segunda-feira, 2 de agosto de 2010

FILOSOFIA -- PARTE II - CULPA

Começa na infância o desenvolvimento da mais séria e difícil de se curar que é a patologia da culpa.
Quem se lembra do xixi na cama ou na calça, da sujeira nas roupas, da verdura que não se quer comer, etc e etc...?
Se somos uma máquina perfeita e, portanto, uma ciência exata, por que não conseguimos criar, moldar, recriar e até mesmo encerrar este sentimento devastador?
Seria esta impertinência destrutiva um sinal de que ela, a mente racional, se vê sufocada pelo sistema social em que se encontra inserida?
Concluo que só podendo contar com o foco humano, o humano sofre da dor da culpa, justo pela falta de isenção.
Esta sequência de raciocínio, aparentemente segue uma linha lógica que me faz concluir que sim.
Entretanto, a minha busca tem como objetivo justamente esmiuçar cada detalhe da influência emocional coletiva humana e de seus efeitos sobre o humano, a fim de determinar como a criatura deva se colocar na sociedade se sentindo existindo e não tão somente como mais um ser sem características próprias, carregando o pesado fardo de estar vivo.
Afinal, como é possível a uma criatura humana reconhecer a vida que representa sem ter que pesá-la com a bagagem de sua própria vivência ou, o que é pior, com a bagagem alheia?
Reconheçendo o peso do acúmulo de cada instante de bagagens, denomino a patologia que daí nasce expontaneamente provocada pelas experiências vivenciais sem parâmetros harmoniosos de:
COMPLEXO DE DOR SOCIAL.
Como evitar que as crianças desenvolvam esta patologia?
Acredito que se colocarmos as crianças em permanente reconhecimento das diversidades de todas as ordens, levando-as ao reconhecimento sem, no entanto, induzí-la a observação julgadora de certo ou errado e, ao mesmo tempo, fazendo-a espelhar-se em uma tentativa de identificação pessoal, seremos capazes de criar seres humanos menos críticos e mais realistas em relação ao que lhe convém ou não.
Os aromas, assim como as cores, são os princípios básicos deste início de seleção de afinidades.
Na medida em que a criança percebe o que lhe pertence por afinidade, saberá fazer distinção do pertencente ao outro e desenvolverá uma aceitação benéfica ao ciclo da convivência, pois compreenderá o quanto é importante a escolha dos demais, baseada na impotância das suas.
Portanto, se compreende os fundamentos de suas escolhas, imediatamente compreenderá o direito dos demais em seus fundamentos, absolutamente pessoais, tendo como parâmetros os subsídios de informações recebidas.
A apresentação de aromas desagradáveis, desenvolverá uma imediata rejeição com, no entanto, a compreensão de serem reais e presentes no cotidiano vivencial, podendo, contudo, serem amenizados com criatividade pessoal ou de grupo, onde cada um deverá oferecer sugestões, reforçando, assim, o princípio básico de participação e de parceria em grupos.
A comunhão do reconhecimento do aroma com a aceitação papilar, reforçará os propósitos de definição dos afins, oferecendo um harmonioso ato de escolha que deverá ser respeitado pelos adultos inseridos no contexto existencial desta criança.
Uma vez que houve o toque de reconhecimento, a visão do esclarecimento, o aroma da integração e o gosto da aceitação, ter-se-á então uma escolha definitiva e certamente saudável que jamais abrigará qualquer indutor que leve a culpas por não ser absorvida.
Esta experiência reforçará todas as áreas de escolhas, pois criará na criança o hábito saudável da observação e seleção de suas reais necessidades, fazendo com que ela dificilmente seja induzida a isto ou aquilo, contrariando ou se enganando quanto ao seu verdadeiro necessitar.
Naturalmente que os pais ou responsáveis devem ser orientados a dar continuidade no cotidiano de seus lares, mantendo assim uma perfeita coerência postural entre a escola e o lar, e, para tanto, devem acompanhar o desenvolvimento diário das atividades oferecidas na escola.
A criança é um ser merecedor de respeito, assim como qualquer adulto, e deve ser aceito em suas preferências sem que lhe seja imputado a culpa por tais escolhas ou por posturas com as quais ela ainda não conseguiu identificar o controle em si, merecendo por todo o tempo atenção, amparo afetivo e subsídios educacionais.
O primeiro passo começa exatamente ainda no berço, permitindo-se que ela se expresse livremente, chorando sem que de imediato seja acolhida, formando a partir daí o primeiro ato camuflativo de chantagem emocional.
Estar no espaço físico de seu berço, após receber os cuidados dos quais merece e necessita é benéfico, pois estabelece o sentido de espaço pessoal, limites e segurança em si mesma, o que colaborará em sala de aula quando então terá o seu espaço determinado e sua professora em atenção também à outros. Reforçará seu entendimento quanto a divisão de atenções de seus pais em relação a outros irmãos e a direcionará a não atrair em demasia atenção sobre si mesma, esteja ela onde estiver. Além de colaborar para a não formação de posturas retraidas, tímidas, que na realidade denotam uma criança insegura.
MIMAR não é educar e muito menos demostração de amor.
Texto extraído do livro "Complexo de Dor Social", de minha autoria.

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