Hoje, ela estaria completando 93 anos e, certamente, ainda
estaria com o seu sorriso franco e sua forma sempre discreta de ser. Era uma
verdadeira dama, repleta de posturas adequadas sem, todavia, ser artificial ou
pernóstica.
Gosto de me lembrar de sua serenidade no trato com as situações
difíceis e de sua sensibilidade de comando na administração de nossa família,
fazendo questão de deixar as glorias dos sucessos como méritos de meu pai, e
este, sabia se gabar, na maior cara de pau.
Mas ela se foi muito cedo, com penas 48 anos, deixando nas
nossas lembranças, seus lindos cabelos negros que muito a incomodavam,
pois escorria sobre os olhos, não havendo grampos que os prendessem de tão
escorridos que eram.
Sinto até hoje não ter, como ela, meus cabelos lisos, mas em
compensação, herdei os olhos negros o sorriso largo e o gosto pela música
e a poesia.
Herdei também o gênio forte, o espírito mandão e o prazer de
escutar os sons do bendito silêncio, onde, então, o bater das asas do
beija-flor, são como vibrações sonoras da mais alta qualidade.
Herdei também a capacidade em amar a vida, acreditando que ela
não se acaba, tão somente se transforma, se transmuta e se renova em um ciclo
interminável, deixando sempre como legado, uma memória emocional, onde não
reside a consciência, existindo apenas uma continuidade de posturas e
sentimentos, fácil de identificar.
Saudades de Dona Hilda que supero em todas as vezes que me olho
no espelho e me abraço, pois sinto em mim, grande parte dela.
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