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Meus sentidos
sempre precisaram de novas experiências para que minha mente e o meu todo de
criatura naturalmente curiosa estivessem satisfeitos, portanto, jamais me
prendi como se em mim houvesse uma pesada âncora.
Gosto de
apreciar e de registrar novos horizontes, degustar novos sabores, sentir
surpreendentes aromas, e também, deliciar-me com o contato de novas texturas e isto
só é possível quando se é verdadeiramente livre para conhecer, desfrutar,
sabendo que posso retornar às benditas escolhas que elegi como fundamentais,
sem as quais, verdadeiramente, não saberia e com certeza não viveria tão bem,
como vivo.
A autêntica
liberdade, creio eu, não é sair por sair, desfrutar sem propósitos e sentir
aleatoriamente em forma de compulsão contínua, tudo quanto a vida pode me
oferecer como se houvesse uma permanente fome existencial a ser dominada, não,
ao contrário, sentir-me livre é, antes de tudo, ser comedida nos meus anseios,
parcimoniosa nas observâncias de meus próprios desejos e, acima de tudo, ser
capaz de distinguir as estações, jamais arriscando meu barco existencial em mares
desconhecidos sem o devido planejamento, afinal, nem sempre o apaixonante me é
o ideal.
Estou há
quatro dias fora de minha Itaparica, de meu trabalho, enfim, de minha seara e
já sinto uma saudade imensa que me cutuca, induzindo-me carinhosamente ao
retorno e, é claro, não resisto, afinal, já provei do desconhecido, sorvi as
delícias das novidades e pude registrar
tudo quanto a minha sensibilidade foi capaz, agora, tá na hora de voltar
levando comigo a certeza absoluta que vivi instantes inesquecíveis, em lugares
que talvez não digam nada à outros, mas que para mim foram surpreendentes.
Gosto de
fechar os meus olhos e recordar sem saudades. Adoro pensar que sou capaz de
resgatar através de minhas lembranças, os anoiteceres e amanheceres, os
perfumes diferenciados das praias, dos jardins, das pessoas, enfim de cada
instante em que me permiti sentir sem a insegurança da posse.
Gosto de
pensar que relembrando ou vivenciando, posso a qualquer instante, voltar. E eu,
estou voltando, mais rica e mais encantada desta viajem de aparentes óbvios que
me foram surpreendentes novidades.
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