O computador já havia sido fechado e o celular colocado para
carregar, rotina noturna que antecede o momento bendito do descanso que hoje,
fora dos padrões aconteceu às 22.30 hs.
Nenhuma novidade se não fosse um absurdo vindo de mim, já
que meu reloginho biológico dispara o alarme no máximo as 21 horas.
Mas como dormir, se não me fiz entender?
Será que não entenderam ou tão somente, é mais fácil me
condenar por expressar as dúvidas que vão além de minha percepção, mas que por
infinitos motivos, impede que outros questionem, fazendo-os permanecerem
silenciosos com a permanente cara de paisagem?
Claro que o momento político é uma seara de controvérsias e
é neste cenário que a confusão se instala, no anseio desmedido de desviar focos
que, verdadeiramente são importantes.
Cada um de nós, na liberdade que supostamente a Democracia
oferece, opta na escolha de um lado, mas será que optamos ou tão somente, porque
a lei eleitoral exige, e aí, de acordo com as circunstâncias, nos aliamos com A
ou com B, mas também por conveniência, permanecemos como pássaros solitários voando
de galho em galho das omissões, apenas apreciando o movimento dos candidatos a
majoritária no jardim?
Como candidata a vereança, mais cômodo seria cuidar de minha
candidatura, já que tenho um grupo definido e por expertise de sobrevivência, nada
questionaria, afim de em um breve
futuro, quando a somatória dos votos revelar a realidade do executivo, estar de
bem também com o eleito e dele colher o meu quinhão, num bailado hipócrita em
que se transformou a política aqui ou em qualquer outro lugar.
Mas eu também poderia agarrar-me loucamente ao líder de meu
grupo e com sua bandeira partidária flamulando, fazer dela uma brutal arma de
constantes ataques aos seus opositores, machucando amigos e conhecidos com a
desculpa de que a “culpa é do processo do momento” ou que, “política é assim
mesmo”.
Pois é, mas preferi em todas as ocasiões de minha vida, não
trair meus valores e aí, bem... Minha conta bancária fala melhor por mim.
Rapaz ... Como é difícil manter a coerência de posturas em
relação aos discursos.
Como é quase impossível sobreviver sem feridas dolorosas,
oriundas da descrença quase que generalizada, desta tal de ética que nos
discursos é aplaudida, mas amplamente rejeitada quando, aplicada à prática.
Sem esquecer do quanto somos considerados babacas,
fracassados e o escambau, já que não ostentamos cargos, títulos e prosopopeias
mil.
Como fazer entender
que alhos nada tem com bugalhos e que o fato de se apreciar um alguém, em
momento algum transforma o apreciador em um aniquilador da lógica do bom senso ou
em alvará permissivo, para que os olhos da mente se fechem ao inadequado que o
mesmo ostente por acaso, escolha ou porque na política, tudo é permitido?
Fala-se muito em mudanças desde que me entendo por gente e
até o momento em termos morais e éticos, elas existiram sim, mas infelizmente
sempre em escala descendente e quando, o assunto é política, não há qualquer
limites nos propósitos em infringi-la, pois até as leis se moldam as absurdas
aberrações posturais, o que dirá o povo na sua sempre alienação e vocação
submissa.
Penso que é difícil, limitador em quase todos os aspectos
sistêmicos e solitário, mas com certeza é a única forma de um alguém se sentir verdadeiramente
livre e isto, posso garantir é o mais poderoso elixir, capaz de garantir a paz.
E aí, adoro ouvir que gostam do que escrevo, pois, infla o meu
ainda vaidoso ego, mas sabedora lúcida de que, naturalmente, minhas palavras estejam
tão somente aplaudindo.
Na altura de meus muitos anos vividos e com a dor da perda
que ora sinto, não haveria de entrar nesta empreitada difícil e viciada, na tentativa
de galgar uma cadeira na Câmara de Vereadores, traindo os meus valores e
enganando em quem em mim deposita, uma certa confiança, justo pelo que escrevo
e falo e que, apenas espera de mim, DIGNIDADE JÁ!
Agora, finalmente, posso descansar. Boa noite!!!