terça-feira, 27 de outubro de 2009

Escrevendo em Meio a Dor.


Sou a mãe do otimismo, a irmã da alegria, a tia da persistência, a amiga da esperança e, certamente, também sou a vizinha da certeza absoluta de não ser imune por todo o tempo a todos os bombardeios que recebo.
Afinal, sou um ser que por acaso é humano e, como tal , sou bem complicada.

Transformei-me em poeta e colori a vida, persegui o amor como meta de vida, abraçei a esperança na vida e persisti em quase tudo em minha vida, e não me livrei da dor da alma que sinto vez por outra nesta minha vida.

Escrevi poemas, contos e tudo o mais que fui capaz ao agrupar letrinhas. Escrevi histórias, crônicas e narrativas, já escrevi até discursos, memorandos e algumas cartas.
De tudo um pouco, fui escrevendo em minha vida até que um dia escrevi sobre a vida e senti então a dor da solidão de escrever sobre o vazio, pois sobre a vida não há quem queira ler.

Escrever sobre a vida é descrever a realidade e quem, pelo amor de Deus, quer saber de realidade?

AH! Como me sinto doída... Dobro-me sob o peso da solidão, mesmo me sentindo otimista, alegre, persistente e esperançosa.

Questiono DEUS e não me sinto culpada, questiono a mim mesma e não encontro resposta.
Persisto então em minhas escritas, buscando sempre entender melhor esta minha mente tão ágil na formação das palavras que brotam dos pensamentos e, que ao mesmo tempo, é tão lenta e retardada no convívio sistêmico.

Penso que o dom de escrever, transformou-me em uma criatura solitária, que por acaso também é otimista, alegre, persistente, esperançosa e que até o momento não descobriu um meio de escrever algo que afaste a dor da alma.

Não estou deprimida, apenas plagiando todo louco que se preza, afirmando que sou normal, otimista, alegre, persistente e esperançosa, se bem que solitária e perdida neste universo de palavras que se me remetem à vida, também me aprisionam nela, incitando-me a entendê-la como se fácil fosse e se o real não doesse.

E como dói abraçar a vida, enxergando as nuances das cores nem sempre tão brilhantes, sentindo os aromas, nem sempre agradáveis, sorvendo os sabores que podem ser muito amargos.

É também bom ser e se sentir solitária, otimista, alegre, persistente, esperançosa e até como agora estar sentindo uma profunda dor ao encarar a vida.
E aí, novamente escrevo, registrando instante em que, com algumas palavras, eternizo meu tudo de bom, meu tudo de mal, se bem que solitária, otimista, alegre, persistente e esperançosa.

Penso então nos suicidas, nos loucos e nos parasitas, penso nos pássaros, no verde e no mar. Olho a lua, que não por acaso está minguante, se refletindo através de mim com minhas letras nos meus escritos de mulher, otimista, alegre, persistente, esperançosa e que neste exato momento se permite reconhecer que mesmo em meio a mil palavras se sente triste e dolorosamente solitária .

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Um comentário:

  1. ...temos todos um pouco de otimismo, alegria, persistência e esperança, você não está só recebendo bombardeios todos os dias, aprendemos constantemente com todos essas atribulações, são do ser humano, acredito que temos que ter sabedoria para separar o joio do trigo e mais uma vez nunca estamos sós...

    Luiz Claudio Carvalho

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