Volto ao ano de 2006, quando parada na Praça do Mercado do
Peixe, bem em frente ao prédio da Rádio, comecei a sonhar que um dia ela seria um pouquinho minha.
Imaginativa, como eu só, fui me vendo lá dentro, agindo e fazendo estripulias,
mas todas com o microfone na mão, como
se fosse um troféu. Na realidade, eu não tinha qualquer noção do que viria a
ser o trabalho de uma locutora, tudo apenas era uma atração fatal, que de um
momento para o outro, adentou em minhas emoções atrevidamente, sem qualquer
licença prévia de minha parte, tipo:
Amor ao primeiro olhar.
E que olhar...
Nunca mais, consegui passar pelo local imune ao frenesi do
desejo, quase sexual de um dia, vir a possuir aquela belezura, que me
fascinava.
E hoje, sete anos depois, cá estou eu, na posse total da realização
de meu velho sonho, não como possessiva proprietária, mas como uma fiel
serviçal, deste outro mundo encantado,
da comunicação.
Pensando e recordando isto e mais aquilo que sonhei e
conquistei, constato o quanto feliz sou por não ter desistido de querer e de
tentar, de esperar e de buscar, mesmo que encontrando no meio de cada caminho
uma pedra, pois no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do
caminho, precisei diversas vezes como Carlos
Drummond de Andrade, desviar da dura pedra, sempre presente no meio de cada
caminho.
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