais, traçassem e
seguissem seus próprios caminhos nesta vida tão bonita para ser vivenciada.
Fomos amigos e parceiros, mas, acima de tudo, não abrimos
mão de sermos pais, exercendo autoridade, contrariando vontades, ajustando
emoções.
Particularmente, apliquei muitas palmadas e castigos, falei
alto e me irritei contrariando, por completo, todos os caminhos sugeridos pela
psicologia que, eu tanto conhecia através de meus estudos, levando-me em certas
ocasiões a, até mesmo, questionar meus métodos, crendo estar sendo retrógrada
exigente e totalmente na contra mão de uma nova era. Confesso que temi muitas
vezes por um provável fracasso, principalmente nos momentos em que as reações
foram adversas.
Qual nada, não demorava muito, lá estavam eles reconhecendo
seus limites, seus abusos, suas necessidades de, muitos ainda, aprendizados.
E agora, vendo-os com 40 e 26 anos, com total autonomia,
construindo suas próprias famílias, confesso que é muito bom, é bom demais!!!!!
No final das contas,
tudo deu certo e só podemos agradecer ao
universo, afirmando sem qualquer dúvida, que a vida é bonita ,é bonita e é
bonita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário