O problema que existe em Itaparica em relação a total
insegurança que está tirando a cada dia o direito do povo de ir e vir com um
pouco de paz, não está resumida na falta de delegados ou de policiais e sim no
total abandono por parte do Governo do Estado e na inércia de nossos representantes
junto às lideranças políticas que por aqui aportaram em busca de votos e que,
certamente, voltarão nos próximos meses, quando das eleições que acontecerão no
próximo mês outubro.
Reconhecidamente se formos justos na análise deste problema
que atinge a todos nós, observaremos que além deste abandono, também nos faltam
profissionais da polícia verdadeiramente empenhados em suas funções, haja vista
que em algumas raras ocasiões tivemos certa calmaria.
Por outro lado, não houve uma verdadeira adesão de apoio à
classe, já que a mesma, também em raras ocasiões, se dispôs a manter um vínculo
mais próximo com a população e com as autoridades políticas, permanecendo cada
qual em seus casulos, o que é totalmente fora de lógica em um Município
pequeno, relativamente fácil de ser administrado em todos os sentidos e onde
pela lógica existencial e humana, todos de alguma forma se conhecem e,
portanto, deveriam estar unidos frente a qualquer possível inimigo.
E a violência física e emocional será sempre em qualquer
sociedade o maior inimigo, pois deriva-se basicamente da deseducação e
consequente ignorância vivencial de seu povo, alimentando, assim, a
continuidade crescente e devastadora de todo tipo de inadequação postural, seja
social, política, religiosa ou o que pudermos observar, pois todos estes
segmentos, infelizmente, foram jogados em um só balaio de corrupção e
vandalismos por todo o nosso país e que, naturalmente, nos atinge sem dó e sem
piedade.
Particularmente, no início deste mês de março, propomos a
formação de um Conselho de Segurança Pública que viesse de forma inédita
dedicar-se a justamente trabalhar as carências deste setor de profunda
importância para o Município, deixando claro da necessidade das pessoas que
possuem algum poder ou prestígio se unir a nós, deixando os partidarismos, as
vaidades, as possíveis antipatias pessoais e etc. e tal, num plano de menor
importância, visando-se apenas a busca do bem comum nesta área, mas
reconhecendo que teríamos de atingir com olhos de águia e coração de mãe, todos
os demais setores sociais de nosso Município.
Bem, resumindo, apenas aquelas pessoas que diretamente
procurei aceitaram participar deste movimento cujo nome pode ser igual a tantos
outros que se seguiram em outras ocasiões, mas que desta vez, tem como objetivo
ser estruturado sobre outro prisma, ficando de fora, toda uma população de
políticos, comerciantes, formadores de opinião de vários seguimentos, que se
tomaram conhecimento da proposta, sequer se interessaram em saber exatamente do
que se tratava.
Vale ressaltar que foi amplamente divulgado através da Rádio
Tupinambá desde o mês de fevereiro de 2014.
Portanto, por uma questão de lógica racional deixo algumas
perguntas para que se puderem me ajudem a encontrar as respostas:
Por que não houve sequer curiosidade por parte destas
pessoas, algumas até mesmo vítimas desta violência?
Quem inventou que político para agir em favor dos interesses
do povo, só o faz se motivado em particular?
Quem determinou que por ser autoridade, cada policial, seja
civil ou militar, precisa se esconder por trás de títulos, cargos ou uniformes,
coagindo a população em geral, quando deveriam a ela se unir em prol de uma
harmoniosa e participativa convivência?
Quem inventou que autoridade pública é um espécime raro,
intocável e acima de suas próprias atribuições de trabalho?
Por que as pessoas viciaram-se nos seminários, convenções e
todo tipo de salamaleques e discriminam as ações simples e humanas de tão
somente terem-se propósitos e serem fiéis a eles?
Pois o que constato nestes doze, quase treze anos em que
estou à frente de meios de comunicação neste Paraíso terrestre que chamamos de
Itaparica é justo uma população dita carente, mas altamente participativa e
sempre pronta a se juntar seja lá no que for em prol da solidariedade,
enquanto, os chiques e poderosos se mantém silenciosos e tão somente se
lamentando, culpando este ou aquele, principalmente se não atendem aos seus
interesses pessoais, políticos ou ambos, numa cegueira inexplicável, que
infelizmente gerou e gera aparthaids sociais, mãe poderosa de todo e qualquer
tipo de violência.
E aí, inevitavelmente, como filósofa social e membro desta
comunidade que amo, penso no quanto perdemos em qualidade de vida e grandeza de
propósitos com toda esta cegueira e mesquinhez social.
Ainda não contamos, mas neste mês de março, até o presente
momento, já conseguimos uma sala quase completa de alimentos não perecíveis,
oriundos em sua esmagadora maioria de pessoas e comerciantes simples, residentes
em bairros carentes que não pensaram duas vezes para abrirem suas despensas e
seus corações para amenizarem a fome alheia, um dos principais motivadores da
violência.
Esta é a força da comunicação séria, despertando consciências,
alterando posturas.
Tenho ouvido que o itaparicano não é mais bobo e que nas
eleições vai fazer a diferença. Prefiro achar que o Itaparicano jamais foi
bobo, apenas ingênuo e meio adormecido e que aos poucos, com as devidas
motivações, vem despertando para a sua própria dignidade pessoal, partindo de
si mesmo, através de suas posturas.
Violência é uma somatória de ações não realizadas, com as
quais se constrói uma civilização, uma história, um momento.
- Quem quer faz a hora, não espera acontecer!
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