Energia moral ante situações aflitivas ou difíceis, esta é a definição que o Dicionário Aurélio oferece, mas que na prática de seu uso se apresenta muito mais como uma inconsequência de qualquer natureza, fundamentada em interesses puramente pessoais, e que por se demonstrar corriqueiramente de forma caricata, vai deixando de causar o impacto inicial e passa a se tornar mais um tipo comum a ser observado e em alguns momentos, passa a ser engraçado, passando o mérito da coragem inicial, a tão somente um estereótipo de algo que não mais merece qualquer maior consideração.
As grandes figuras humanas que se eternizaram em lutas em favor da vida e dos direitos a ela em qualquer aspecto, jamais usaram como slogan pessoal o título de corajosos, mesmo aqueles que perderam suas vidas em prol das vidas alheias.
Não é possível lembrar uma só vez que personalidades mundialmente corajosas em suas atitudes e posturas, frente a muitas vezes o contrário de suas filosofias pessoais, se armaram da presunção e do egocentrismo para afirmarem que foram ou são corajosos, nesta ou naquela situação e mesmo nós, diante de seus feitos, achamos que foram ou são qualquer grande adjetivo, mas raramente os consideramos corajosos, pois mesmo de forma sublimada, compreendemos em nossos conscientes que elas tão somente foram criaturas determinadas e fiéis aos seus ideais sempre em prol dos demais e que pagaram ou receberam os ônus e os bônus, previstos ou inesperados.
Penso que se auto intitular de corajoso é tão somente para os firulentos, incapazes de produzirem como os autênticos destemidos que desde sempre compreenderam que com espadas e lanças, podem até vencer esta ou aquela batalha, mas jamais vencem qualquer guerra em seu todo, pois para tal, torna-se necessário a compreensão de que as diferenças e os contrários, sempre estarão presentes e, portanto, tê-los caminhando ao lado é sempre mais lógico e produtivo.
Alguém pensa ou menciona que Irmã Dulce, Guandhi, Tereza de Calcutá e tantas figuras humanas que verdadeiramente mudaram realidades existenciais, foram corajosos?
Novos e velhos conceitos de moral e ética, não são formados e conservados com coragem, mas com a dignidade que se imprime a eles.
Pensemos nisto, antes de ficarmos aplaudindo os firulentos, pseudos corajosos que sempre de plantão, estão por todo o tempo combatendo isto ou aquilo, sem que verdadeiramente se concentrem na construção ou restauração de algo.
O corajoso, aplaude, incentiva e faz crescer. O corajoso, discorda e em seguida se alia e se doa, corrigindo distorções, pois o corajoso compreende que fora do processo, seja ele qual for, em nada poderá opinar e muito menos interferir.
E estar dentro do processo é acima de tudo se arriscar na produção de ideias, acompanhadas de atos, pois uma consolida a outra e ambas fazem de verdade toda e qualquer diferença.
Que o nosso domingo seja de muita serenidade para que possamos enxergar os joios que infelizmente com suas "coragens inconsequentes", insistem em esconder as belezas dos trigais.
“ Não usemos bombas e nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso”
Madre Tereza de Calcutá
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