Tantas coisas vêm acontecendo
desde que foi dada a largada para as pré-candidaturas que fica até difícil
enumerá-las, até porque algumas precisam, na realidade, ser esquecidas, tamanho
os seus despropósitos.
Nas eleições passadas, como
marinheira de primeira viagem e totalmente absorvida pelo glamour que revestia
as atividades, e verdadeiramente imbuída em eleger a minha candidata, não
enxerguei e não ouvi o outro lado, pouco ortodoxo, que acompanha e deteriora
por todo o tempo a alma dos reais propósitos que deveriam existir nas intenções
dos envolvidos no processo.
Em que mundo eu estava, me
pergunto todos os dias, porque, afinal, nada começou agora, pois esta desmoralização
sempre existiu certamente mais disfarçada, mas nem por isso menos perniciosa.
Como uma abestalhada, doei-me sem
reservas, acreditando que os pensamentos ruins não tinham lugar em uma
empreitada tão espetacular, principalmente em um local tão pequeno, onde todos
se conhecem, se cruzam e de alguma forma estão ligados.
Quanta santa ingenuidade para
alguém que já havia vivido e convivido tanto com políticos, se bem que jamais
em tempos de eleição e quase sempre no requinte de seus gabinetes, festas, ou
seja: em qualquer local onde apenas um lado transparecia que era justo o do
simpático, cordial, generoso, sorridente e politicamente correto.
Jamais me vi “in loco” com um
político articulador, defendendo com unhas e dentes o seu suposto direito de
ser o que crê ser seu por direito, ou seja: um predador impiedoso, defendendo
sua carniça que sempre foi seu poder pessoal e suas benécias que advém deste
poder que passa a ser absoluto, tão logo toma posse, seja lá no que for.
Vivendo e aprendendo, não é mesmo?
Confesso que preferia continuar
inocente ao ter que afundar os meus pés nesta lama de fofocas, mentiras,
traições, golpes baixos, falta de honradez de cumprimento de alianças e etc., e
tal.
E bota tal nisso...
Neste pleito, preferi observar e,
se arrependimento matasse, certamente já estaria morta, e olha que ainda estamos
a oito meses das eleições e onde nem se definiram todos os pretendentes e tão
pouco os locais em que se fixarão.
Imagino então, quando as benécias
começarem a ser distribuídas, o pandemônio que se formará, levando-me a deduzir
que em briga de conquista de poder não existem inocentes, tão somente
abestalhados como eu que servem para compor a claque, cantando musiquinhas,
balançando bandeiras, ingenuamente acreditando que aquele ou aquela são “os
caras” que farão a diferença. , quando esta se encontra exatamente na conscientização
de uma cidadania que infelizmente ainda está longe de permear o consciente
deste povo humilde, carente, que de tão sofrido só lhe resta, na grande maioria,
vender o seu precioso voto, fazendo a troca doída de sua dignidade cidadã por
alguns míseros trocados, dentaduras, telhas ou sacos de cimento e na melhor das
possibilidades, um empreguinho por quatro anos. Afinal, qualquer coisa é melhor
que nada, pois ao menos sabem que depois de eleitos, o nada será seu quinhão,
através de instituições falidas que tão somente servem como via de lavagem de
um erário público superfaturado para saciar a fome dos predadores sempre
esfomeados.
Nossa ! Estou brava, desiludida, mas como toda brasileira que se
preza, confiante, pois haverá de existir um alguém que resista a se tornar mais
um predador sem limites, sem palavra e mutilador dos direitos de seus
eleitores.
Preciso acreditar que ainda
existam homens e mulheres dispostos a usufruir o poder e as benécias que o povo
lhes oferece, sem, no entanto, fechar os olhos ao respeito que o cargo lhe conferiu,
a dignidade das criaturas que nele acreditou, porque afinal, o povo é antes de
tudo composto de gente que sonha, deseja, ama, sorri, sente dor e gosta de
comer saudavelmente em seus próprias e
decentes moradias, como qualquer político.
Estes são direitos de todos nós.
Os campos para plantio são vastos
e ricos, os semeadores são muitos, mas a colheita, esta, tem sido reservada a
poucos.
Se como abestalhada, pude pensar
nisso tudo, então também acredito que muitos outros também estejam pensando e,
assim, creio que todos juntos, com consciência individual, aí sim, possamos dar
uma virada neste balaio de gatos, tal qual há dez anos fomos capazes de fazer,
rompendo com a mesmice e arriscando um novo, um improvável, um quase igual.
E aí, bem... aí, de repente, não
mais que de repente, possamos mudar da classe d, f, g, pra quem sabe, classe C,
tal qual muitos dos demais cidadãos por este Brasil afora em uma disputa
democrática , onde como cidadãos enfarados e ofendidos, também busquemos o
poder, através de um voto liberto que nos dará o direito de nem que seja por um
instante, não ter medo de ser feliz.
Não ter medo de ser feliz é dizer não ao dedo
que há décadas nos aponta, determinando que somos um povinho atrasado e
covarde, incapazes de proceder mudanças que nos façam ter orgulho desta terra
que amamos e que nos acolhe.
Abestalhada, ingênua ou mesmo
burra, digam o que quiserem, ainda sou capaz de sonhar e, a meu modo, fazer
campanha, nem que seja contra ao abuso que venho assistindo ao longo destes
benditos dez anos em que aportei nesta linda cidade e onde abusadamente me apropriei
para fazer dela meu lar, meu ganho pão, minha paixão, minha vida.
Isto, também, é uma disputa democrática,
onde alguns poucos fazem o que querem e outros, como eu e tantos mais,
resistimos, lutando com o que temos.