Estupefatos?
Depois de
meses ouvindo, vendo e lendo a respeito desta crise política, além é claro da
assustadora crise econômica, em minha ignorância de simplesmente ser uma
senhorinha do povo, chego à conclusão que todas as manifestações que nós, ao
longo deste tempo de investigações, disputas de poder, egos e etc. e tal,
viemos tendo, tão somente, transformou-se em absoluta indignação, porque fomos
obrigados a encarar nossa incapacidade em conviver com a realidade que, por
longos anos, para não falar décadas e até mesmo séculos, fizeram de nós,
cumplices silenciosos dos desmandos, roubalheiras e canalhices que não só
solaparam por todos os tempos as nossas instituições, como aliciaram nossas
condutas, transformando-nos em arremedos de espertinhos, sempre prontos a nos
darmos bem, numa cópia barata e, portanto, feia, mas consistentemente
convincente, pois tirou de nós a capacidade de enxergarmos o lógico, sobre o
prisma humano, onde o bem comum deveria ser a regra primeira da Democracia, a
qual apregoamos defender.
Não nos
habituamos a encarar a realidade dos fatos e fugimos deles como o diabo foge da
cruz, numa resistência absurda, fazendo-nos de cegos e surdos, como se eles
fossem punhais afiados que, de alguma forma, irá nos perfurar e, então,
fingimos que tudo vai bem, num esticar de cordas que transcende a razão.
Especialistas
econômicos há muito vem alertando de que a nossa economia descia rapidamente a
ladeira e que, certamente, os ônus chegariam aos nossos bolsos.
Mas e daí,
não é mesmo?
Afinal,
estávamos ganhando espaço social, destaque pessoal e intimo com a aquisição de
bens, até então impossíveis de serem sonhados e, em nossa frustração incubada,
estávamos chegando mais perto da famigerada elite que sempre nos explorou,
afinal, passamos a ser classe média.
Pois é...
E como se
tudo tivesse acontecido de uma hora para a outra, ficamos estupefatos, diante
dos bilhões desviados dos cofres públicos, e mais ainda, com a cara de pau
daqueles que admirávamos em seus ternos e sapatos importados, daqueles
eloquentes que nos levaram a crer que estavam cuidando de nós, dando-nos
finalmente a carta de alforria, com direitos a saúde, educação e dignidade
social e, principalmente, o perdão por tantos erros avaliativos e enganos
covardes por nós cometidos ao fecharmos a nossa mente e a nossa alma à nossa
compreensão maior em relação ao óbvio existencial que é o de sabermos
diferenciar o joio do trigo, numa troca doentia das estações de nossas próprias
sobrevivências.
É isso aí...
Estupefatos,
por que?
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