A caminhada democrática
está chegando ao fim, e ainda bem, pois os ânimos já estão ficando exacerbados
e o risco de se manchar tudo com atitudes no mínimo feias é enorme.
A febre de
se chegar ao poder domina os candidatos e contagia seus correligionários, que
por sua vez, passam a exercer posturas altamente condenáveis, como se o vale-tudo
houvesse sido liberado, e nada pudesse detê-los.
Que coisa,
heim!...
Pessoas
tradicionalmente honestas e defensoras do “bem comum”, da noite para o dia se
transvestem de uma aura divina e, quase que imediatamente, se sentem e
conseguem que muitos outros assim os enxerguem.
Deixam de
serem humanos e se tornam valentes guerreiros, empunhando espadas libertadoras
em um populismo perigoso que cega e paralisa o raciocínio, transformando
pessoas em soldados comandados, reescrevendo posturas que empanam a razão.
E aí, do cantinho solitário de minhas
reflexões, percebo que nada mudou, que tudo permanece exatamente como sempre
foi, sem surpresas e sem glamour, tão somente, como mais um espetáculo de jogos
de interesses onde o tão falado coletivo se restringe mal e mal aos grupos
correligionários, onde outras disputas certamente acontecem em seus interiores.
DEUS... trará a vitória como se esta fosse
apenas um grande prêmio e não uma enorme responsabilidade.
Deus já
decidiu... como se de uma hora para a outra o tão divulgado livre arbítrio, já
não mais existisse.
Deus ... O
que fazem contigo e em teu nome é sempre surpreendente na medida em que se
torna possível uma fria avaliação do quanto o ser humano pode ser abusado e
inconsequente, manipulador e desgraçado.
Pensando
nisso, lembro-me da miséria, da fome e da ignorância que ainda mancham de forma
indelével os quatro cantos de nosso país, e vou mais além, detendo-me aqui na
Ilha de Itaparica, e então, não tenho como conter a vergonha que me domina e
que me induz a escrever e a falar como forma de desabafo, mas principalmente como
meio de indução ao despertamento, porque
afinal será sempre muito doloroso constatar o quanto em nossa alienação sistêmica,
como humanos podemos nos destituir de humanidade, o quanto somos mesquinhos, hipócritas
e safados ao convivermos com a miséria de forma tão estúpida e sem sentido.
E então,
onde está Deus?
Ocupado
protegendo este ou aquele candidato em detrimento de seus outros filhos?
Estará ele,
mais uma vez garantindo a um grupo, ganhos extravagantes, enquanto outros
morrem nos dia atuais ainda de fome, catapora e abandono?
Me poupem,
ai sim.... Pelo amor de Deus!!!!!!
Precisamos,
com certeza, tomar vergonha em nossas caras, almas e sei lá mais aonde, e
assumir de uma vez que somos mesquinhos, egocêntricos e exclusivistas e que vez
por outra por nos sentirmos inúteis e totalmente solitários, nos entregamos ao
acaso de falsos mandatários divinos, salvadores com ares de mensageiros celestes,
para esconder a frustração de não sermos capazes de enfrentar a nossa realidade
de preguiçosos e complacentes.
Impossível ainda
acreditar-se que cobras possam se transformar em cordeiros e que o mar da
dignidade se abrirá, dando passagem segura à meia dúzia de mequetrefes, só
porque se intitulam “os enviados de Deus”.
Que neste 7
de outubro a esperança de se levar primeiro alimento à miséria que nos cerca,
assim como instrução a quem sequer é capaz de reconhecer-se como gente, seja o
motivador de votos sérios, onde falácias
e firulas não sejam capazes de habitar e onde as posturas e conquistas pessoais,
além de projetos viáveis a nossa urgente realidade, sejam os mais preciosos
argumentos para merecer, aí sim, o nosso bendito voto.
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