Voa, voa e
voa, mente inquieta, na busca incessante do reviver de épocas que se foram, mas
que deixaram marcas companheiras de toda uma vida.
Nessas
lembranças a música sempre esteve presente na voz de grandes interpretes que a
cada ocasião, emprestaram o brilho de suas canções e, alguns deles, foram muito
marcantes como Luiz Miguel, Roberto Carlos, Frank Sinatra, Louis Armstrong, Whitney
Houston, Elis Regina, Elisete Cardoso, Fafá de Belém e tantos outros...
Também a
literatura fez o mesmo percurso, através das somatórias de letrinhas e
sentimentos de preciosas criaturas como Drummond, Rilke, Manoel Bandeira,
Neruda e muitos e muitos outros, abrindo espaço para o desenvolvimento natural
e absolutamente espontâneo de um coração livre e totalmente apaixonado pela
vida.
Na companhia
da música e da literatura, a menina de Ipanema cresceu meio que solitária em
seu particular mundinho de filha rapa do tacho de uma família classe média de
origem portuguesa que, trazia os conceitos muito arraigados de família,
decência e a visão limitada das posturas que uma mulher deveria ter no mundo.
O que fazer
então, com o espírito livre que desconhecia fronteiras, além de mantê-lo
liberto, sem qualquer amarra, vivenciando grandes aventuras poéticas e
musicais.
O fascínio
permanecia intacto frente as novidades que se apresentavam sistematicamente e
que, na maioria das vezes, adentrava despudoradamente por todo o ser, arrancando
arrepios, num frenesi de vida e liberdade.
E quando a adolescência
chegou, sem pedir licença, alterando o físico, abalando os hormônios, foi como
um vendaval que impiedoso, tudo questionava, apressando os sentimentos, num
giro do relógio biológico e emocional, levando a crer a cada instante, que o
tempo era mais rápido que o próprio pensamento no seu constante desejo de
produzir ações.
Aprisionada
atrás das barras dos conceitos e preconceitos, restava tão somente, a liberdade
das infindáveis viagens mentais que generosa, amiga e sempre parceira, encobria
as impossibilidades com o véu leve das perspectivas, dando a elas, brilho, cor
e sabores que ao longo do trajeto, aí sim, com os pés no chão, num labutar
diário, foram sendo identificados como reais e possíveis de serem sentidos, independentemente
de épocas ou condições favoráveis, pois foram delineadas meticulosamente com os
pincéis e as cores de uma palheta muito especial que foi sempre a palheta da alma,
que se formou gradativamente nas inspirações da natureza que, afinal, sempre
presente, também generosa, cedeu por todo o tempo o seu doce e cândido
gigantismo, transformando a menina em mulher aprendiz, aluna eterna do
cotidiano em sua complexa diversidade.
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