sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

FOI PRECISO...


 
Precisei eliminar duas frondosas mangueiras do terreiro dos fundos de minha casa e isto já aconteceu há mais ou menos uns seis meses e ainda não me acostumei com o novo cenário e muito menos com a falta que me fazem, pois era exatamente aos pés de uma delas que, durante anos, conversei com Deus.

Foi preciso, absolutamente necessário, pois suas raízes, perigosamente, ameaçavam os alicerces de minha casa. Apesar desta necessidade urgente, durante muito tempo protelei a decisão de cortá-las, afinal, eram lindas, ricas de frutos e que sombras proporcionavam, meu Deus!

O tempo passou e eu ainda sinto falta e neste bailado entre o lógico e o emocional, penso nas prioridades que precisamos estabelecer a cada momento, e no como são difíceis e nos exaurem e sequer verdadeiramente nos atemos a elas, colocando em uma total desconsideração milhares de decisões que tomamos a cada dia de nossas vidas e que são determinantes quanto a qualidade de nossos instantes, determinando, inclusive, nossa saúde física e mental.

Mas quem pensa nisso?

Como pensar sobre as prioridades se já somos obrigados a nos concentrar em tomá-las?

O tempo urge e se ainda formos analisar nossas decisões, não teremos tempo de tomarmos outras, e aí, o bonde do tempo nos atropela e nada faremos.

Olho pela janela da sala e aprecio, achando esquisito o terreiro da frente da casa, onde prioritariamente deixei que podassem alguns galhos da mangueira de frutos perfumados. Vejo que o sol sempre abusado, agora se esbalda, não tendo seu caminho bloqueado pelos grossos galhos de outrora.

Penso então nos pássaros, nos micos e no tudo mais que buscavam sombra, alimento e refúgio e, mesmo não querendo, sinto uma ponta de remorso por ter sobre ela estabelecido prioridade, a meu ver, necessária.

 E aí, penso no quanto deve ser difícil para um gestor público sério e comprometido com o bem comum, estabelecer a prioridade em manter viva uma tradição festiva em detrimento da diminuição da compra de remédios, contratação de profissionais capacitados e etc. e tal, em favor do mesmo bem público.

Não deve ser fácil, quando sozinho em seu gabinete, como estou agora, o remorso lhe fizer uma visita.

Pense nisso, antes de estabelecer suas prioridades e não se esqueça delas, quando mais tarde, e pode ser bem mais tarde, você estabelecer no lógico de sua mente e na instabilidade de seu emocional que tudo, afinal, poderia ter sido muito diferente e até melhor se você tivesse se atido com mais cuidados às suas prioridades.

 

 

 

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