Nesta manhã de início da
primavera, olhando para o jardim e enxergando as ainda tímidas flores que já se
fazem presentes colorindo os meus olhos, penso e em sequência temo que a
oratória e o carisma populista, novamente sejam mais fortes que a dura
realidade em que vivemos em nossa cidade, onde 90% de seu território, incluindo
as belíssimas praias se encontram em absoluto abandono.
A falta da integração da
comunicação entre as comunidades, não oferece a cada uma e a seus moradores a
real e cruel situação uma das outras, assim, como da cidade como um todo, portanto,
é fácil concluir que não foi sem um ardiloso e premeditado plano político que a
maioria das obras pontuais foram realizadas estrategicamente nos redutos de
maior número de eleitores.
Observem a malícia da manipulação
e depois me digam se estou errada, mesmo reconhecendo que para alguns poucos
beneficiados, como Barro Branco, Portelinha, Misericórdia e Mocambo as
melhorias foram e são gratificantes, mesmo que tenham sido realizadas a meia
boca, sempre é melhor não ter que pisar dia após dia na lama, desviando dos
matos e dos lixos que permanecem como adornos do pouco caso público, pelo menos
por algum tempo, já que também é notório que são obras caras e pífias nas suas
estruturações e qualidade dos materiais empregados e em alguns casos, também
com uma mão de obra sem qualificação.
Todavia, o pior de toda essa
falta de integração é manipulação populista é a manutenção sufocada do senso
bendito do pertencimento de cada cidadão, que ao existir livre e adequadamente
informada, une a população fracionada em comunidades em uma mesma causa
progressista, onde planos de desenvolvimento são apresentados focando um
respeito a consciência coletiva, desenvolvendo a capacidade social integrativa
porque, afinal, se está bom para mim, também precisa estar para o meu vizinho.
O separatismo coletivo geralmente
é sutil e pernicioso e se alastra com todo o seu poder manipulador, enfraquecendo
os valores ligados ao bem estar da coletividade e como um rastilho de pólvora bem
direcionado, coloca em permanente risco, o não menos bendito senso comum que caracteriza
a verdadeira compreensão do que representa o entendimento do que seja para uma
pessoa sentir-se verdadeiramente um cidadão.
Então, é possível constatar-se na
prática o resultado desta artimanha política que mesmo carcomida e fedorenta,
ainda serve de alimento para os abutres, cujas sobras são distribuídas calculadamente
entre os pássaros de asas quebradas que isolados em seus redutos, são incapazes
de enxergar e muito menos plainar sobre suas próprias formas de participação
coletiva.
Saindo das analogias e adentrando na realidade,
somos uma pequena cidade fracionada e permanentemente enfraquecida, onde os relógios
não batem na mesma hora, ficando as doze horas, como um sinal de fartura de um
constante farnel para os abutres, cujos apetites insaciáveis os estimulam a não
largarem a carniça.
O todo de Itaparica tem fome e
precisa se alimentar de DIGNIDADE JÁ.
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