quinta-feira, 8 de abril de 2010

Na companhia dos pássaros...

E no embalo do canto dos pássaros, penso no quanto sou infinitamente dura, mesquinha e extremamente rude em se tratando de cuidar de mim mesma.

Dificilmente possuo a sabedoria necessária para discernir o melhor, o mais sensato, justo porque além de imediatista, sou arrogante o suficiente para não reconhecer os meus limites de sanidade fisica e emocional, e como cordas exageradamente esticadas de um violão, destoo nos tons que devería imprimir às minhas posturas no cotidiano de minha existência.

Todavia, desperto para a realidade de que o dia de hoje demorará ainda muito para se acabar e que posso, e devo, fazer um pouco diferente, nestas horas que se seguirão, talvez quem sabe, alisar-me um pouco mais, lamber-me como fazem os gatos, os tigres e os leões, na sabedoria naturalista de apenas existir, tão sedutoramente em suas aparentes alienações vivenciais.

Neste instante, uma chuva mais leve surge lá fora.

Sinto um leve arrepio, repiro fundo em um quase gozo, espreguiço-me tal qual fazem os felinos e sem desviar o olhar dos pássaros que já chegaram, apesar da chuva, esqueço das mágoas, de todas as dores, pois me sinto absolutamente viva, prestigiada e repleta de amor.

Pergunto-me, então, se será esta a fórmula secreta de se viver em plenitude, ora buscando no simbolismo do alisamento dos felinos, o acarinhamento de tão somente se sentir existindo, ora buscando o canto divino dos pássaros que existe em cada um de nós, através de nossa infinita capacidade de nos deixar flutuar em busca de novos horizontes e de melhor alpiste.

Sei lá!

Tudo que neste instante sei é que me sinto um pouco mais eu mesma do que quando comecei a escrever nesta tarde chuvosa na companhia dos pássaros.

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