domingo, 4 de maio de 2014

SORRIR É PRECISO...


Pois é, o dia amanheceu e por incrível que possa parecer, nem os pássaros, que normalmente são meus guias inspiradores, foram capazes de levar-me a pensar em escrever algo que não seja minha total lamentação em relação à raça humana.
Sim, é verdade, às vezes como hoje, no limiar de uma depressão existencial, chego a pensar que já vivi demais, enxerguei desmandos demais e que para mim, basta.
Olho o relógio e são apenas sete horas desta manhã acinzentada e penso, então, que este tempo triste, sem o brilho exuberante do sol de que tanto necessito, provavelmente esteja corroborando para que eu me sinta assim, digamos, sorumbática e desejosa de poder fechar os olhos e, finalmente, encontrar um mundo melhor ou outra vida onde as pessoas sejam mais autênticas e, naturalmente, humanas.
Na minha lida diária, convivo tanto com os descontroles emocionais que permaneço mais tempo buscando não me contaminar do que propriamente produzindo meus incalculáveis projetos que, por todo o tempo, pululam em minha mente, por que afinal, sei bem o quanto cada um de nós, seres absurdamente dispersivos, somos capazes de realizar.
São sofrimentos que se traduzem em uma infinidade de posturas que não se camuflam como gostariam e que, gente como eu, receptores natos, absorve e imediatamente precisa exercitar o expurgo, num bailado de filtragem que se confunde com os afazeres, não sem ir desafiando a boa saúde mental e, principalmente, o humor que vai se enfraquecendo e abrindo passagem a um enfado destruidor que deprime e faz sofrer, e eu não gosto de sofrer.
Cultivar qualquer tipo de sofrimento não é natural em qualquer circunstância, afinal, a natureza sábia criou a noite e o dia exatamente para que pudéssemos compreender que entre um e outro, existe o intervalo do repouso, tempo suficiente para o recomeço, para as transformações e principalmente para o entendimento que sorrir é preciso.
 Uma brisa gostosa veio até a mim, num toque explícito, pois esta é uma das formas de comunicação utilizada pela vida para que acordemos de nossa inércia, afinal, a depressão é a inércia da alma, a preguiça da mente, o cansaço emocional, para tão somente fazer-me olhar através da janela para enxergar um frágil raio de sol que insistente se mostra nos galhos da mangueira.
Para você que me lê um raio de sol de esperança, um pássaro inspirador e a certeza absoluta que sorrir é preciso, pois afasta a dor, faz sorrir a alma.


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