Hoje, domingo da Páscoa, acordei sem uma gota d’água nas torneiras de minha casa, o que é um transtorno considerável, já que nos 27 dias em que moro neste endereço, esta é a terceira vez que a bendita água some das torneiras durante dois, três e até quatro dias.
Este é um desabafo que se une a inúmeros outros que ouço e transmito através do programa diário que comando nos últimos quatro anos pela Rádio Tupinambá, confessando que somente agora, sentindo na pele, posso avaliar com absoluta realidade o que significa ficar sem água em uma cidade onde a temperatura média é de 26 graus.
O pior de tudo é esta sensação de total impotência, já que este é um problema que assola todas as regiões da cidade e como disse há tantos anos que a certeza de que nada será feito é definitiva, ficando as necessidades básicas de toda uma população, à mercê da boa vontade deste ou daquele gerente da Embasa que são simpáticos, mas absolutamente incapazes de solucionarem este crucial problema.
Então, a quem recorrer?
Ministério Público, através de uma ação pública, que agregue milhares de usuários que são desconsiderados por todo o tempo?
O que sei é que andorinha sozinha não tem feito seu próprio verão e que, talvez neste ano eleitoral, quem sabe um dos candidatos a qualquer cargo político, um líder comunitário ou mesmo um vereador empossado, possa de repente, pensar no bem comum como uma ferramenta prática em seus cotidianos e nos surpreenda abraçando esta causa que, certamente, poderá voltar-se a seu favor, neste ou naquele aspecto de seus interesses individuais, além de tirar de todos nós, esta sensação mutiladora de abandono social.
Talvez a própria Prefeitura, mesmo ciente de tratar-se de uma responsabilidade do Governo do Estado, queira fomentar a mobilização popular, deixando como legado maior desta gestão, um posicionamento não político, mas verdadeiro de interesse as causas aparentemente pequenas, mas que transtorna de forma absurda o cotidiano de cada munícipe desta bela e encantadora cidade de Itaparica.
Pelo menos neste aspecto social, seriam pioneiros, merecedores de todo o respeito, até mesmo dos adversários políticos que se despojando de seus partidarismos se uniriam em uma demonstração de coerência e respeito a todos nós, que neles, votaremos.
Tá certo que tudo que penso e escrevo, soa como um delírio em um país onde a mídia nos mostra através de fatos comprovados, infrações desmedidas, fazendo do Brasil, um celeiro de partidários cruéis, onde o que menos importa é o povo.
Todavia, manter as esperanças vivas e embasadas no que seja possível de ser realizado, é o único trunfo a que penso ter direito, nesta batalha dura de sobrevivência social.
Creio que não sou a única a ter uma visão de bem comum e a pensar o nunca exercido, caso contrário, não estaríamos presenciando o inédito desde 2012 com as atitudes também inéditas da Justiça, resgatando-nos a voz e o direito de exercermos nossos direitos, numa autêntica ceia Pascal de Fraternidade entre os poderes públicos, políticos e um tão sofrido povo brasileiro.
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