Finalmente o
outono chegou, trazendo com ele as chuvas benditas que nos faltou no verão e,
então, é possível ver ressurgirem mais entusiasmadas as cores no jardim e, até
mesmo, alguns frutos se despertam como as do conde que saboreio fascinada,
diariamente.
Diferentemente
de todo o restante em que as estações influenciam, os novos modos e costumes
estão lá fora me esperando e, por mais resistente que eu esteja sendo, os novos
hábitos forçam passagem, e mesmo pelas frestas das portas e das janelas, irrompem
casa adentro, nem percebendo o jardim, nem sequer pedindo licença.
Novos
tempos, novas ideias que, impiedosas, adentram em todo o meu ser, buscando
arduamente quebrar os meus conceitos sem me permitir pensar, no sempre
arrogante imediatismo jovem, que não mede consequências, apenas chegando e se
instalando como águas de uma cachoeira a despencar montanha a baixo, revelando-se
nos obstáculos que encontra pelo caminho.
Com o olhar
de quem muito já foi capaz de ver, mas que também ávida quer muito mais
enxergar, fixo a rosa teimosa, mas absolutamente cheirosa que resiste à brava
chuva, ao vento frio e a solidão, apenas e, tão somente, no seu direito de
existir, lembrando-me silenciosa que viver é uma constante batalha, entre o
agora e o porvir.
Bendito outono
que chega, trazendo com ele a esperança dos cantos tímidos dos pássaros que
também teimosos e resistentes, tal qual as rosas e alguns frutos, insistem na
resistência, recebendo o novo como bem-vindo, ajustando-os aos velhos hábitos.
Que nesta
semana que se inicia, nossos velhos hábitos sejam revistos com a sabedoria dos
resistentes que privilegiam a vida, os conhecimentos e a interação.
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