segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Entre a Cruz e a Espada


 
Fico entre a cruz e a espada quando sou obrigada pela força de meu trabalho, da lógica social e do meu caráter, a fazer denúncias em relação a algumas ações que são executadas pelas gestões públicas de qualquer tempo.

Quanto às de Itaparica, tudo é mais doloroso, já que tenho pela maioria das pessoas envolvidas e pela cidade que me acolheu, apreço, acrescido de uma profunda lealdade que procuro honrar com as minhas posturas diárias, restando-me, portanto, somente a conduta de apresentar os fatos, tal qual eles se apresentam, sem que haja a presença do emocional que, de uma forma ou de outra, fatalmente destruiria a realidade dos mesmos, assim como a credibilidade que fui construindo ao longo dos anos.

Ah! Como é difícil ser imparcial e pensando nisso, posso entender, mas confesso não compreender, a dificuldade que assola os políticos que, afinal, entre nós povo, seus interesses pessoais, seus parentes, amigos e etc. e tal, mantém vivo em suas decisões o inferno de Dante, fazendo-os se esquecer do objetivo maior de terem sido eleitos, que é tão somente pensar e agir em prol do bem comum.

Ah! O bem comum, expressão bonita ao ser dita nos discursos de palanques, nos panfletos, nos congressos e seminários, mas que se perde no cotidiano da prática executiva, legislativa e, infelizmente, na maioria do judiciário e que, como um vírus danoso, contamina a todos, inclusive a nós, se não estivermos devidamente imunizados contra a arrogância, a indiferença e lamentavelmente a falta de educação comunitária, que, como epidemia, se alastra, sem comunicação prévia.

Que coisa, hein...!

Sozinha com os meus pensamentos, lamento estar vivendo este estado de direito, onde os valores estão sendo substituídos pela dolorosa BANALIDADE, que se esgueira como uma serpente, fazendo gente como eu e você, precisarem questionar-se por todo o tempo, como estar por todo o tempo se sentindo entre a cruz e a espada, fosse natural.

Natural seria que agíssemos como um rio que corre no sentido exato do desaguar no mar, que seria o fim, o destino limpo do encontro do meu com o seu, formando fartura e riquezas maiores, no alimento bendito do bem comum.

Ao invés disto, corremos solitários entre caminhos desviados e chegamos finalmente ao mar,  fracos e desiludidos, independentemente do volume e da extensão de fartas ou minguantes águas, que tenhamos conseguido acumular.

Somos como águas divididas, simbolizadas pela cruz e a espada.

Que pena, não é mesmo?

Constatação dos fatos às vezes machuca e faz doer, mas esclarece e serve de bendito alerta para possíveis mudanças de posturas a favor de uma também bendita consciência coletiva que, por distração, hábito ou banalidade, insiste em nos escapar.

 

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