sexta-feira, 29 de outubro de 2010

É PRECISO OBSERVAR

Venho escrevendo ao longo dos anos a respeito da interação que existe entre a natureza, o universo e os seres vivos, assim como especificamente me centrando nos seres humanos e nas suas posturas emocionais e físicas correlacionadas com o universo em suas expressabilidades, e, no entanto, como uma permanente viciada em não me observar, como a maioria dos demais, deixo passar batido, sempre que se apresenta, sinais vitais à minha própria sobrevivência salutar, permitindo-me arrastar pelos labirintos tortuosos da raiva, da ira, da tristeza, do stress e de tudo o mais inadequado que fui capaz de assimilar no meu dia a dia de aprendizado sistêmico.
Como sempre fui disciplinada, mesmo não tendo ainda instantânea assimilação da absorção que não me é devida e, portanto, irrelevante, já consigo em momentos após aperceber-me do fato em si e imediatamente revertê-lo a uma posição em meu contexto pessoal, que seja apenas o que lhe é devido, sem qualquer adição desnecessária de sensações absolutamente danosas ao meu interior de um ser que pensa, raciocina e, portanto, deve no mínimo saber o que lhe convêm.
Pois é, diante deste simples e lógico entendimento, fico pensando no quanto somos induzidos ao sofrimento, como que, sem ele, não pudéssemos viver ou que, sem ele, não houvesse vida de verdade.
Que tolice é esta que os costumes nos impõem e que nos levam a verdadeiros e cruéis sofrimentos que podem se arrastar por uma vida inteira?
São sentimentos que deixamos que se formassem e se integrassem às raízes de todo o nosso contexto racional, desfigurando o que deveria permanecer como original e transformando a nossa estrutura de base biológica em uma cópia meio que confusa, onde não cabe qualquer retificação sem que haja um profundo despertar de vontade voluntária em verdadeiramente mudar-se, ou romper-se com a tolice que definha e mata, que é justo a inconseqüência vivencial sem os entendimentos existenciais dos propósitos de se estar apenas existindo, como se um Deus ou o encontro de moléculas fossem determinantes quanto ao nosso direito de tão somente existir, sem que para isto precisássemos carregar cruzes pesadas.
O fato simples de qualquer natureza, sempre foi um enorme problema que por todo o tempo precisa ser desconsiderado, pois o simples assusta, desconcerta e nos coloca frente à realidade do absurdo que fazemos com as ações e reações absolutamente naturais, e aí, criamos estígmas e estereótipos, a fim de eliminar aquela sensação de palermice, da qual somos acometidos frente ao simples.
Precisamos estar por todo o tempo tendo a sensação de precisar vencer desafios, de demonstrar o quanto somos espertos, inteligentes, superiores a qualquer coisa ou pessoa, enfim, somos um amontoado de contradições psicológicas que infernizam, confundem e maltratam o nosso absoluto estado natural de ser vivente que, se integrado fosse às suas manifestações elementares, faria despertar a cada instante, revelações extremamente gratificantes, como, por exemplo, sentir as emoções no apogeu de suas manifestações.
Esta constatação, da qual apenas uma pequena parte me foi permitida desvendar no meu despertar de vida e liberdade existencial, até pode ser chamada de Filosofia, mas se nos empenhamos tanto em aprender e desenvolver tantas ciências, por que não estudar a nós mesmos em sinal deste tal amor que pregamos, doamos e esperamos receber de tudo e de todos?
Pode existir algo mais sublime e poderosamente amoroso que nos amar, buscando nos tornar seres vivos mais humanos e gostosamente saudáveis, e harmoniosamente felizes em nossos instantes vivenciais?
Ainda me assusto com a simplicidade do raciocínio lógico e no quanto ele simplifica e descomplica o imponderável com o qual somos inevitavelmente levados a conviver em nossos universos cotidianos.
Acredito que através da escola, da inserção da disciplina “EXISTÊNCIA”, seremos capazes de induzir mentes em formação a se centrarem na qualidade de suas vidas ainda em despertares diversos e, por conseguinte, ensinar os caminhos de uma convivência mais harmoniosa com o tudo do todo que a cerca, fazendo-a exergar no outro e na natureza diversificada um pouco de si mesma e, portanto, desenvolver nela a necessidade de transferir de si aos demais tudo quanto gostaria, porque lhe faz bem, de receber também.
Esta é aquela constatação simples e aparentemente boba do dar e receber que falamos, discursamos a respeito, mas que, na maioria das vezes, deixamos de fazer, oferecendo a nós mesmos inúmeras desculpas, prá lá de inúteis, pois não compensam, na medida em que não nos deixam mais leves e sem a sensação constante de estarmos carregando o mundo em nossas costas.
A pergunta que justifica este estudo existencial é justo o porquê de sofrermos.
E a outra é, por que devemos crer que não existe felicidade?
E as seguintes são:
- Como identificar e evitar a desproporcionalidade dos sofrimentos?
- Como identificar e absorver a felicidade, fazendo deste hábito um ministério a ser preservado?
A partir da simplicidade do ato genuíno de querer acreditar que é possível viver-se harmoniosamente integrado à certeza de que somos o resultado do que absorvemos e do que doamos, cuidaremos com mais zelo e carinho das nossas atitudes cotidianas, tanto quanto cuidaremos dos nossos pensamentos, pois eles criam as emoções e direcionam-nas às posturas e estas retornam em formas diversificadas de prazer ou tortura.
Simples, lógico e muito contestado, pois afinal somos muito arraigados às nossas velhas e conhecidas distorções, justo porque tememos o desconhecido, e daí a necessidade de repassar-se às crianças, quando as mesmas ainda não foram totalmente contaminadas pelo fator medo, avaliação distorcida que a mente produz ao receber os sinais de alertas naturais que os sentidos enviam.
Esta distorção, geralmente confunde e induz as criaturas a cometerem imprudências sem precedentes, inclusive arriscando suas vidas, como pode ser constatado a cada instante.
A mente infantil está mais aberta e, portanto, preparada para receber entendimentos de quaisquer naturezas e assimilá-las com mais precisão, inclusive sublimamente compreendendo através da correlação, todas as demais inerências de sobrevivência da vida, como, por exemplo, quanto a preservação do meio ambiente como fonte constante de subsídios vitais.
Toda e qualquer compreensão de aprendizado precisa fazer, antes de tudo, sentido lógico na mente racional das criaturas, e a falta desta lógica aliada a outros fatores que produzem o bem capacitar é que determinam que houve ou não entendimento, e baseado nessa lógica irrefutável volto-me para o sistema educacional e analiso a carência quanto ao centramento da vida como um todo a ser ministrado concomitantemente com o despertar para os conhecimentos didáticos.
Afinal, tudo é vida, mas a vida biológica humana precisa ser mais adequadamente sentida para que as demais vidas que conviverão entre si possam desenvolver uma mais saudável convivência, que certamente promoverá um mais harmonioso assimilar de valores, que por sua vez induzirá a criatura a identificar com mais rapidez e clareza suas mais reais necessidades, o que evitará inúmeros transtornos que a faz, pelo desconhecimento, sentir-se infeliz, desconsiderando as possibilidades em crer que é possível sentir-se absolutamente capaz de produzir seu próprio estado de plenitude instantânea, que somadas, faz dela uma criatura feliz, capaz de produzir arrepios em si e nos demais de pura emoção de felicidade, apenas por estarem se encontrando e isto pode certamente ocorrer ao se encontrar com alguém que muito se admira, confia ou tão somente, com o aroma de flores, do mar, ou o degustar prazeroso de algo que os sentidos em comunhão com a mente determinem ser inspiradoramente espetacular pela simplicidade de ser totalmente afim.
Portanto, não há mistérios, apenas detalhes não observados e, é claro, uma imensa inércia emocional, provocada pelo vício que desenvolvemos em copiar os demais nos hábitos e costumes, sem que tenhamos verdadeiramente coragem e disposição de alterar nossas contumazes atitudes.
Descobri a simplicidade do entendimento de que não é possível ensinar-se a uma criança a grandeza da natureza e no poder mantenedor e regenerador dela, sem faze-la sentir esta natureza que, pode estar em um pequeno vaso de plantas, numa horta no fundo de uma escola ou simplesmente no admirar do sol, no pátio, onde ela poderá ser induzida a apenas sentir todo aquele calor que determina inclusive o seu bem estar emocional .
Se tivermos o cuidado de ensiná-la a abraçar o sol em forma de saudável brincadeira, certamente ela entenderá porque o seu corpo sentirá o prazer que ele proporciona, e aí, a professora poderá mostrar como este efeito também é recebido pelas plantas e etc., levando a criança a compreender o potencial daquele calor subjetivamente associando-o à vida como um todo e na necessidade de dosar-se à exposição dele.
Através da simplicidade destas associações, a criança absorverá o fator determinante que garante uma vida mais harmoniosamente equilibrada, que é certamente o fator limite entre o agradável e o desagradável ou danoso e, portanto, aprendendo a identificar através de seus sentidos, assim como a remeter sua mente racional tudo quanto lhe é afim e saudável e, portanto, agradável, pois os estereótipos de sofredores ou inconseqüentes existenciais, não condiz e tão pouco faz parte da nossa natureza humana, sendo tão somente frutos de uma longa e constante perpetuação de hábitos e costumes adquiridos ao longo da história da humanidade, onde em algum momento evolutivo, percebeu-se a enganosa vantagem em ser-se mais ousadamente agressivo que os demais, fazendo desta prerrogativa uma espada afiada a ceifar paulatinamente a essência pura de tão somente ser em comunhão com os demais seres em parcerias gratificantes, ensinadoras e regeneradoras, fazendo deste convívio o ideal, que se não mais pode ser atingido, que, pelo menos, seja inspirador para que melhoremos o nosso caminhar terrestre sem tantas dores e perdas.
Escrevi todo este entendimento, por que minha amiga Márcia, que acabou de chegar de uma viagem prazerosa à Europa, está muito doentinha no hospital e assim aparentemente de repente ela se viu acorrentada a uma séria doença e, portanto, querendo ou não preciso aprender algo nesta experiência tão corriqueira que nos abala, mas que ainda é incapaz de nos fazer acordar para a mais simples realidade de que a nossa vida é tão somente uma breve aragem pela própria vida e que devemos e podemos neste plainar de segundos existenciais sermos mais felizes, e DEUS, bem menos cruéis conosco mesmo.
Pois, comemos o que não devemos, bebemos mais que deveríamos, drogamo-nos como loucos suicidas, dirigimos nossos interesses como se fuzis mortais fossem, tratamo-nos por todo o tempo como inimigos até mesmo íntimos e, ah!..., somos, pensamos, queremos e corremos atrás de tantas distorções existenciais que até desconhecemos ou nos esquecemos que somos uma máquina perfeita, uma ciência exata, produto de primeira linha desta natureza grandiosa que teimamos suicidamente em destruir a cada instante desta quase miserável existência que insistimos em vivenciar, neuroticamente acreditando que não existe felicidade, mas crendo e abraçando a infelicidade com toda a garra dos incoerentes, inconsequentes ou idiotas, o que com certeza podemos deixar de ser, nem que seja vagarosamente, como, particularmente, tenho tentado, nestes sessenta anos de vida.
Nossa, hoje eu realmente escrevi demais, viajei na maionese, como diria minha adorável e linda filha, Anna Paula.
Desculpem-me e um carinhoso BOM DIA!!!!!!



Um comentário:

  1. "- Como identificar e absorver a felicidade, fazendo deste hábito um ministério a ser preservado"
    Querida Regina, desde o dia que você fez esta postagem, é a terceira vez que a leio, hoje até o fim. Lembro do professor de Existencialismo que tinha na faculdade. Acho que este conteúdo serve para psicólogos e pedagogos, com uma pedagogia que aos poucos tentam chegar lá, mas vejo que aqui está mais concreta. Porque eu, falando por mim, que sou como todo mundo, adoecemos nosso corpo, criado tão saudável, pelas minhas torturas mentais, vejo problemas nas minhas atitudes, palavras, que as pessoas nem perceberam, e fico naquele dilema...ou então preocupações principalmente com filhos em situações que eles não vêm problemas. E com essas e outras vou deixando de ser feliz...
    Lógico que muitos momentos, a gente aproveita com ela, a felicidade. Mas o tempo gasto com a infelicidade é suficiente para torturar o corpo.Esse texto é muito profundo, sério e de vanguarda. Quem sabe um dia teremos uma aula nas classes fundamentais e secundárias sobre existencialismo, questionamentos como como se sabe se é feliz, como buscá-la, e fazer experiências como as que você mencionou. Não sei como uma jornalista tão séria, neste mundo de blogs, não está cheio de gente da área pesquisando... Recebi seu email, mas levei este tempo para assimilar o que escreveu. Li nno último texto hoje sobre a indiferença e "não me comprometa" a postura habitual de todos. Ser lúcido tem um preço e você enxerga com os olhos do corpo e da alma, muito além...Eu te respeito muito. Muita Paz!

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